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18 August 2009

Site Manaus na Copa 2014

Conheça o site com informações e notícias a respeito do projeto de Manaus para a Copa de 2014. O site tem evoluído mas ainda tem muito a melhorar. Agracemos sugestões.

11 July 2009

O Homework do Turismo

Esta semana um amigo turista me relatou um triste evento: ele buscava tirar uma foto, no porto de Manaus, da marca mostrando que a atual cheia ultrapassou a de 1953.  Entretanto, ele foi impedido de tirar a foto pelos seguranças, duramente argumentando que apenas passageiros poderiam ter acesso àquela área.  Ele prontamente comprou passagens por R$4 para Cacau-Pirêra, imaginando ser este o preço para tirar as tais fotos.  Vil engano...  Assim que ele passou a catraca e se aproximou do local, o mesmo segurança, agora acompanhado, questionou se ele era um passageiro de verdade.  Caso não fosse, teria de se retirar imediatamente, mesmo tendo pago.  A estória vai além, mas interrompo aqui para ilustrar o quanto estamos despreparados para receber turistas em geral, e principalmente a torrente que virá com a Copa.

Turismo é um velho sonho amazonense.  Promessas de uma Disneylandia amazônica já fazem parte de lendas e imaginários da região.  Três são os aspectos principais de preparação para o turismo: infraestrutura, pessoal e promoção.  Abordemos um a um.

Infraestrutura.  Começemos pelo aeroporto -- avançamos um pouco no que diz respeito à recepção, com algumas melhorias pontuais no aeroporto, mas a verdade é que ainda se demora muito na chegada internacional ao Amazonas.  Nosso leque de opções internacionais mostra sinais de expansão: voos diretos para Atlanta, Miami, Panamá, Caracas e Bogotá tornam Manaus o centro definitivo de conexões do norte brasileiro.  Esta gama de voos gera um efeito de rede que tende a fortalecer ainda mais a infraestrutura aérea de Manaus.  Por exemplo, com o novo voo direto de Cuiabá a Manaus, mato-grossenses agora chegam em Miami em um total de 9 horas, ao invés de um total de 12 horas indo por São Paulo.

Em termos físicos, não basta o Teatro Amazonas e o Encontro das Águas para tornar-nos uma meca de turismo.  Algumas obras e itens recentes melhoram as condições de Manaus postular o título de cidade turística: um novo porto da CEASA, a construção do Centro Cultural dos Povos da Amazônia, a renovação da Praça da Polícia e Batalhão-Museu,  o PROSAMIM (que ao menos remove grande vergonha nossa) e a Ponte (que além de meio de transporte também é marco na orla).  Parte da infraestrutura também inclui o fortalecimento de festivais, desde os do interior, com especial destaque para Parintins, à implantação dos ônibus de turismo que proporcionam uma alternativa agradável de visita à cidade.  Como frentes atuais de trabalho temos a construção do estádio (com enormes possibilidades de atração turística) e entorno (que possibilita a criação de um novo centro comercial e social da cidade) e a revitalização do centro de Manaus (ponto de trabalho essencial para valorizar nossa história em meio à melhoria de vida da cidade).

Nesta frente dou especial destaque ao Museu da Amazônia (MUSA), na Reserva Ducke, onde sonha-se estabelecer um museu vivo, aberto, onde através de passarelas e exposições integradas na floresta o turista poderá aprender um pouco do que a ciência já conhece sobre a floresta.  Teremos lá o tão sonhado aquário, que permitirá vislumbrar o comportamento de uma piraíba debaixo d´água (sonho pessoal meu), além de muitas atrações ligadas ao conhecimento indígena e à botânica local.  Imagina-se meios de capturar imagens em tempo real da vida na floresta, desde os grandes movimentos até a vida dos insetos e formigas.  Durante a reunião da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) em _ a _ de julho, venha conhecer o protótipo do MUSA e dar sua contribuição.  Há aqui vasto campo para a iniciativa privada, desde a construção de novos hotéis ao estabelecimento de novas atrações turísticas; roubando o exemplo da Costa Rica, a iniciativa privada pode estabelecer teleféricos e rodas gigante em meio à floresta como forma de dar melhor vista da copa das árvores aos visitantes.

Quanto a recursos humanos, desde camareiras e cozinheiros a guias e gerentes, precisamos avançar no que diz respeito à prestação de serviços (desde serviços específicos a temas mais genéricos como o bom atendimento a clientes, vide primeiro parágrafo).  Línguas estrangeiras, principalmente o inglês, são essenciais para participar das oportunidades deste mercado.  Nos próximos meses devemos anunciar a estruturação de frentes de trabalho voltadas à Copa, mas você não deve esperar pelo Governo, se adiante e vá se preparando.

No que diz respeito à promoção, temos a marca Amazônia, talvez das melhores do mundo.  Temos como estado um histórico muito bom de redução de desmatamento e a reputação de melhor ponto de partida para a floresta.  Recentemente avançamos com um novo site de turismo, encorajo a todos que visitem o www.visitamazonas.am.gov.br; a internet é sem dúvida o novo campo de batalha de marketing de destinos, dentre os quais destaco a Costa Rica como o mais competente.

Sonhamos com um futuro melhor ligado à Copa.  Pairamos hoje sobre uma prancheta, mirando no horizonte e desenhando o que parece ser uma miragem.  Aperte sua visão, enxergue melhor sua miragem pessoal, rabisque-a e aperte o passo que 2014 se aproxima (faltam apenas 254 segundas feiras até o primeiro jogo).

25 June 2009

As Contas da Copa - Manaus

Gostaria inicialmente de saudar os críticos e as críticas recebidas durante as últimas duas semanas, a respeito da decisão de demolir o Vivaldão.  Aceitamos estas críticas na certeza de que são feitas com as melhores das intenções.  

O Projeto Copa 2014 é um projeto complexo, no qual algumas decisões foram tomadas baseadas nas melhores estimativas disponíveis.  Com a decisão de localização do estádio foi assim.  Basicamente, nosso estádio e entorno deve custar aproximadamente R$500 milhões -- nossa estratégia frente a FIFA para ser uma cidade selecionada foi de fazer um estádio único, com espírito amazônico (dado o desenho de cesta indígena), o que certamente onera o projeto.  Para contrabalancear estes custos, consideramos três itens adicionais: 1) a valorização do entorno do estádio, que em grande parte já pertence ao estado, o que pode ser vendido ou concedido com grande rentabilidade, especialmente considerando-se a ótima localização do empreendimento na geografia de Manaus, 2) a venda de direitos de marketing (conhecidos como naming rights) sobre um estádio que é central na cidade e é visto constantemente no dia-a-dia de todos e 3) a possibilidade da criação de um grande centro comercial, a rivalizar com os grandes shoppings da cidade, acoplado ao estádio, o que só seria possível se o estádio estiver em local de grande circulação da cidade.

Em suma, devemos sim gastar mais demolindo o Vivaldão e construindo um novo estádio no mesmo local, entretanto recuperaremos parte deste gasto com valorização imobiliária, marketing e centro comercial.  Fazer o estádio em outra localização não permitiria usufruir com tanta intensidade destes três benefícios.  Algumas vantagens adicionais incluem o plano de passagem do novo meio de transporte público (seja VLT ou monotrilho) na Constantino Nery e a economia com a manutenção do Vivaldão atual (este sim, sem nenhuma viabilidade econômica).  Não foi uma decisão simples e certamente envolve um número de riscos.  Lembre-se que esta decisão foi tomada em meio a uma disputa ferrenha sobre qual cidade seria escolhida para a Copa; Belém, por exemplo, optou por um projeto bem menos imponente e complexo.

Gostaria, além de dar estas explicações, de estimular o debate e a reflexão a respeito da Copa.  Além de uma oportunidade de renovação física de nossa cidade, por que não buscar uma renovação espiritual?  Num momento em que o Brasil adota uma postura mais proativa no mundo, num momento em que o Amazonas ganha importância não só ambiental mas também econômica, num momento em que nossa democracia se solidifica com um governante forte que aceita a alternância de poder, nós também precisamos assumir mais responsabilidades.  Estas responsabilidades vão desde se preocupar com as armas nucleares na Coréia do Norte com a sujeira de Sarneys e Agacieis no Senado Federal.  Nossas responsabilidade como cidadãos são de monitorar tanto os direitos humanos, sejam eles com genocídio no Sudão ou com prostituição infantil em Parintins, quanto o uso do dinheiro público, seja ele no Senado Federal com atos secretos ou com qualquer projeto estadual ou municipal, inclusive os relacionados à Copa.  



13 June 2009

Copa 2014 em Manaus. Passa a festa, e...

Copa 2014. Passa a festa, entra a segunda-feira

A Fifa confirmou, há duas semanas, a indicação de Manaus como sede na Amazônia da Copa de 2014. Depois de um domingo de comemorações, chegou a segunda-feira e a realidade da imensidão do projeto. No dia 8 de junho tivemos o primeiro evento, na CBF, no qual cada cidade teve suas atividades e cronogramas avaliados.  Itens principais de interesse da FIFA e CBF neste momento são energia, telecomunicações, mobilidade urbana e transportes, além do planejamento do estádio.  


Na frente de energia, Manaus tem notórios problemas que devem ser resolvidos com a entrada em operação do gasoduto (2010) e com a construção do Linhão de Tucuruí (2012).  Nas telecomunicações, a Oi traz nova fibra ótica a Manaus em 2010 (vindo da Venezuela), além de interligações adicionais da Vivo (via Santarém) e a possibilidade de uma fibra ótica nova passando pelo Linhão de Tucuruí.  Na mobilidade urbana, apresentamos dois projetos em conjunto com a Prefeitura, de melhoria do sistema atual (ônibus) e de implantação de novo sistema (elevado ou no solo) de metrô.  Nos transportes, focamos principalmente no aeroporto, que hoje atende mais de 2 milhões passageiros / ano e que deverá ser expandido, com pista adicional, mais pontos de embarque e mais espaço para atender mais de 4 milhões de passageiros / ano, capacidade estimada necessária para atender bem aos turistas durante a Copa.  Em suma, Manaus aponta soluções para todas as grandes preocupações da FIFA; resta-nos executá-las bem.  


Por último, o estádio.  Buscamos junto aos arquitetos desenhar o mais belo estádio da Copa, com espírito amazônico.  Na busca de amortizar custos, estuda-se a possibilidade de criação de um grande centro comercial e de entretenimento, aproveitando o fluxo já existente na Constantino Nery adicionado da possível principal estação do metrô, com a disponibilidade grande de áreas para desenvolvimento imobiliário no próprio complexo.  Já tivemos um grande número de questionamentos a respeito de desapropriações; para a construção do estádio e centro comercial (que é de urgente evolução), nossos estudos até o momento indicam que não há necessidade de desapropriação.  Outros desenvolvimentos imobiliários que venham a acontecer no futuro podem demandar desapropriações.


Quatorze dias após o anúncio de Manaus na Copa 2014, segue uma breve prestação de contas do que se passa em nossa organização:


1. Inicia-se a construção do centro de convenções que será anexo ao estádio, onde hoje se localiza o estacionamento do estádio.  Esta licitação já havia sido feita há alguns meses, dotada em parte de recursos federais.

2. Conclui-se a negociação da contratação da Deloitte, firma de consultoria que nos auxiliará no planejamento e acompanhamento das 26 frentes de trabalho. Em especial, focarão em tornar o empreendimento imobiliário como um todo o mais atraente possível para a iniciativa privada.

3. Assina-se no Confaz (Conselho de Secretários de Fazenda nacional) convênio de não-tributação da Fifa (exigência da FIFA).

4. Readequa-se projeto do centro esportivo da Zona Norte e da Colina para servir de centro de treinamento durante a Copa.

5. Reafirma-se na reunião realizada no dia 8, na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o compromisso do Governo do Amazonas de promover os investimentos necessários para a realização do evento.

6. Discute-se com a Casa Civil qual a entidade que deve ser criada para cuidar do projeto Copa e como ele deve ser constituído para garantir máxima transparência e boas práticas de gestão.  Estudamos a formação de conselho de notáveis para supervisionar a execução de obras, o andamento do planejamento e gastos como um todo.  


São as primeiras atividades de centenas ou milhares até 2014. A jornada pode parecer longa, mas há apenas 258 segunda-feiras até o primeiro jogo da Copa.


02 June 2009

Copa 2014 em Manaus. Passa a festa, entra a segunda-feira.

A FIFA fez há dois dias a escolha de Manaus para sede na Amazônia da Copa de 2014.  Depois de um domingo de comemorações, chega a segunda-feira e a realidade da imensidão do projeto.  Dia 8 de junho já temos o primeiro evento, no qual cada cidade terá suas atividades e cronogramas avaliados.  Dois dias após o anúncio de Manaus na Copa 2014, segue uma breve prestação de contas do que se passa em nossa organização:

1. Inicia-se a construção do centro de convenções que será anexo ao estádio, onde hoje se localiza o estacionamento do estádio.
2. Termina-se a negociação da contratação da Deloitte, firma de consultoria que nos auxiliará no planejamento e acompanhamento das 26 frentes de trabalho.  Em especial, eles são responsáveis pelo desenho do estádio que o torne mais atrativo para a iniciativa privada (com áreas para hotelaria, centro comercial, etc.).
3. Assina-se no CONFAZ (Conselho de Secretários de Fazenda nacional) convênio de não-tributação da FIFA (exigência da FIFA).
4. Readequa-se projeto do centro esportivo da Zona Norte para servir de centro de treinamento durante a Copa (precisaremos de um total de 4, dos quais um será a Colina).
5. Prepara-se o cronograma para apresentação à CBF e FIFA em reunião no dia 8.
6. Discute-se com a Casa Civil qual a entidade que deve ser criada para cuidar do projeto Copa e como ele deve ser contituído para garantir máxima transparência e boas práticas de gestão.

São as primeiras atividades de centenas ou milhares até 2014.  Longa jornada pela frente, na qual teremos apenas 261 segunda-feiras até o primeiro jogo.  

30 May 2009

O dia da decisão - Manaus 2014

Hoje é um dia diferente dos outros.  Todos os dias somos indivíduos; hoje somos cidade.  Todos os dias vivemos na cidade; hoje nos orgulhamos dela.  Todos os dias avançamos passo a passo; hoje saltamos.  Todos os dias nossa cidade é nossa companheira; hoje é nossa filha.  

Às 1430 horário Manaus a FIFA fará uma coletiva de imprensa na qual serão anunciadas as 12 cidades sede da Copa de 2014.  Torcemos para que sejamos declarados anfitriões do maior evento do mundo.  

Nunca foi tão justo declarar tremendo orgulho de ser amazonense e manauara.  Olhemos um instante ao passado.  Construímos uma cidade que, com todas as imperfeições, está dentre as principais do Brasil.  Quem diria, nos idos de 1930, em meio ao colapso da borracha, que um dia nos recuperaríamos.  Quem diria, nos idos de 1990, em meio a um pólo industrial ferido, que nos recomporíamos.  O fizemos, avançamos com as escolhas positivas de cada cidadão: a cada amazonense buscando a universidade, a cada ato de gentileza, justiça e caridade, com cada pai e mãe sentando para educar seus filhos, com cada dia de trabalho.  É triste mas importante lembrar que também retrocedemos com cada roubo, propina e ato de injustiça e grosseria.  Demos as boas vindas a todos, incluindo cearenses, paraenses, japoneses, americanos, ingleses, paulistas, chineses, sírio-libaneses, portugueses, judeus, peruanos, coreanos e paranaenses, dentre muitos outros que se juntaram aos habitantes originais indígenas. 

No presente, nos reunimos para possivelmente extravasar por um instante.  Estaremos em vigília no estacionamento do Vivaldão, você convidado.  A candidatura de Manaus, é importante lembrar, contou com o apoio de todos, sem excessões: sociedade civil e governos, situação e oposição, capital e trabalho.  Neste momento estático de nosso destino, estamos juntos.

A partir de agora é natural e desejável que haja mais divergência (no caso de sermos selecionados cidade-sede), dado que as decisões afetarão a todos e vivemos em democracia.  Temos muitas decisões importantes a serem tomadas: como revitalizar o centro histórico, como melhorar a mobilidade urbana, como planejar o outro lado do rio, são perguntas que figuram entre as 26 frentes de trabalho exigidas pela FIFA para uma cidade sede.  Apenas para conhecimento, listo os 26 requisitos: estádio, entorno, transporte público, centros de treinamento, parque de eventos FIFA, infra-estrutura de suporte, tecnologia de informação, acomodações, turismo, marketing, embelezamento, saúde publica, gerenciamento de riscos, eventos FIFA, segurança, legislação, voluntariado, sustentabilidade, gerenciamento de custos, eventos de negócios, portos e aeroportos, suprimentos, cultura, legados, coordenação local e financiamento.  

Ao mesmo tempo em que decidimos democraticamente nosso futuro coletivo nestas 26 frentes, há frentes de trabalho pessoal.  Talvez não sejam tão numerosas, mas definitivamente são mais importantes.  Desde o lixo nos igarapés e roubos residenciais ao pagamento de propinas e não-exigência de nota fiscal, a responsabilidade é tanto do Governo quanto dos cidadãos.  Destaco entretanto um requisito principal para que sejamos em 2014 e no futuro além, a cidade que queremos ser: o caráter de nossas crianças.  Pais se preocupam muito (e corretamente) com a formação acadêmica e profissional de seus filhos, sempre na busca de que os filhos sejam mais que os pais.  É confortante escutar de alunos na UEA ou outras universidades que eles são o primeiro da família a ter curso superior; certamente não serão o último.  Entretanto, ética e bondade não estão só ligadas com o volume de educação acadêmica que uma pessoa recebe; valores são muito mais profundos e em geral transmitidos por pais.  Temos então perguntas: quanto tempo você gasta com seus filhos lhes transmitindo bons valores éticos?  Você repreende seus filhos por um ato de egoísmo com a mesma severidade que trata uma nota baixa na escola?  De respostas corretas depende nosso futuro como cidade.

Queremos uma Manaus nova para receber a Copa.  É justo que você participe da concepção e execução desta nova cidade.  Mas você tem deveres hoje também, alem de não conduzir bêbado de alegria.

14 February 2009

Aprenda inglês para receber o Beckham

Vai-se já uma semana da visita da FIFA a Manaus, período durante o qual tivemos uma chuva de celebrações e otimismo.  Entramos o século XXI de pé direito; no período de dois meses temos, além da FIFA, a visita do Principe Charles, do vice-presidente da China (e provável próximo presidente) e dois shows internacionais de grande magnitude (Alanis e Iron Maiden).  Nos encontramos ao cabo de seis anos de grande crescimento econômico (mais de 9% ao ano em média) que foram complementados por seis anos de desmatamento reduzido (a menos de 500km2 em 2008, ou 0,03% de nosso território). Novos shoppings, novos prédios, novos voos internacionais, novas empresas sugiram no horizonte amazonense neste período.  Muitos saíram da pobreza, tiveram a carteira assinada pela primeira vez, entraram na economia formal, mudaram-se de igarapés, aprenderam a ler.

Por outro lado, ainda temos a internet mais cara do país e mais de vinte municípios do interior não têm cobertura de celular, para citar apenas dois ítens essenciais de uma economia do futuro.  Questões de infra-estrutura, felizmente, se corrijem em relativo curto espaço de tempo.  A licitação de 3G obrigou as empresas de telefonia de alcançar as áreas urbanas de todos os municípios do Brasil até 2010 e o investimento para ligar Manaus à Venezuela por fibra ótica já tem seu orçamento aprovado dentro da Oi/Brasil Telecom, para implantação até 2010 também (e tornar Manaus uma das melhores internets do Brasil).  Uma outra frente, a humana,é mais complicada.  Na abençoada possibilidade de o Amazonas sere selecionado sub-sede da Copa de 2014, estimamos a necessidade de recrutar 10 mil voluntários para ajudar na organização do evento.  Neste momento nos deparamos com dois desafios: inglês e voluntariado.

É importante que os voluntários falem inglês.  Há inúmeras oportunidades de se fazer cursos de inglês, privadas e estatais, mas a verdade é que ainda há poucos que persistem e completam uma formação em língua estrangeira.  Somos um pólo turístico de enorme potencial, mas um forte gargalo é o volume de pessoas treinadas para receber turistas, de cujo treinamento o inglês é central.  É apenas simbólico que precisamos de voluntários que falem inglês para a Copa.  Um diretor hoje no Distrito Industrial precisa falar inglês em meio a indústrias cada vez mais internacionais.  As novidades vindas de quaisquer campos do conhecimento humano em geral saem primeiro em inglês.  Se você fala inglês, visite hoje o Elance.com e veja as inúmeras oportunidades de ganhar dinheiro hoje prestando serviços do seu computador a pessoas da Rússia à China.  Os bons empregos de 2020 exigirão a língua.

Outro fator é o voluntariado.  É comum em outros países que trabalhadores de tempo integral ainda mantenham alguma atividade de ajuda à comunidade, talvez aos sábados ou à noite.  Há belíssimas exceções, sem dúvida; se você já o faz, peço perdão pela crítica, mas em geral temos um baixo volume de voluntários, para não mencionar os anti-voluntários (que jogam lixo nas ruas, pixam paredes, dirigem enfurecidos, etc.).  Há muitas oportunidades de voluntariado, desde igrejas a asilos e orfanatos.  

É importante lembrar que o Governo que temos é um reflexo de quem somos.  Avançamos sem dúvida nos últimos anos, mas eis aqui duas frentes que podem avançar mais.  Resta saber se você não vai receber o Beckham porque ele ficou muito velho para 2014 ou porque você ficou só no "What's your name?" das aulinhas.

24 January 2009

A Esperança da Copa em Manaus

O Amazonas formalizou junto à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no dia 15 de janeiro, a candidatura de Manaus como uma das subsedes da Copa 2014.  Gostaria então de esclarecer do que consiste nossa candidatura.

O material apresentado no dia 15 consiste do projeto básico do estádio e entorno, dentro das especificações exigidas pela FIFA.  A FIFA tem um enorme rol de exigências incluem, por exemplo, o número de vagas de estacionamento, as condições acústicas do estádio, a quantidade de lúmens (medida de iluminação) por metro quadrado de campo, o ângulo de visão de todos os torcedores, as condições de espaço para mídia, a qualidade das telecomunicações e backups no estádio, a qualidade da energia elétrica produzida e redundâncias, espaços para patrocinadores FIFA, dentre muitos outras. O trabalho efetuado foi de altíssima qualidade por equipes que incluíram a SEPLAN, SEJEL e SEINF, contemplando todos estes requisitos.  Contamos também com a colaboração das duas administrações da Prefeitura de Manaus e da empresa de consultoria Deloitte (, que assessa hoje a África do Sul na condução da Copa de 2010.

Essa é, sem dúvida, uma iniciativa ousada.  O principal investimento público é o estádio e seus arredores; este contempla reformas e repaginações que vão desde a Vila Olímpica até a Constantino Nery, no que se tornaria um grande centro de entretenimento e lazer para Manaus com restaurantes e lojas, parques e estacionamento, com volume estimado de investimentos de cerca de R$500 milhões. Este investimento contempla também investimentos no sambódromo com FAN Park, área de exigência da FIFA para que público não pagante de até 30 mil pessoas possa assistir os jogos em telões com conforto, e investimentos em infra-estrutura receptiva de VIPs e patrocinadores da FIFA.   

Outras intervenções públicas são avaliadas, especialmente no segmento de transporte público.  O estado tem hoje dois estudos, um voltado a melhorias no transporte público de ônibus (pela Poyry,http://www.poyry.com) e outro voltado à possibilidade de um VLT em Manaus (Veículo Leve sobre Trilhos) pela PricewaterHouse (http://www.pwc.com).  São estudos preliminares que têm sido discutidos com a equipe da Prefeitura para definir em conjunto a melhor estratégia para Manaus.

Além de investimentos estaduais, existe a grande possibilidade de investimentos federais ligados a um evento como a Copa do Mundo.  É certo que o Governo Federal deve prestar especial atenção às 12 cidades selecionadas, em busca de se certificar de que estas têm a capacidade de bem acolher os torcedores e tornar esta uma das melhores Copas do Mundo da história.  Em Manaus, investimentos significativos no aeroporto e em energia podem ser adiantados para contemplar o evento.

Em conjunto com o investimento público, temos também um volume de investimentos privados esperado em conexão com o evento; em um momento com este quando o capital privado se encontra retraído dado o cenário internacional de crise, um atrativo como subsede da Copa pode dar renovado fôlego ao nosso crescimento econômico.  Setores como construção civil, hotelaria e serviços em geral devem ser os maiores beneficiados.  

Temos muitos itens em nosso favor no processo de seleção.  O principal, entretanto, é o nosso meio ambiente.  Em um momento em que o mundo se preocupa cada vez mais com mudanças climáticas, temos no Amazonas um exemplo de conservação com sucesso econômico.  Contemple-se nossa taxa de desmatamento anual de menos de 500 km2, versus mais de 5 mil de nosso vizinho concorrente no ano de 2008.  Oferecemos também à FIFA a possibilidade de patrocínio de uma reserva florestal no Amazonas, nos moldes da reserva adotada pela cadeia de hotéis Marriott.  Dada a importância que a FIFA dá ao "Green Goal" (Gol Verde), acreditamos que nosso projeto oferece o maior legado que quaisquer Copa pode deixar ao mundo, na forma de conservação de serviços ambientais e seqüestro de mais de 1,5 milhões de toneladas de carbono (estimativa das emissões ligadas à Copa de 2006 na Alemanha).  Outros itens, apesar de ainda não em níveis ideais, como hotelaria e segurança pública, têm indicadores que pesam a nosso favor quando comparados com a maioria das demais cidades candidatas.

 

Torçamos, nos unamos e rezemos, que a decisão, em março, está próxima.

26 September 2008

FIFA World Cup 2014 in Manaus

Interview granted to the consulting firm Deloitte for the magazine Mundo Corporativo regarding the preparation of Manaus for the World Cup 2014.

 

- What is the state of Amazonas doing to prepare itself for the World Cup in 2014? Where are the main efforts concentrated?

Amazonas seeks to prepare itself for the future. The World Cup is an event in this future that we seek. We have a series of actions of improvement of management in this direction, amongst which I will point out:

1.       Implementation of ISO 9000 in agencies of the State Government, at a rate of 10 agencies per year.

2.       Professional conscription of managers for positions which require great reliability; searching for better qualifications and experience.

3.       Variable remuneration of managers, initially in Education (we base the remuneration of directors of school off of the results of the school in the ENEM on the previous year, for example), followed by Public Security and Health.

4.       Establishment of quotas of training for state server, with year to year increments.

These efforts of the management already start to show the first fruits, such as the advancement of the state in the ENEM (it was the third largest improvement of grades of 2006 to 2007), in the area of public security (reduction in the number of homicides of 2006 to 2007), in health (reduction in the number of cases of malaria by more than 40% of 2006 to 2007) and in collections (that have practically folded between 2002 and 2007.) These advances prepare the state for imminent challenges, of which include the World Cup.

This increase in collection, which to a large extent had been due to the good performance of the industrial pole region of Manaus and the combat against the evasion of taxes by the Secretaria da Fazenda (tax collecting agency), has been allowing the State plenty of investment in some priority sectors such as sanitation. Manaus was a city cut by several small rivers, on which thousands lived without infrastructure, amongst filth and disease. The project of sanitation and cleanliness of these rivers, that had already changed this aspect of the city, should be concluded in 2012, opening new ways of transport in the city (with streets along the rivers) and providing better living conditions. Also we have important advancements in Science and Technology, with the state investment in the northern region being larger than the investment of the CNPq. The countryside of Amazonas is the poorest area of the state, but today we have 15 a thousand students in the countryside in superior courses through the State University of Amazonas; this is equivalent to almost 1% of the population where today not even 0.5% have had university instruction.

Finally, today we have the assessments of Deloitte in assisting with the crafting of plans that take care of the enormous amount of requirements of FIFA, joining all the efforts of the state in the direction of showing to FIFA, to the Ministry of the Sports, CBF and Brazil as a whole the merit of Manaus as one of the headquarters. Deloitte has the experience acquired in Germany and South Africa and that is being applied in its fullness in Manaus to show with clarity the qualities that Manaus can offer the Cup.

 

- What would be the differential of the state in the dispute with others?

The environmental aspect certainly differentiates us. In 2002, we had deforestation of 1.550 km2; in 2007 it was 753 km2, less than half. It is a tax of 0,05% per year, dramatically better than the rest of Brazil and historically better for our state. We did this by a series of governmental actions with an aim to value the uncut forest, which ranges from the establishing of minimum prices for sustainable products (such as rubber, oil of andiroba and copaíba, amongst others) to the payment of the Bolsa Floresta for families in the countryside where there can be no identified deforestation by satellite. The state has a clear strategy of saying “no” to the growth of some economic segments as cattle, soy and sugarcane. We have the conception that strategy requires saying “no” to potential segments to focus on what we want to be: a state of tourism, clean industry and energy, environmental services, use of natural resources with technology and sustainability, and with a strong economy of services.

Moreover, we have in Manaus the economic strength of the state, with the third highest per capita GDP amongst Brazilian capitals, and with low indices of crime. It is a cosmopolitan city, with direct flights to five countries (U.S.A., Panama, Colombia, Venezuela and Ecuador), with reputable festivals (of Jazz, Cinema, Opera and Theater beyond the Boi-Bumba in Parintins) and enormous cultural diversity (from the Japanese, to the people from the state of Ceará of the Rubber Battle, to aboriginal peoples, to the English, Arabs and Jews of the rubber circle, amongst many other peoples.)

 

- Some specialists affirm that one of the main questions is to plan the after-Cup, that is to say, to make sure that investments made in infrastructure are economically viable - for companies and governments - and used to benefit the population. In the case of Amazonas, what is the best way to carry out this task? How can or must this be done? Do you remember any positive example, in Brazil or internationally?

Some of the investments we will need to execute will have long lasting impacts, such as a possible surface metro system. Other investments are directed to back the event, such as the designing of the Stadium and complex, with public areas for entertainment. The requisites of FIFA make many demands that, if to think properly, we would eventually have to make regardless, then one of the important impacts is speeding up the implementation of improvements and, why not, of the future. Our focus today, 6 years before the Cup, is in the investments that are independent from the Cup, but that are essential for its execution. Today, we are working with the team of Deloitte to identify other investments we can pursue in such a way to meet the requirements of the FIFA as well as improve the living conditions in Amazonas.

__________

Denis Benchimol Minev is the Secretary of Planning and Economic Development of Amazonas since 2007. He is a graduate of Economics from Stanford University, with a Master’s Degree in International Studies and a MBA from Wharton School. He previously worked as a Financial Analyst at Goldman, Sachs & Co. from 1999 to 2001 and as a Financial Manager of a local group from 2003 to 2006.

28 August 2008

Copa 2014 em Manaus

Entrevista concedida à consultoria Deloitte para a revista Mundo Corporativo a respeito da preparação de Manaus para a Copa do Mundo de 2014.


- O que o estado do Amazonas está fazendo para se preparar para a Copa de 2014? Onde estão concentrados os principais esforços?

O Amazonas busca se preparar para o futuro. A Copa é um evento neste futuro que buscamos. Temos uma série de ações de melhoria de gestão neste sentido, dentre as quais destaco:

1. Implantação de ISO 9000 em órgãos do Governo Estadual, ao ritmo de 10 órgãos por ano.

2. Recrutamento profissional de gestores para cargos de confiança, buscando melhores qualificações e experiência.

3. Remuneração variável de gestores, inicialmente na Educação (baseamos a remuneração de diretores de escola no resultado da escola no ENEM em relação ao ano anterior, por exemplo), seguindo para Segurança Pública e Saúde.

4. Estabelecimento de cotas de treinamento por servidor estadual, com incrementos ano a ano.

Estes esforços de gestão já começam a mostrar os primeiros frutos, como o avanço do estado no ENEM (foi o terceiro maior avanço de notas de 2006 para 2007), nos índices de segurança pública (redução no número de homicídios de 2006 para 2007), na saúde (redução no número de casos de malária em mais de 40% de 2006 para 2007) e na arrecadação (que praticamente dobrou entre 2002 e 2007). Estes avanços preparam o estado para os desafios à frente, o que inclui a Copa do Mundo.

Este aumento de arrecadação, em grande parte devido ao bom desempenho do Pólo Industrial de Manaus e do combate à inadimplência da Secretaria de Fazenda, têm permitido ao Estado investimento vultoso em alguns setores prioritários como saneamento. Manaus era uma cidade cortada por inúmeros pequenos rios, sobre os quais milhares moravam sem infra-estrutura, em meio ao lixo e doença. O projeto de saneamento e limpeza destes rios, que já mudou o aspecto da cidade, deve ser concluído em 2012, abrindo novas vias de transporte na cidade (com ruas ao longo dos rios) e proporcionando melhores condições de vida à população. Também temos importantes avanços em Ciência e Tecnologia, com o investimento estadual superior ao investimento do CNPq em toda a região norte. O interior do Amazonas é a área mais carente do estado, mas hoje temos 15 mil estudantes no interior em curso superior através da Universidade Estadual do Amazonas; isto equivale a quase 1% da população onde nem 0,5% tem curso universitário hoje.

Por último, temos hoje a assessoria da Deloitte nos auxiliando na confecção de planos que atendam a enorme quantidade de requisitos da FIFA, juntando todos os esforços do estado no sentido de mostrar à FIFA, ao Ministério dos Esportes, à CBF e ao Brasil como um todo o merecimento de Manaus como uma das sedes. A Deloitte tem a experiência adquirida na Alemanha e África do Sul e que está sendo aplicada na sua plenitude em Manaus para mostrar com clareza as qualidades que Manaus pode oferecer à Copa.


- Qual seria o diferencial do estado na disputa com outros?

O tema ambiental certamente nos diferencia. Em 2002, tivemos desmatamento de 1.550 km2; em 2007, foram 753 km2, menos da metade. É uma taxa de 0,05% ao ano, dramaticamente melhor que o resto do Brasil e o histórico do próprio estado. Fizemos isso com um conjunto de ações de governo que busca valorizar a floresta em pé, que vai desde o estabelecimento de preço mínimo para produtos sustentáveis (como borracha, óleo de andiroba e copaíba, dentre outros) ao pagamento do Bolsa Floresta para famílias no interior onde não se identifique desmatamento via satélite. O estado tem uma estratégia clara voltada a dizer não ao crescimento de certos segmentos como pecuária extensiva, soja e cana de açúcar. Temos a concepção que estratégia requer dizer não a segmentos de potencial para focar naquilo que queremos ser: um estado de turismo, de indústria e energia limpas, de serviços ambientais, de utilização de recursos naturais com tecnologia e sustentabilidade, com uma economia de serviços forte.

Além disso, temos em Manaus a pujança econômica do estado, com o terceiro mais alto PIB per capita dentre as capitais brasileiras, com baixos índices de criminalidade. É uma cidade cosmopolita, com vôos diretos para cinco países (EUA, Panamá, Colômbia, Venezuela e Equador), com festivais de renome (de Jazz, Cinema, Ópera e Teatro além do Boi Bumba de Parintins) e uma enorme diversidade cultural (desde o japonês, ao cearense da Batalha da Borracha, aos povos indígenas, aos ingleses, árabes e judeus do ciclo da borracha, dentre muitos outros povos).


- Alguns especialistas afirmam que uma das principais questões é planejar o pós-Copa, ou seja, viabilizar os investimentos em infra-estrutura fazendo com que eles sejam economicamente viáveis – para empresas e governos - e aproveitados pela população. No caso do Amazonas, qual a melhor maneira de realizar esta tarefa? Como isso pode ou deve ser feito? O senhor lembra de algum exemplo positivo, no Brasil ou no exterior?

Existem alguns investimentos que precisaremos executar que têm impactos amplos, como um possível metrô de superfície. Outros investimento são mais voltados ao evento, como o desenho do Estádio e entorno, com áreas públicas para entretenimento. Os requisitos da FIFA fazem muitas exigências que, se pensarmos bem, eventualmente teríamos de fazer de qualquer forma, então um dos importantes impactos é acelerar a implantação de melhorias e, por que não, o futuro. Nosso foco hoje, 6 anos antes da Copa, é nos investimentos que independem da Copa, mas que são essenciais para sua execução. Estamos hoje trabalhando com a equipe da Deloitte para identificar que outros investimentos podemos adiantar para tanto sanar os requisitos da FIFA quanto melhorar as condições de vida no Amazonas.

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Denis Benchimol Minev é secretário de planejamento e desenvolvimento econômico do Amazonas desde 2007. É formado em economia pela Stanford University, com mestrado em Estudos Internacionais e MBA pela Wharton School. Trabalhou anteriormente como analista financeiro da Goldman, Sachs & Co. de 1999 a 2001 e como diretor financeiro de um grupo local de 2003 a 2006.