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30 June 2009

Carta dos Governadores da Amazônia ao Presidente

Veja no link abaixo Carta dos nove governadores da Amazônia ao Presidente da República, adotando posição conjunta a respeito do tema de créditos de carbono florestais. Busca-se assim uma modificação da posição do Itamaraty, que até hoje rejeita que a Amazônia receba créditos por sua preservação. Incentivos econômicos positivos pela preservação são essenciais para a construção da Amazônia que se quer: não só conservada mas também próspera.

26 June 2009

Carta de Palmas (TO) - V Fórum de Governadores da Amazônia Legal

Nós, Governadores dos Estados que compõem a Amazônia Legal - Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, reunidos em Palmas, capital do Estado do Tocantins, considerando a atual crise mundial e seus reflexos sobre a economia brasileira, que reduziu receitas e capacidade de investimento, cientes de nossas responsabilidades sociais e comprometidos com o destino soberano de nossa região, destacamos:

1- A inclusão no âmbito do PAC o Projeto de Estradas Vicinais para a Amazônia PREVIA, dando ênfase à transferência expedita e desburocratizada dos recursos para a execução pelos Estados ainda no verão amazônico de 2009.


2- A criação imediata de grupo de trabalho composto pelos Ministérios de Relações Exteriores, Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente e Assuntos Estratégicos, em conjunto com os nove estados da Amazônia, para rever a posição brasileira e elaborar proposta para remuneração por serviços ambientais, em conformidade com os seguintes fundamentos: i) os pagamentos devem ser destinados aos titulares das terras; ii) o conhecimento científico e a capacidade de monitoramento são suficientes para alcançar os patamares de transparência da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Mudanças do Clima - UNFCCC; iii) mecanismos flexíveis são cruciais para gerar benefícios para áreas de alta e baixa pressão de desmatamento.

3- A premente necessidade da participação direta dos Governos Estaduais nas ações de regularização fundiária, para o que é fundamental a transferência de recursos federais para as instituições estaduais de gestão fundiária.

4- O transporte hidroviário na Amazônia Legal é estratégico para a integração e o desenvolvimento regional. Neste sentido, faz-se necessária política consistente de investimentos e a aprovação de março legal em tramitação no congresso nacional.

5- O compromisso assumido pelo Governo Federal com os Governadores para restaurar o transporte aéreo regional na Amazônia Legal requer urgência nas providências de responsabilidade do Ministério da Defesa;

6- A necessidade de regime de urgência para a tramitação da PEC 315/2008, que trata da cobrança de ICMS na geração, transmissão e distribuição de energia, e do Projeto de Lei FPE-VERDE. Neste intuito, será formalizada agenda de reunião dos Governadores da Amazônia Legal com os presidentes da Câmara e Senado Federal.

7- Necessidade de imediata revisão da distribuição dos recursos previstos na resolução CMN 3716 de 17 de abril de 2009, considerando que os estados da Amazônia Legal não estão conseguindo recuperar as perdas do FPE, causadas pela desoneração do IPI. Também reivindicamos que recursos arrecadados na própria região pela SUFRAMA, atualmente contingenciados, sejam liberados aos Estados por meio de transferências voluntárias;

Palmas-TO, 26 de junho de 2009.

Governador Marcelo de Carvalho Miranda - Tocantins

Governador Arnóbio Marques de Almeida Júnior Acre

Governador Antônio Waldez Góes da Silva Amapá

Governador Eduardo Braga - Amazonas

Governador em Exercício João Alberto de Souza - Maranhão

Governador Blairo Maggi Mato Grosso

Governadora Ana Júlia de Vasconcelos Carepa Pará

Governador Ivo Narciso Cassol Rondônia

Governador José de Anchieta Júnior Roraima

13 June 2009

The Amazon: The Future of the Forest / The Economist

The Amazon


The future of the forest


Jun 11th 2009 | MANAUS
From The Economist print edition

http://www.economist.com/displaystory.cfm?story_id=13824446

Brazil’s government hopes that land reform in the Amazon will slow deforestation. Greens doubt it





Still Pictures

THE tiny village, where naked Ticuna Indians live in wooden houses
raised on stilts, looks out over one of the rivers that becomes the
Amazon. No place seems farther removed from the ups and downs of the
world economy. But this is misleading. The Ticuna, who now have a large
reservation at Novo Paraíso near Brazil’s borders with Colombia and
Peru, took their first steps towards globalisation when they had the
misfortune to encounter Portuguese raiders several centuries ago.
Later, rubber drew the Amazon into the list of hinterlands that could
be tapped if supplies were tight elsewhere, allowing growth to
accelerate in much of the world from the 19th century onwards. And
today new demands on the Amazon’s riches will determine the future of
the forest.



About 900 miles (1,500km) downriver to the east, in Amazonas state,
stands Manaus. Rubber barons built the city from the 1860s onwards. Its
early residents made up for their distance from the European centres of
fashion by trying to outdo Paris during the belle époque in
drinking and debauchery. Now Manaus’s Zona Franca is the workshop for
most of the televisions, washing machines and other white goods sold in
Brazil. Special arrangements allow firms such as Sony and LG to import
parts tax-free from elsewhere in the world and assemble them there.
Despite being surrounded on all sides by thick forest, Manaus hums with
manufacturing.





Some 350 miles to the south-east, in Pará state, the high gold price has encouraged a few hundred garimpeiros,
or wildcat miners, to follow rumours of a strike and trek for days
through the forest to a place, not far from Itaituba, which they have
optimistically named “Bom Jesus”. They live in shacks with tarpaulins
to keep off the rain, digging square holes and sifting through the red
soil in the hope of finding a seam of gold. Malaria lurks there, and
the men say there is cyanide in the water. Apart from a visiting
government minister and some other dignitaries and journalists who have
come for the day by helicopter, there is nothing to indicate that the
Brazilian state exists. Its place has been taken by a local boss who
claims to own the land (though it actually belongs to the federal
government) and takes a percentage of any gold found, while charging
the workers exorbitant prices for supplies that are dropped off by
small planes.



South by 400 miles, in Mato Grosso state, the Amazon meets the
agricultural frontier. Much of the world’s growing demand for protein
is satisfied here. The state, which was once thought to have poor
farmland, has been transformed over the past few decades and is now the
country’s biggest producer of soyabeans for vegetable oils and
cattle-feed. Mato Grosso is also home to an unproductive kind of
agriculture, which involves ranching small numbers of cattle on newly
deforested land. The forest in the state shrank by 105 square miles in
the three months from November to January, according to the Brazilian
Space Research Institute, which uses satellites to monitor
deforestation.



All these places are part of the Amazon rainforest, an area
one-and-a-half times the size of India, or nearly eight times the size
of Texas. Most of it lies within Brazil. It is home to 20m Brazilians,
or 10% of the country’s population. Many of them live a hardscrabble
existence in places that are hot, wet, often disease-ridden and
sometimes dangerous. These people have gone from being heroes who
answered the government’s call to populate and subdue an empty region,
to environmental criminals who are wrecking the planet, all the while
standing on the same spot and doing what they have done for decades.



No government would think of condemning so many voters to persistent
poverty in the name of saving trees. Moving them is impractical and
would be unjust, since the state moved them in the first place, under a
policy that began in the 1960s and lasted for 20 years. (Other
institutions helped too; the World Bank provided a loan that financed a
large migration from the south of the country to Rondônia state in the
days before it cared about greenery.) A vast migration was accomplished
with promises of free land, subsidies and a slightly menacing marketing
campaign that exhorted people to ocupar para não entregar
(“occupy it or lose it”). Parts of Brazil’s government still fret that
covetous foreign powers may try to annexe the Amazon forest unless the
country can find something useful to do with it.



President Luiz Inácio Lula da Silva’s government has often seemed to
sympathise more with these voters than with environmentalists, who are
anyway politically weak in Brazil. His first environment minister,
Marina Silva, resigned in frustration last year. This pleased the bancada ruralista,
an informal block of representatives who defend agricultural interests.
They were glad to see the back of Ms Silva, the daughter of
rubber-tappers who grew up in the forest and became the most eloquent
spokesman for the need to preserve it. This agricultural lobby makes up
20-25% of Congress, according to João Augusto de Castro Neves, a
political consultant.


Fires, grass, cattle



To improve the lives of Brazilians living in the Amazon, the
government has devised a set of policies known as Plano Amazônia. They
envisage an expansion of road-building in the forest, as well as some
big hydroelectric projects. Both are loathed by people who want to
preserve the trees. Plano Amazônia also contains measures to slow
deforestation, but these will be hard to enforce. Money is short, the
area to be policed is vast, and the folk who make money when the trees
are cut down are endlessly ingenious.



Many people derive their income from deforestation. In Tailândia, a
town in Pará surrounded by sawmills, some 70% of the population depends
on logging in some way, according to local officials in the state’s
finance ministry. The loggers work in tandem with cattle farmers: once
the loggers take the best trees from an area, the rest is cleared and
burnt. The farmers then sow grass and raise cattle. The land is quickly
exhausted as pasture, but it then passes to another type of farming,
while the loggers and cattle move farther into the forest and begin all
over again.



This pattern helps to explain why the rate of deforestation tends to
move with prices for beef and soya, with a lag of about a year. Yet it
is a wasteful way of using land. A recent study of some 300
municipalities in the Brazilian Amazon, published in the latest edition
of Science, shows that deforested areas enjoy a short
economic boom, then quickly fall back to previous levels of development
and productivity as the frontier moves on. Deforestation also, of
course, reduces the rainfall on which Brazil’s agriculture depends.



Consumers in America and western Europe who mind about deforestation
may think they have some influence over all this. A recent study by
Greenpeace encouraged them, by trying to show that bits of Amazonian
cow were finding their way on to supermarket shelves in the rich world.
They are wrong, however. The five leading markets for Brazil’s enormous
beef exports (the country ships more of it than the total of the three
next-largest exporters, Australia, Argentina and Uruguay) are Russia,
Iran, China, Venezuela and Egypt, according to Roberto Giannetti da
Fonseca of the Association of Brazilian Meat Exporters. And in any case
the beef produced in the Amazon is mostly eaten by Brazilians in
neighbouring states.



Even so, Mr da Fonseca says his association would like to see
cattle-ranching removed from the Amazon, because of the damage it does
to the reputation of exporters. The big soyabean exporters have already
pledged not to buy from growers in the Amazon. Greenpeace, which helped
to design the agreement, counts it as a success. This just leaves an
internal market for cheap soyabeans and beef, which supports 30m head
of cattle in the Amazon out of a total of 200m in the country.



Given the hardships that farmers in the Amazon face, it may seem
surprising that they do not just give up. One reason is that clearance
and cattle bring in extra money from other sources. The farmers are
also property developers of a kind. Jungle land can be grabbed for
nothing, avoiding what is normally a huge outlay in farming. And
ranchers often sell the land they have deforested to another user, even
though they do not legally own it. Most people who study deforestation
reckon this creates an incentive for farmers to push farther into the
forest, rather than staying where they are, spending money on improving
their land and raising productivity.



Ending this cycle is one aim of a land-reform bill that was recently
approved in Congress, though not without controversy. This law is now
with the president, who has the power to veto some of it. The
government claims that the legislation will at last enable it to
discover which farmers are operating on illegal land and in the
informal economy, and in the future will make it possible to work out
who is committing environmental crimes. Many environmentalists,
however, think the law merely rewards criminal behaviour. Ms Silva has
appealed to Lula to use his veto.


Get off my land



Holdings in America’s Great Plains, impressively neat and
rectilinear from the air, were laid out in various early land laws and
then parcelled out among pioneers. Brazil’s frontier has never
benefited from such an elegant application of geometry. A study from
Imazon, a non-profit research outfit, suggests that just 14% of
privately owned land in the Amazon is backed by a secure title deed.
The rest is covered by fake documents (usually lovingly antiqued) or
simply by right of settlement.



In the most contested parts of the forest, in Pará state, conflicts
over who owns what are sometimes settled with a gun. In 2005 the murder
of Dorothy Mae Stang, an American nun and environmental campaigner who
lived in Pará, brought this to the attention of a wider public. In his
trial, the man who pulled the trigger said he had been paid 50 reais
($20) for the job.


Eyevine Tranquillity on the river

There are still gunmen for hire in Pará, according to the police in
Tailândia, a town of 25,000 people. Rosenildo Modesta Lima, the local
police commander, says that when he arrived there a couple of years ago
there were seven murders over one weekend; now there are two or three a
week. The police are on edge. Just the other day a heavily armed gang
attacked a police station in a neighbouring town in an attempt to get
more weapons. Two gang members were killed and a third injured.



The new law will interpose the Brazilian state into this mess,
judging between competing claims, handing smaller plots of land to
their apparent owners and reclaiming very large ones (in excess of
1,500 hectares or 3,700 acres) for the state. This will undoubtedly
entrench some old injustices. “It’s very hard to know who killed
someone 20 years ago to get a piece of land and who just arrived
recently,” says Denis Minev, the planning secretary for Amazonas state
(which has a good record on deforestation). Even so, in the long run
the measure may prove useful. “Land regularisation is of fundamental
importance for halting deforestation,” says Carlos Minc, Brazil’s
environment minister.



Enforcing the new regime will be as difficult as ever. IBAMA, the
federal agency charged with this task, collects less than 1% of the
fines it imposes during operations in the Amazon. “This is not
something that is feared as a serious threat by people who break the
law,” says Roberto Smeraldi of Amigos da Terra, an NGO. The sporadic
weakness of the Brazilian state is partly to blame for this. But any
government would struggle to police the frontier between forest and
farmland, which is far longer than America’s border with Mexico.



This is why many environmentalists now argue that the only way to
fix the problem is to give people who live at the frontier something
more profitable to do. The government has begun to change the region’s
economies. Since July last year farmers without titles to their land
are supposed to be denied access to subsidised credit, though this too
is hard to enforce.



Efforts to commercialise forest products, from Amazon river fish to
oils for use in cosmetics, are also under way. Amigos da Terra, in a
study of these businesses, finds them to be profitable when they form
clusters and turn out finished products. “I am convinced that in 20
years we will have a viable forest economy,” says Mr Smeraldi. “Only by
then we will have lost a lot of forest.”



Speeding up this process is one of the motives behind the $1
billion donation for the Amazon announced in September by Norway’s
government. The Brazilian government has set up an Amazon Fund for this
money and any future donations. Norway will have no say in how it is
used, but the amount of money it releases from the fund will be linked
to Brazil’s success in slowing deforestation. Germany will give
something to the fund too. Turid Rodrigues Eusébio, Norway’s ambassador
to Brasília, says lots of other countries are watching Norway to see
how the experiment goes, and will chip in if it is a success.


Google Earth Depredation from space

Amazon states hope to acquire another stream of money, in the form
of payments for not cutting down trees, from the UN initiative known as
REDD, which will be discussed in Copenhagen in December (see article).
Payments of this kind are already being made in Amazonas state: $8.1m
from private companies such as Marriott hotels and Bradesco, a big
bank, is being handed over by the state government to 6,000 families in
exchange for not cutting down any more trees. The challenge is to
extend such schemes to the trees on the edge of the farmland, which are
most at risk.



Still, argues Ms Rodrigues Eusébio, it will take more than changing
cattle-ranchers into nut-gatherers to put a stop to deforestation. To
bring a more elevated form of economic development to the region,
Brazil’s government is convinced that it needs to build more roads in
the forest. This too is controversial. Some 80% of deforestation
happens within 30 miles of a road. Seen from Google Earth, the southern
part of Pará state looks as if someone has dropped large fish skeletons
on the jungle, as spines of deforestation push into the trees from
either side of the roads. Deforestation is more severe where a road is
good, which is why the proposed asphalting of the BR-163, from Cuiabá
in Mato Grosso to Santarém in Pará, is held up by a legal wrangle.



However unpalatable road-building is, it may be needed if the people
who live in the Amazon are to lead a better life. “The Everglades are
very beautiful, but America did rule out building roads through them to
connect Miami with other parts of Florida,” says Mr Minev of Amazonas
state. The government now knows how to build roads without unleashing
the loggers, he argues. Amazonas has recently signed an agreement
creating nature reserves on either side of the BR-319, which runs from
Manaus to Porto Velho. The road will help to integrate Manaus into the
rest of the country’s economy. When the Zona Franca was established in
1967, it took 15-20 days to get goods to consumers in São Paulo, in the
country’s south-east. It takes the same amount of time today.



In this vision of the Amazon, the forest will be preserved as a
large national park with sprinklings of industry added to enrich its
inhabitants. The agriculture at its edge will be more productive than
it is today, making use of abandoned land and raising yields to meet
domestic and foreign demand without encroaching farther into the
jungle. This is aim is plausible, as well as commendable, but it will
take decades to accomplish. In the meantime, the forest will continue
to shrink. The fight today is over how fast that happens.


25 May 2009

The Amazon Rainforest and Prince Charles

The Amazon rainforest is a globally recognized brand to which many people have tried to associate their images.  Saving the Amazon is a battle cry for many different segments across society.  However, very few initiative have the legitimacy of working closely with local populations and governments in the Amazon before defending such a cause to the world.  The usual result is an empty argument that often does more damage by increasing the level of misunderstanding about the region.  I would like to point out, amid such confusion, one initiative that stands out: Prince Charles Rainforest Initiative.  Prince Charles and his advisors visited the Amazon, listened to local leaders and populations and design their position based on understanding the region, not on romantic views.  I would like to recommend visiting his website and finding out more about how you can help.

Youtube video 





24 May 2009

Por que tudo é ilegal na Amazônia?

Acostumamo-nos a um profundo nível de ilegalidade em nossas vidas e arredores.  Olhe em torno de si e tente identificar o que é legal.  A construção na qual você se encontra talvez não tenha o habite-se.  O restaurante onde você almoça talvez não tenha licença sanitária e não dê nota fiscal.  Será que o peixe que você comeu foi capturado de forma legal?  O funcionário da mercearia que você frequenta tem carteira assinada?  Recebe um extra por fora?  

Se formos ao interior do Amazonas, a situação é ainda mais complicada.  Desde as prefeituras com dívidas frente ao INSS até os mercados e lojas sem CNPJ e cidadãos sem certidão de nascimento ou CPF.  Os aeroportos e portos em muitos casos não atendem às normas nacionais.   Vive-se uma situação de fantasmagórica inexistência.  Há dois motivos principais para esta situação: 1) leis que foram escritas muitas vezes em gabinetes em Brasília de forma incompatível com a realidade e 2) a aceitação por parte de amazonenses de ilegalidades como práticas normais, mesmo quando as leis são adequadas.

Há avanços em alguns destes quesitos.  Por exemplo, o deficit de certidões de nascimento se reduziu nos últimos anos, assim como matrimônios comunitários tornaram casais legais perante a lei.  Um forte motivo tem sido o incentivo gerado pelas possibilidades de recepção do Bolsa Família e aposentadorias rurais.  Melhorias na fiscalização ambiental têm permitido o crescimento de uma economia formal de produtos florestais (madeireiros ou não) e algumas obras têm possibilitado a melhoria e legalização de aeroportos e portos.  A frente mais crucial desta batalha, entretanto, está sendo travada agora, com a regularização fundiária, na forma da Medida Provisória 458.  A despeito de muitos esforços com regularização e distribuição de títulos de propriedade, ainda temos um enorme volume de terras com ocupação irregular; é exatamente este o alvo da MP.

Os benefícios de regularização fundiária são inúmeros: 1) acúmulo de riqueza: só se investe com segurança jurídica de que sua propriedade está protegida; 2) responsabilidade: não há como se responsabilizar um mero ocupante da terra por crimes ambientais ou mesmo tributários, ocupante que muitas vezes não tem nenhum bem nem riqueza, 3) crédito: não há como se contrair crédito sem a propriedade da terra, eliminando-se assim uma das mais importantes alavancas do crescimento.  Não é possível chegar na sociedade que sonhamos sem estes três avanços.

A regularização fundiária proposta na MP 458 visa legalizar a ocupação de grande parte da Amazônia.  A oposição a esta proposta, principalmente de entidades ambientais, vê a concessão de terra a ocupantes ilegais como a legitimação de um crime passado.  Esta é uma visão simplista e de curto prazo; a pergunta verdadeira é "Qual o trajeto mais curto do presente a uma Amazônia conservada e próspera?".  A resposta definitivamente passa pela redução da informalidade em todas as suas formas, inclusive a territorial; a alternativa é criminalizar ainda mais todas as atividades amazônicas, nos aproximando do cenário de santuário despido de ocupação.  Não o queremos.

A formalização de uma economia é um processo lento.  Todo o cuidado deve ser tomado para evitar injustiças, sabendo que mesmo assim algumas ocorrerão.  No caso da regularização fundiária, é necessário um processo de transição que permita aos ocupantes atuais se legalizarem e se tornarem cidadãos, proprietários e responsáveis perante a lei.  A MP458 é uma lei imperfeita (como todas) que ao menos foi desenhada com as complexidades da Amazônia em mente; difere das tradicionais leis que igualam São Paulo de Olivença à homônima do sudeste.  Ela é um passo rumo à construção da economia amazônica que é nosso destino, que permitirá novas fontes de geração de renda, maiores e mais sustentáveis que as atuais.

O que não se pode permitir é que leis tornem povos inteiros criminosos, simplesmente para aplacar consciências culpadas de outrem.  

27 April 2009

Conservação da Amazônia com incentivos positivos

Há um princípio básico que norteia a discussão de incentivos à preservação: é necessário que haja incentivos positivos para a conservação da Amazônia (remuneração) e não apenas os usuais incentivos negativos (aprisionamento e multas). Para concretizar esses incentivos positivos, precisamos nos preocupar com duas questões: a origem dos recursos e o seu destino. Exploremos algumas alternativas no que diz respeito à origem de recursos:

Mecanismos voluntários de redução de redução de emissões de gases de efeito estufa – as duas frentes sendo trabalhadas hoje para captação de recursos, no Brasil, exploram esta alternativa. Temos o Governo Federal captando, via Fundo Amazônia, doações voluntárias, principalmente de outros governos nacionais, para preservação da Amazônia, sem clara vinculação à área e à maneira pela qual serão empregados os recursos.

Temos também indivíduos e Estados buscando captar recursos nos âmbitos nacional e internacional vinculados à conservação de carbono em áreas específicas. Uma das propostas é a venda de créditos de carbono resultantes da redução de emissões do desmatamento e degradação (REDD); neste caso, enquadra-se o Amazonas, que recebe recursos da cadeia de hotéis Marriott por meio de um mecanismos de neutralização de carbono baseado na implantação de um projeto de REDD na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Juma.

Uma alternativa bastante discutida, mas ainda não posta em prática, é o reflorestamento de áreas degradadas da Amazônia (cerca de 17% da região). Um local onde estes créditos poderiam ser negociados em mercado é a Chicago Climate Exchange (CCX), que se destaca como principal centro de negociação de carbono voluntário no mundo. Uma proposta é que a CCX se torne o mercado formal para os EUA quando este tiver compromissos de redução de emissões. Inserção de créditos de carbono florestal (REDD) em mercados formais. A primeira e mais discutida alternativa é a inserção do mecanismo REDD no Protocolo de Kyoto. As discussões para a próxima versão do Protocolo de Kyoto devem ocorrer em Copenhagen em Dezembro de 2009 e vão determinar a forma que o protocolo vai tomar a partir de 2012, quando os compromissos do atual protocolo de 1997 terminam.

Entretanto, o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério do Meio Ambiente brasileiros não se mostram muito simpáticos a esta proposta. Uma alternativa é tentar incluir créditos de REDD em mercados nacionais ou subnacionais de negociação de carbono. O memorando de entendimento assinado entre o Amazonas e os estados americanos da Califórnia, Wisconsin e Illinois propõe discussões para este tipo de inclusão.

Outras conexões incluem os rios voadores, que partem da Amazônia em direção ao centro e sul da América do Sul, abastecendo não só a agricultura no resto do Brasil e Argentina mas também as hidrelétricas que fornecem a maioria da energia brasileira.

Uma última alternativa, enquanto o mundo não dá valor financeiro a serviços ambientais, é utilizar recursos do Tesouro para criar estes incentivos positivos. Nesta direção, o Amazonas contribuiu com R$ 20 milhões (com R$20 milhões adicionais repassados pelo Bradesco) para instituir a Fundação Amazonas Sustentável (FAS), que remunera áreas protegidas no estado pela conservação, conforme descrito mais adiante. O destino dos recursos, se existentes, deve ser discutido amplamente na sociedade, especialmente dentre aqueles cujas ações origina-os.

Consideremos, para efeito de cálculos simples, que cada hectare de floresta tem em média 500 toneladas de CO2-equivalente armazenado; consideremos no mercado voluntário um preço de R$ 10 por tonelada e, no mercado formal (Kyoto), um preço de R$ 40. Eis algumas alternativas: Proprietário privado da terra: aqueles que de direito detêm a terra devem receber os recursos. Se um proprietário tem o direito de desmatar 20% de sua terra e existem incentivos econômicos para fazê-lo, deve haver a alternativa dele ser remunerado pela escolha de não fazê-lo. Neste contexto, a regularização fundiária é essencial. De acordo com a metodologia REDD (se formos buscar financiamento internacional), é preciso estabelecer um cenário business-as-usual (BAU) para definir as áreas de provável desmatamento; apenas estas áreas receberiam os créditos ou a remuneração.

Se o Brasil escolher criar seu próprio sistema autônomo, poderia utilizar também as metodologias científicas que identificam o BAU para determinar onde remunerar mais ou menos. Para efeito de cálculo, um proprietário com 100 hectares no arco de desmatamento, que, podendo desmatar 20, não o fizesse, teria direito a 20 x 500t = 10.000 toneladas de carbono. Ao preço do mercado voluntário, R$100 mil. Consideramos o modelo ideal para utilização de recursos um fundo fiduciário (endowment fund) no qual os juros apenas são a remuneração, encorajando assim o proprietário a manter ad infinitum a área conservada.

Se considerarmos juros reais anuais de 6%, o proprietário teria um retorno de aproximadamente R$ 500 por mês, ou R$ 5 por hectare por mês. Este valor é suficiente para evitar o desmatamento, especialmente dado que o fluxo de caixa é altamente positivo com a conservação, versus a alternativa (agricultura em geral envolve grande investimento inicial). Estes rendimentos devem ser não-tributáveis. Fugindo da metodologia REDD tradicional, uma alternativa é que os recursos vão ao gerador do benefício, sem considerar o quanto ele está em risco.

Assim, um proprietário de terra em São Gabriel da Cachoeira (com baixa pressão de desmatamento) seria remunerado por preservar X toneladas de carbono da mesma forma como alguém em Lábrea (sob alta pressão). Dado que os benefício atmosféricos, de biodiversidade e de carbono podem ser semelhantes, é uma opção alternativa de distribuição justa, apesar de menos eficiente no combate ao desmatamento.

29 March 2009

BR-319, Serviços Ambientais e Quemos Somos

2009 deve ser lembrado como um ano de transição.  O império dos bancos de investimento norte-americanos chega ao fim, em conjunto com o reinado dos sheiks e a economia do consumo sem limites.  Em meio à crise, um pequeno detalhe global pode passar desapercebido: o fato de que cada vez mais as evidências apontam na direção de que o homem tem causado mudanças climáticas sérias e muitas vezes irreversíveis.  Então enquanto 2009 nos açoita com complicações econômicas e um novo vocabulário composto por anglicismos como sub-prime, também apresenta o que pode ser a maior oportunidade desde que os militares tiveram a idéia de criar uma Zona Franca.

Nove governadores amazônicos se reunem em Cuiabá no dia 1 de Abril, em um evento de nome Katoomba (gosto discutível), para definir uma posição conjunto a respeito de serviços ambientais (em outras palavras, de como remunerar a Amazônia pela preservação).  A posição do Governo Federal tem sido tanto tímida quanto centralizadora -- não se busca maximizar o retorno pelo imenso investimento em preservação que o Brasil fez e faz na Amazônia ao longo de mais de 300 anos de ocupação (ocidental), mas sim um leve compromisso descompromissado e a canalização do retorno pelo funil da burocracia federal.  É necessária e urgente a mudança de perspectiva, sob o risco de perdermos o bonde da história que aponta na direção de um acordo histórico em Dezembro deste ano em Copenhagen, onde se definirá as metas para a continuação do Protocolo de Quioto e se florestas tropicais devem ou não ser remuneradas e como. 

No coração deste debate está o tópico de responsabilidade e capacidade do Brasil.  Como exemplo, a BR-319.  O Brasil está sim determinado a construí-la; entretanto, há também a determinação de não cometer os erros do passado que fizeram com que estradas fossem vetores de desmatamento.  As duas determinações serão cumpridas, pois hoje dispomos sim da capacidade de monitorar nossa Amazônia e da responsabilidade política para tomar atitudes contra o desmatamento.  Ao mesmo tempo que é um absurdo uma cidade do porte de Manaus, quase 2 milhões de habitantes, se ilhar propositalmente do país, é também um absurdo que no século XXI ainda permitamos a degradação improdutiva e empobrecidade da floresta.  Constituímos esta semana 6 unidades de conservação ao longo do trajeto da estrada, todas com orçamento para tanto elevar o bem estar daqueles lá vivendo quanto monitorar e coibir qualquer desmatamento ilegal; em outras unidades estabelecidas anteriormente com recursos de forma semelhante conseguimos atingir a meta de desmatamento zero, mesmo em áreas sob pressão.  Tomamos as medidas que quaisquer entidade responsável pelo incrível patrimônio que gerimos deveria; temos sim a capacidade e a responsabilidade.

O Amazonas tem tentado liderar o país na valorização da floresta em pé, com preços mínimos para produtos sustentáveis, educação e treinamento via satélite em todos os rincões do interior e o programa Bolsa Floresta, como exemplos de formas para enriquecer nossa população preservando a floresta.  Reduzimos assim de mais de 1,5 mil km2 para menos de 0,5 mil km2 o desmatamento em cinco anos. 

Dado que o alcance de nosso orçamento é limitado, nos voltamos ao mundo em busca de reconhecimento, não esmolas.  

23 March 2009

Os Rios Voadores da Amazônia

Além de grande seqüestradora de carbono e estoque da biodiversidade global, o terceiro grande serviço ambiental da Amazônia é como reguladora do ciclo hidrológico na atmosfera.  Cada vez mais evidências científicas mostram a provisão de tais serviços.

Alguns artigos recentes mostram:

1) o quanto as florestas, através de VOCs (Volatile Organic Compounds), interagem com a chuva e nuvens

http://www.nature.com/nature/journal/v452/n7188/full/nature06870.html

2) o quanto o fogo em florestas tropicais inibe a formação de nuvens e subsequentemente chuvas

http://news.mongabay.com/2005/0414-rhett_butler.html

 

Para tirar suas próprias conclusões, vide o seguinte vídeo no Youtube que mostra o fluxo de vapor e nuvens na atmosfera.  O branco é vapor, o laranja é tempestade. 

http://www.youtube.com/watch?v=PTH-mTjqP1g

Como se pode ver, a Amazônia pulsa ritmicamente com chuvas.  O Vapor entra na Amazônia pelo Atlântico a caminho dos Andes.  No caminho este vapor se torna chuva várias vezes; em todas elas, a chuva retorna à atmosfera pela transpiração da floresta.  Uma grande árvore na floresta transpira mais de 300 litros por dia e é o acúmulo de todas as árvores na região faz com que as chuvas sejam continuamente recicladas à atmosfera. 

A chuva que chega aos Andes é redirecionada, parte ao norte passando pela América Central, Flórida e indo bater na Europa, parte ao sul, abastecendo de chuva as hidrelétricas brasileiras e o agro-negócio brasileiro e argentino.

A pergunta ainda sem resposta é o quanto de desmatamento interromperia este ciclo, fazendo com que as chuvas na Amazônia retornassem ao Atlântico sem chegar aos Andes.  Especulamos apenas, mas preferimos não saber a resposta. 

16 February 2009

Incentivos positivos para a conservação da Amazônia

Proposta para discussão no IV Fórum de Governadores da Amazônia Legal - Boa Vista, Roraima - 13 de Fevereiro de 2009

            Tradicionalmente, tem-se combatido o desmatamento na Amazônia por meio de incentivos negativos, tais como punições severas e aumento da fiscalização. Apesar de importante, esses incentivos são insuficientes.

            Torna-se necessária, pois, uma abordagem complementar, focada não no combate ao desmatamento, mas no fomento à preservação. Por meio do uso de incentivos positivos, os agentes econômicos tenderiam, naturalmente, a garantir a conservação da Amazônia. A seguir, algumas propostas para mecanismos são elencadas:

 

1.      Doações voluntárias: Experiências, como as da Noruega e da Coca-Cola, indicam uma disposição mundial de financiar, por meio de doações, a conservação da Amazônia. As duas principais iniciativas neste sentido são o (i) Fundo Amazônia (governo federal) e a (ii) Fundação Amazonas Sustentável. A prioridade é conferir transparência ao gasto dos recursos, de forma a melhorar as condições de vida de habitantes locais. Um exemplo de como isto pode ser feito é por meio do programa Bolsa Floresta, que remunera os habitantes de reservas no Amazonas pela preservação.

 

2.      Carbono florestal: Conforme o mundo se compromete com metas de reduções de emissões de gases de efeito estufa, a Amazônia desponta como possível fonte de grande parte da redução global de emissões. Por meio de mecanismos de mercado, estabelecidos formalmente pela ONU ou por países de maneira unilateral, as reduções de emissão no Brasil poderiam ser vendidas (créditos de carbono). Há duas alternativas para a distribuição destes recursos:

2.1.            Desmatamento evitado: a remuneração de habitantes ou dos proprietários de terras poderia dar-se por meio de créditos de carbono emitidos em função da projeção de desmatamento para determinada área. Estas projeções já existem e foram baseadas em métodos de previsão científica e publicadas em revistas científicas de grande reputação. Se o desmatamento ocorrido efetivamente for abaixo da projeção, o “desmatamento evitado” geraria créditos que poderiam ser vendidos. A desvantagem reside no fato de que um mecanismo do tipo premia os devastadores históricos, deixando sem qualquer recompensa aqueles que, até o momento, preservaram suas áreas florestais.

2.2.            Remuneração por estoque de carbono: um modelo mais justo àqueles que preservam seria a remuneração por estoque de carbono. Estima-se que cada hectare na Amazônia armazena 500 toneladas de CO2e (gás de efeito estufa). Poder-se-ia estabelecer uma remuneração anual por tonelada, tanto para proprietários privados e públicos quanto para indígenas. Este sistema beneficia aqueles de melhor histórico de preservação, sendo, portanto, mais justo e de alcance mais amplo na Amazônia.

 

3.      Outros serviços ambientais: a preservação pode ser incentivada, ainda, pelo pagamento de outros serviços ambientais prestados pela Amazônia, tendo em vista que atualmente tais serviços beneficiam milhões de pessoas em outras regiões e são prestados de maneira gratuita. Novamente, é de central importância que o destino destes recursos seja a melhoria das condições de vida local, evitando que se percam em meio à burocracia. A remuneração de proprietários de terra e populações locais é essencial. Em particular, três serviços merecem destaque:

3.1.            Serviços hidrológicos: a Amazônia produz vapor d’água, que é levado pelos ventos ao Centro-Sul do Brasil e ao Cone Sul da América do Sul na forma de chuva (fenômeno conhecido como “rios voadores”). A abundância de chuvas que permite a geração de energia hidrelétrica e a grande produtividade agrícola do país advêm da conservação da Amazônia, um serviço que, atualmente, é prestado sem ônus.

3.2.            Estoque de biodiversidade: a Amazônia é o maior repositório de biodiversidade da Terra, com estimativas de que a região concentre cerca de 60% da biodiversidade do planeta e que apenas 30% dessa biodiversidade seja conhecida pela ciência. A conservação desta biodiversidade é um importante serviço prestado ao futuro da humanidade, especialmente no tocante à biotecnologias de saúde.

3.3.            Serviços climáticos: a Amazônia é um dos grandes reguladores climáticos globais. Ainda que haja incertezas relacionadas com o tamanho dessa influência, sabe-se que ela regula o regime de chuvas em grande parte da América do Sul e relaciona-se com as temporadas de furacões no Caribe. Em 2005, por exemplo, houve a ocorrência da pior seca na história da Amazônia e de uma das mais violentas temporadas de furacões no Caribe e Golfo do México, da qual o furacão Katrina foi a face mais visível.

 

4.      Cooperação científica: uma última fonte de incentivos para a conservação da Amazônia seria a possibilidade de cooperação científica. Mecanismos público-privados de cunho internacional poderiam ser criados para assegurar que determinadas áreas fossem preservadas para a realização de estudos científicos sobre vários aspectos, tais como biodiversidade, ciclos hidrológicos, mudanças climáticas etc, em busca de solução para problemas regionais específicos (como modelo de florestas multi-espécie) ou questões globais (como saúde e produtividade através da biotecnologia). Uma forma de mobilizar recursos para estas pesquisas seria a atração de investimentos de capital de risco (venture capital), que tem se demonstrado um mecanismo bem-sucedido de criação de novas empresas e tecnologias. Imagine-se, por exemplo, a criação de um “Projeto Manhattan” biológico de cooperação internacional, no qual parceiros enviariam centenas de cientistas à Amazônia em busca de descobertas, aumentando exponencialmente o número de cientistas na região. Os resultados dessas descobertas poderiam ser patenteados e, com os ganhos resultantes da comercialização das patentes, recursos poderiam ser gerados para a preservação ou rentabilização de investimentos privados. Somente assim poderíamos ter a criação de uma nova economia amazônica que sustente a conservação ambiental e melhores condições de vida local.

06 February 2009

Conservação da Amazônia através de Incentivos Positivos

Há um princípio básico que norteia a discussão de incentivos à preservação: é necessário que haja incentivos positivos para a conservação da Amazônia (remuneração) e não apenas os usuais incentivos negativos (aprisionamento e multas).  

Para concretizar estes incentivos positivos, precisamos nos preocupar com duas questões: a origem de recursos e o seu destino.  Exploremos algumas alternativas no que diz respeito à origem de recursos:

  • Mecanismos voluntários de redução de redução de emissões de gases de efeito estufa – As duas frentes sendo trabalhadas hoje para captação de recursos, no Brasil, exploram esta alternativa.
    • Temos o Governo Federal captando, através do Fundo Amazônia, doações voluntárias, principalmente de outros governos nacionais, para preservação da Amazônia, sem clara vinculação à área e à maneira pela qual serão empregados os recursos. 
    • Temos também indivíduos e Estados buscando captar recursos nos âmbitos nacional e internacional vinculados à conservação de carbono em áreas específicas.
      • Uma das propostas é a venda de créditos de carbono resultantes da redução de emissões do desmatamento e degradação (REDD); neste caso, enquadra-se o Amazonas, que recebe recursos da cadeia de hotéis Marriott através de um mecanismos de neutralização de carbono baseado na implantação de um projeto de REDD na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Juma.
      • Uma alternativa bastante discutida, mas ainda não posta em prática, é o reflorestamento de áreas degradadas da Amazônia (cerca de 17% da região).
      • Um local onde estes créditos poderiam ser negociados em mercado é a Chicago Climate Exchange (CCX), que se destaca como principal centro de negociação de carbono voluntário no mundo.  Uma proposta é que a CCX se torne o mercado formal para os EUA quando este tiver compromissos de redução de emissões.
  • Inserção de créditos de carbono florestal (REDD) em mercados formais.
    • A primeira e mais discutida alternativa é a inserção do mecanismo REDD no Protocolo de Kyoto.  As discussões para a próxima versão do Protocolo de Kyoto devem ocorrer em Copenhagen em Dezembro de 2009 e vão determinar a forma que o protocolo vai tomar a partir de 2012, quando os compromissos do atual protocolo de 1997 terminam.  Entretanto, o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério do Meio Ambiente brasileiros não se mostram muito simpáticos a esta proposta.
    • Uma alternativa é tentar incluir créditos de REDD em mercados nacionais ou subnacionais de negociação de carbono.  O memorando de entendimento assinado entre o Amazonas e os estados americanos da Califórnia, Wisconsin e Illinois propõe discussões para este tipo de inclusão.  A provável mudança de postura dos EUA no tema de mudanças climáticas abre uma frente para buscar a inserção de REDD em um sistema americano, o que deve ter grandes proporções.  Muitos americanos envolvidos no tema vêem salvar florestas tropicais como item de redenção dos EUA frente à sua ausência no Protocolo de Quioto.
  • Outros mecanismos: a Amazônia fornece outros serviços ambientais além do sequestro de carbono que poderiam também ser utilizados.  A fim de explorar algumas destas alternativas, é importante a presença no mais importante fórum mundial a respeito de Payments for Environmental Services (PES), o Katoomba Group meeting que ocorrerá em Cuiabá em 1 e 2 de abril.
    • Serviços de manutenção de biodiversidade, como os testado na Costa Rica, têm potencial de também remunerar a preservação, especialmente em locais de biodiversidade diferenciada na Amazônia e sob risco de desmatamento.  Vide exemplo em speciesbanking.com
    • Serviços hidrológicos e de manutenção do clima regional (vale lembrar que, em 2005, tivemos a pior seca na Amazônia em 100 anos e um dos piores anos de furacões no Caribe, inclusive Katrina em New Orleans).  Outras conexões incluem os rios voadores, que partem da Amazônia em direção ao centro e sul da América do Sul, abastecendo não só a agricultura no resto do Brasil e Argentina mas também as hidrelétricas que fornecem a maioria da energia brasileira.  Alvos de cobrança  pela prestação dos serviços poderiam ser as hidrelétricas no Brasil, outros estados brasileiros (especialmente do Centro-Sul do país), seguradoras na Flórida, estados nos EUA, dentre outros.
    • Já existem fundos que buscam comprar os direitos sobre serviços ambientais no presente, antecipando um aumento no valor destes serviços no futuro, quando mecanismos internacionais tornem este um mercado formal.  Exemplos incluem CoolEarth.org (ONG controversa no Brasil que opera no Peru) e CanopyCapital.co.uk (investidores operando na Guiana).
  • Uma última alternativa, enquanto o mundo não dá valor financeiro a serviços ambientais, é utilizar recursos do Tesouro para criar estes incentivos positivos. 
    • Nesta direção, o Amazonas contribuiu R$20 milhões (com R$20 milhões adicionais sendo contribuidos pelo Bradesco) para instituir a Fundação Amazonas Sustentável (FAS), que remunera áreas protegidas no estado pela conservação, conforme descrito mais adiante.

 

O destino dos recursos, se existentes, deve ser discutido amplamente na sociedade, especialmente dentre aqueles cujas ações origina-os.  Consideremos, para efeito de cálculos simples, que cada hectare de floresta tem em média 500 toneladas de CO2-equivalente armazenado; consideremos no mercado voluntário um preço de R$10 por tonelada e, no mercado formal (Kyoto), um preço de R$40.  Eis algumas alternativas:

  • Proprietário privado da terra: aqueles que de direito detêm a terra devem receber os recursos.  Se um proprietário tem o direito de desmatar 20% de sua terra e existem incentivos econômicos para fazê-lo, deve haver a alternativa dele ser remunerado pela escolha de não fazê-lo.  Neste contexto, a regularização fundiária é essencial.
    • De acordo com a metodologia REDD (se formos buscar financiamento internacional), é preciso estabelecer um cenário business-as-usual (BAU) para definir as áreas de provável desmatamento; apenas estas áreas receberiam os créditos ou a remuneração.  Este sistema tende a beneficiar mais estados no arco do desmatamento, como Mato Grosso, Rondônia e Pará.
      • Se o Brasil escolher criar seu próprio sistema autônomo, poderia utilizar também as metodologias científicas que identificam o BAU para determinar onde remunerar mais ou menos.
      • Para efeito de cálculo, um proprietário com 100 hectares no arco de desmatamento, que, podendo desmatar 20, não o fizesse, teria direito a 20 x 500t = 10.000 toneladas de carbono.  Ao preço do mercado voluntário, R$100 mil.  Consideramos o modelo ideal para utilização de recursos um fundo fiduciário (endowment fund) no qual os juros apenas são a remuneração, encorajando assim o proprietário a manter ad infinitum a área conservada.  Se considerarmos juros reais anuais de 6%, o proprietário teria um retorno de aproximadamente R$500 por mês, ou R$5 por hectare por mês.  Este valor é suficiente para evitar o desmatamento, especialmente dado que o fluxo de caixa é altamente positivo com a conservação, versus a alternativa (agricultura em geral envolve grande investimento inicial).  Estes rendimentos devem ser não-tributáveis.
    • Fugindo da metodologia REDD tradicional, uma alternativa é que os recursos vão ao gerador do benefício, sem considerar o quanto ele está em risco.  Assim, um prorpitário de terra em São Gabriel da Cachoeira (com baixa pressão de desmatamento) seria remunerado por preservar X toneladas de carbono da mesma forma como alguém em Lábrea (sob alta pressão).  Dado que os benefício atmosféricos, de biodiversidade e de carbono podem ser semelhantes, é uma opção alternativa de distribuição justa, apesar de menos eficiente no combate ao desmatamento.
  • Proprietários públicos (municípal, estadual ou federal): especialmente através de suas reservas ou áreas protegidas, devem receber recursos voltados à sua conservação, melhoria de nível de vida na área e entorno e ressarcimento pelo possível custo de oportunidade da utilização daquela área, se houver algum.  As mesmas restrições no caso de créditos de carbono no que diz respeito a cenários BAU existem. 
    • Aqui se enquadra o projeto da Fundação Amazonas Sustentável, que paga o Bolsa Floresta Familiar (R$50 reais mensais por família), Bolsa Floresta Associação (R$1 mil por ano por comunidade para organização das pequenas comunidades de 10 a 50 famílias), Bolsa Floresta Renda (entre R$2 e R$5 mil por ano por comunidade para atividades de geração de renda) e o Bolsa Floresta Comunidade (R$ 2 a R$ 5 mil a serem investidos em melhorias sociais, como posto de saúde, escola, etc.).  Acreditamos esta ser a melhor forma de descentralizar o processo de decisão e melhorar as condições de vida em locais isolados de difícil logística. 
    • Áreas indígenas teriam de ser tratadas de forma diferenciada, dadas as suas peculiaridades. 
  • Governo Federal decide, através de negociação dinâmica, a alocação de recursos.  Este parece ser o perfil atual do Fundo Amazônia.  É uma alternativa cheia de incertezas, que, possivelmente, é uma nova contribuição ao vai-e-vem de instituições temporárias e erráticas na região amazônica. Entretanto, para efeito de cálculo, consideremos remuneração por preservação nos 500 mil km2 (mais de 10% da Amazônia brasileira) de mais provável desmatamento nos próximos anos (o desmatamento nos últimos anos não tem superado os 10 mil km2).  Ao custo de R$5 por hectare, teríamos um gasto anual de R$250.000.000, o que o Fundo Amazônia, apenas com doações voluntárias, deve ser capaz de juntar, dado o exemplo norueguês. Deste modo, o Fundo Amazônia parece possuir a capacidade de arrecadar os recursos, mas não parece ser a melhor solução para  prover a sua alocação eficiente e transparente.

11 December 2008

The REDD debates

The global REDD debate rages during this week of meetings in Poznan.  As the latest addition to scholarship on the issue, CIFOR released the report “Moving Ahead with REDD”, which provided a roadmap for where forests may fit into an expanded Kyoto Protocol.  Breakthroughs are announced every day from Poland, yet much of the excitement is more likely due to foreign press with little familiarity with the topic rather than actual breakthroughs.  We, in the Amazon rainforest, remain hopeful that Poznan will lead to enough momentum that Copenhagen in December 2009 can be the crowning moment the world decides to move on a definite path to curb emissions and address head on the troubles of climate change.  

Amazonas state in Brazil remains committed to slowing deforestation rates; we have reduced deforestation in our best preserved of all states in Brazil to below 0.03% of our territory per annum.  Satellite imagery shows that Amazonas has 98% of its forest cover preserved and, at the current rate of deforestation, will retain over 95% preserved by the year 2100.  

Below follows the link to the CIFOR report:

http://www.cifor.cgiar.org/publications/pdf_files/Books/BAngelsen0801.pdf

27 November 2008

Amazonas and Marriott: Partnership to Protect the Juma reserve in the Amazon rainforest through REDD



Amazonas recently launched a partnership with Marriott to protect the Juma reserve, a reserve of almost 600 thousand hectares, through an innovative voluntary REDD (reduction of emissions through deforestation and degradation) project.  This project has been incubated over two years and sets a new standard for tropical rainforest protection.  Below are a few of the innovations adopted:

Ø      There is full transparency through audits.  Financially, the foundation responsible for the project (Amazonas Sustainable Foundation – FAS) is audited by PriceWaterhouse.  The financial audit demonstrates that the resources are being spent in the manner originally agreed by the parties.  

Ø      There is the objective of raising enough resources (approximately USD 15 million) to set up an endowment fund from which only the interest would be used, providing the project full long term sustainability.

Ø      The resources are being spent in an extremely decentralized way.  Aside form monitoring and enforcement of a zero deforestation policy in the reserve, the resources are spent on the Bolsa Floresta, a very innovative program that pays out two components:

o        Family Bolsa Floresta – USD25 per month per family, to raise living standards, following a commitment by the family not to deforest.

o        Community Bolsa Floresta – the communities (there are 22 communities with 250 families in the reserve) will receive approximately USD5 thousand per year, which the community has to decide how to spend.  These can be investment in community organization, sanitation, pavement, schools, income generating investments such as fishing equipment, training, forestry tools, etc.  The important thing is that the decision is made at the community level, who take charge of their own future.

 


Below are links to some of the news on the project.

 

http://www.marriott.com/marriott.mi?page=green_protecting

http://www.blogs.marriott.com/archive/default.asp?item=2275999

http://www.youtube.com/watch?v=uQ058zrZyTo

http://www.conservation.org/newsroom/pressreleases/Pages/CI_Marriott_green_hotels_announcment.aspx

http://www.alertnet.org/thenews/newsdesk/N16474804.htm

26 November 2008

Amazonas e California - parceria contra mudanças climáticas, aquecimento global e desmatamento



Na semana passada, o Governo do Estado do Amazonas assinou um Memorando de Entedimentos histórico com o Estado da California (cujo texto segue abaixo).  Em evento promovido pelo Governador Schwarzenegger em Los Angeles no qual governadores de estados dos EUA (Illinois, Wisconsin, Florida e Kansas), do México, da Indonesia e do Brasil (Amazonas, Mato Grosso e Pará) estiveram presentes, discutiu-se atitudes e políticas que podem ser adotadas ao nível sub-nacional para mitigar os efeitos de mudanças climáticas e aquecimento global.

De particular interesse aos estados da Amazônia é o acordo de incluir reduções de emissões por desmatamento (conhecidas como REDD) no sistema de reduções de emissões da California, o que pode tornar realidade o antigo sonho da remuneração à Amazônia por (ao menos um, o carbono) serviços ambinetais.  Além desta importante inclusão, a California e demais estados americanos também concordaram em apoiar a inclusão de REDD em futura versão do protocolo de Kyoto, a ser negociada em Copenhagen, Dinamarca no final de 2009.

Desmatamento global e mudanças de uso da terra são responsáveis por aproximadamente 20% das emissões de gases de efeito estufa do mundo.  Dada a comum baixa produtividade de áreas desmatadas de florestas tropicais, a redução destas emissões pode ser muito mais eficiente e prover uma muito melhor utilização da própria floresta, já que a manutenção do estoque de carbono não é incompatível com a utilização da floresta de forma sustentável através do extrativismo e manejo florestal (tanto de produtos madereiros e não-madereiros).  Eventualmente um sistema bem desenhado pode resultar em grandes volumes de financiamento da conservação de florestas tropicais; restaria-nos a responsabilidade de traduzir estes financiamentos em melhorias do nível de vida daqueles vivendo na floresta e evitar a transformação da floresta em santuário.

O Amazonas, através do estabelecimento da Fundação Amazonas Sustentável, liderada pelo ex-Ministro Furlan e ex-Secretário do Meio Ambiente Estadual Virgílio Viana, já desenhou uma política que busca a melhoria das condições de vida, beneficiamento sustentável da floresta e conservação ambiental.  Os recursos são dedicados ao monitoramento ambiental e melhorias sócio-econômicas; a destinação destes recursos é auditada pela PriceWaterhouse.  O primeiro projeto, da Reserva do Rio Juma, é auditado pela TUV SUD de acordo com o CCB Standard, que verifica os impactos à comunidade, ao carbono e à biodiversidade; o projeto é apoiado pela cadeia de hotéis Marriott.

Começa a se delinear um futuro no qual a Amazônia é reconhecida como grande provedora de serviços ambientais.

 

 

 

 

 

 

O Estado do Amazonas, na República Federativa do Brasil, e o Estado da Califórnia, nos Estados Unidos da América, doravante denominados como as “PARTES”;

CONSIDERANDO a amizade e a excelente cooperação entre os governos da República Federativa do Brasil e dos Estados Unidos da América;

CONSIDERANDO a natureza global dos problemas ambientais e a eficácia de esforços conjuntos que fortaleçam políticas de proteção ambiental e recursos naturais sustentáveis;

RATIFICANDO a intenção de promover um novo mecanismo de diálogo e de acordo que conduza a um fortalecimento nos relacionamentos e a uma produção mútua de atividades;

CONSIDERANDO as oportunidades de colaboração entre o Estado do Amazonas e o Estado da Califórnia no combate às mudanças climáticas;

RECONHECENDO a importância e o valor de executar ações de mitigação e adaptação ao clima a níveis sub-nacional, em seus direitos próprios e como meios a promover esforços nacionais e internacionais;

RECONHECENDO AINDA a importância de se focar em questões de interesse comum entre as partes como a redução da emissão de gases de efeito estufa no setor florestal através da preservação da floresta em pé adicionalmente ao sequestro de carbono por meio de reflorestamento, recuperação de áreas florestais degradadas e melhoria das práticas de gestão florestal;

EXPRESSAM a intenção de cooperar na busca de atividades conjuntas que melhorem a qualidade do meio-ambiente e otimizem a qualidade de vida no Estado do Amazonas, da República Federativa do Brasil e do Estado da Califórnia, nos Estados Unidos da América, restando de acordo sobre o que segue:

 

ARTIGO 1

 

O presente Memorando de Entendimentos tem como escopo a promoção de uma ampla cooperação entre as Partes no que tange a assuntos relativos ao meio-ambiente, no quadro de seus respectivos pontos de vista e baseados nos princípios da igualdade, da reciprocidade, da troca de informações e do mútuo benefício.

 

ARTIGO 2

 

As Partes coordenarão seus esforços e colaborarão para promover o meio-ambiente, as inovações técnicas e científicas, a construção de capacidade através de atividades de cooperação com foco particular, porém não exclusivo, nas seguintes áreas de ação:

 

a)       Redução de emissão de gases de efeito estufa por desmatamento e degradação de áreas verdes – conhecido como REDD – e sequestro do carbono adicional por meio de reflorestamento e restauração das áreas degradadas e através de melhorias na gestão ambiental;

b)       Desenvolver regras para assegurar que a redução das emissões do setor florestal e de sequestro das atividades desenvolvidas no sub-nacional serão reais, mensuráveis, verificáveis, permanentes e capazes de serem reconhecidas conforme o State of California’s Global Warming Solutions Act (Assembly Bill 32).

c)       Financiamento inovativo entre as partes para o uso sustentável dos recursos florestais e conservação da biodiversidade;

d)      Adaptação a futuros impactos causados por mudanças climáticas e mitigação da emissão gases de efeito estufa.

e)       Emissão e troca internacional de crédito de carbono;

f)        Estimular o investimento entre as Partes para a promoção do desenvolvimento sustentável

 

ARTIGO 3

 

Para a implementação das atividades referidas no Artigo 2, as Partes desenvolverão, entre outras ações, os seguintes métodos de cooperação:

a)       Intercâmbio de informações;

b)       Desenho, implementação e financiamento conjunto de estudos e projetos;

c)       Desenvolvimento e disseminação de publicações acadêmicas;

d)      Transferência tecnológica;

e)       Intercambio de acadêmicos e especialistas;

f)        Desenvolvimento de programas criadores de capacidade;

g)       Desenvolvimento conjunto de seminários, workshops, conferências, cursos, visitas técnicas e cursos certificados;

h)      Qualquer outro método de cooperação combinado entre as Partes.

 

ARTIGO 4

 

Para a consecução do objetivo do presente Memorando de Entendimento, as Partes acordam em desenvolver um Plano de Ação Conjunta que conterá atividades de cooperação ou projetos e/ou estudos específicos a ser desenvolvidos. O Plano de Ação, uma vez formalizado, será parte integral deste Memorando de Entendimento.

Cada plano de trabalho incluíra todas provisões necessárias para implementar a atividade de cooperação decidida entre as Partes, incluindo seu objetivo, coordenação, administração, alocação de recursos, intercâmbio de especialistas e profissionais, assuntos administrativos e toda outra informação tida como necessária para a consecução dos objetivos deste Memorando de Entendimentos.

Independentemente da formalização do plano de trabalho, as Partes concordam que propostas de colaboração podem ser apresentadas de modo a permitir às partes que otimizem os resultados para atingir os objetivos descritos neste Memorando de Entendimentos.

Para dar sequencia e implementar o plano de trabalho, grupos específicos de temas serão criados.Referidos grupos serão conduzidos por oficiais das Partes e reunir-se-ão ao menos uma vez ao ano.

 

ARTIGO 5

 

Nas atividades de cooperação e intercâmbio de informação, se as Partes julgarem conveniente, setores públicos ou privados podem ser convidados a participar, bem como o público em geral, acadêmicos e instituições de pesquisa, ou qualquer outra organização, desde que possam contribuir diretamente para a consecução dos objetivos previstos neste Memorando de Entendimentos.

 

ARTIGO 6

               

As Partes patrocinarão atividades constantes deste Memorando de Entendimentos com recursos alocados em seus respectivos orçamentos, segundo sua disponibilidade e suas próprias legislações. Cada Parte arcará com as despesas relativas à sua participação, salvo se mecanismos alternativos de financiamento puderem ser usados para atividades específicas, assim aprovados por suas respectivas autoridades;

 

ARTIGO 7

 

As Partes concordam que informações, materiais e equipamentos protegidos e assuntos de segurança dos estados ou da federação, assim definidos pelas suas respectivas legislações ou governos, não serão objeto de intercâmbio, nos moldes deste Memorando de Entendimentos.

Se informações, materiais e equipamentos foram identificados como protegidos ou classificados como confidenciais, durante o desenvolvimento de atividades de cooperação descritas neste Memorando de Entendimentos, as Partes informarão as autoridades correspondentes e estabelecerão as proteções apropriadas por escrito. A transferência ou uso de informação, material ou equipamento não protegido ou classificado como confidencial, controlado por qualquer das Partes, deve ser feita de acordo com as leis aplicáveis em cada estado, federação, ou instituição e devem ser adequadamente identificadas. No caso de qualquer das partes ter como necessário, medidas adicionais de proteção serão implementadas de modo a prever transferências não autorizados de informações, materiais e equipamentos.

 

ARTIGO 8

 

Oficiais designados pelas Partes para implementar atividades de cooperação assim descritas neste Memorando de Entendimentos continuarão a trabalhar para a Parte a cujos quadros pertence, e nenhum vínculo de natureza trabalhista será criado entre qualquer das Partes relativamente a este Memorando de Entendimento.

As atividades de cooperação descritas neste Memorando de Entendimentos não terão o condão de alterar a relação original de emprego dos oficiais de cada Parte que trabalharem em conjunto neste Memorando de Entendimentos.

As Partes farão todos os arranjos necessários com as correspondentes autoridades de modo a facilitar o ingresso e a saída dos participantes oficiais que cooperarem nos projetos deste Memorando de Entendimentos. Os participantes ficarão sujeitos às previsões fiscais, imigratórias, alfandegárias, sanitárias e relativas à segurança de estado existentes nos respectivos países e não estão autorizados a realizar nenhuma outra atividade sem a autorização prévia das autoridades competentes.

As Partes assegurarão que seus representantes oficiais que participarem das ações de cooperação terão seguros de saúde, responsabilidade e seguro de vida, para pagar os custos relativos a danos ou indenizações, no caso de eventual acidente que decorra de atividades de cooperação advindas da execução deste Memorando de Entendimentos.

 

 

ARTIGO 9

Toda diferença de interpretação, administração ou execução deste Memorando de Entendimento será resolvida por acordo mútuo entre as Partes.

 

ARTIGO 10

Este Memorando de Entendimentos pode ser alterado pelo consentimento mútuo entre as Partes, por escrito, especificando-se a data da entrada em vigor de qualquer modificação.

 

ARTIGO 11

 

A cooperação prevista neste Memorando de Entendimentos será promulgada e entrará em vigor na data da assinatura deste.

Este Memorando de Entendimentos poderá ser rescindido por qualquer das Partes, mediante comunicação escrita a outra Parte com a antecedência de trinta (30) dias.

A rescisão deste Memorando de Entendimentos não terá efeito nas atividades de cooperação em andamento que foram aprovadas ou iniciadas e que não foram concluídas até a data da rescisão, salvo acordo diverso entre as Partes.