30 May 2009

O dia da decisão - Manaus 2014

Hoje é um dia diferente dos outros.  Todos os dias somos indivíduos; hoje somos cidade.  Todos os dias vivemos na cidade; hoje nos orgulhamos dela.  Todos os dias avançamos passo a passo; hoje saltamos.  Todos os dias nossa cidade é nossa companheira; hoje é nossa filha.  

Às 1430 horário Manaus a FIFA fará uma coletiva de imprensa na qual serão anunciadas as 12 cidades sede da Copa de 2014.  Torcemos para que sejamos declarados anfitriões do maior evento do mundo.  

Nunca foi tão justo declarar tremendo orgulho de ser amazonense e manauara.  Olhemos um instante ao passado.  Construímos uma cidade que, com todas as imperfeições, está dentre as principais do Brasil.  Quem diria, nos idos de 1930, em meio ao colapso da borracha, que um dia nos recuperaríamos.  Quem diria, nos idos de 1990, em meio a um pólo industrial ferido, que nos recomporíamos.  O fizemos, avançamos com as escolhas positivas de cada cidadão: a cada amazonense buscando a universidade, a cada ato de gentileza, justiça e caridade, com cada pai e mãe sentando para educar seus filhos, com cada dia de trabalho.  É triste mas importante lembrar que também retrocedemos com cada roubo, propina e ato de injustiça e grosseria.  Demos as boas vindas a todos, incluindo cearenses, paraenses, japoneses, americanos, ingleses, paulistas, chineses, sírio-libaneses, portugueses, judeus, peruanos, coreanos e paranaenses, dentre muitos outros que se juntaram aos habitantes originais indígenas. 

No presente, nos reunimos para possivelmente extravasar por um instante.  Estaremos em vigília no estacionamento do Vivaldão, você convidado.  A candidatura de Manaus, é importante lembrar, contou com o apoio de todos, sem excessões: sociedade civil e governos, situação e oposição, capital e trabalho.  Neste momento estático de nosso destino, estamos juntos.

A partir de agora é natural e desejável que haja mais divergência (no caso de sermos selecionados cidade-sede), dado que as decisões afetarão a todos e vivemos em democracia.  Temos muitas decisões importantes a serem tomadas: como revitalizar o centro histórico, como melhorar a mobilidade urbana, como planejar o outro lado do rio, são perguntas que figuram entre as 26 frentes de trabalho exigidas pela FIFA para uma cidade sede.  Apenas para conhecimento, listo os 26 requisitos: estádio, entorno, transporte público, centros de treinamento, parque de eventos FIFA, infra-estrutura de suporte, tecnologia de informação, acomodações, turismo, marketing, embelezamento, saúde publica, gerenciamento de riscos, eventos FIFA, segurança, legislação, voluntariado, sustentabilidade, gerenciamento de custos, eventos de negócios, portos e aeroportos, suprimentos, cultura, legados, coordenação local e financiamento.  

Ao mesmo tempo em que decidimos democraticamente nosso futuro coletivo nestas 26 frentes, há frentes de trabalho pessoal.  Talvez não sejam tão numerosas, mas definitivamente são mais importantes.  Desde o lixo nos igarapés e roubos residenciais ao pagamento de propinas e não-exigência de nota fiscal, a responsabilidade é tanto do Governo quanto dos cidadãos.  Destaco entretanto um requisito principal para que sejamos em 2014 e no futuro além, a cidade que queremos ser: o caráter de nossas crianças.  Pais se preocupam muito (e corretamente) com a formação acadêmica e profissional de seus filhos, sempre na busca de que os filhos sejam mais que os pais.  É confortante escutar de alunos na UEA ou outras universidades que eles são o primeiro da família a ter curso superior; certamente não serão o último.  Entretanto, ética e bondade não estão só ligadas com o volume de educação acadêmica que uma pessoa recebe; valores são muito mais profundos e em geral transmitidos por pais.  Temos então perguntas: quanto tempo você gasta com seus filhos lhes transmitindo bons valores éticos?  Você repreende seus filhos por um ato de egoísmo com a mesma severidade que trata uma nota baixa na escola?  De respostas corretas depende nosso futuro como cidade.

Queremos uma Manaus nova para receber a Copa.  É justo que você participe da concepção e execução desta nova cidade.  Mas você tem deveres hoje também, alem de não conduzir bêbado de alegria.

25 May 2009

The Amazon Rainforest and Prince Charles

The Amazon rainforest is a globally recognized brand to which many people have tried to associate their images.  Saving the Amazon is a battle cry for many different segments across society.  However, very few initiative have the legitimacy of working closely with local populations and governments in the Amazon before defending such a cause to the world.  The usual result is an empty argument that often does more damage by increasing the level of misunderstanding about the region.  I would like to point out, amid such confusion, one initiative that stands out: Prince Charles Rainforest Initiative.  Prince Charles and his advisors visited the Amazon, listened to local leaders and populations and design their position based on understanding the region, not on romantic views.  I would like to recommend visiting his website and finding out more about how you can help.

Youtube video 





24 May 2009

Por que tudo é ilegal na Amazônia?

Acostumamo-nos a um profundo nível de ilegalidade em nossas vidas e arredores.  Olhe em torno de si e tente identificar o que é legal.  A construção na qual você se encontra talvez não tenha o habite-se.  O restaurante onde você almoça talvez não tenha licença sanitária e não dê nota fiscal.  Será que o peixe que você comeu foi capturado de forma legal?  O funcionário da mercearia que você frequenta tem carteira assinada?  Recebe um extra por fora?  

Se formos ao interior do Amazonas, a situação é ainda mais complicada.  Desde as prefeituras com dívidas frente ao INSS até os mercados e lojas sem CNPJ e cidadãos sem certidão de nascimento ou CPF.  Os aeroportos e portos em muitos casos não atendem às normas nacionais.   Vive-se uma situação de fantasmagórica inexistência.  Há dois motivos principais para esta situação: 1) leis que foram escritas muitas vezes em gabinetes em Brasília de forma incompatível com a realidade e 2) a aceitação por parte de amazonenses de ilegalidades como práticas normais, mesmo quando as leis são adequadas.

Há avanços em alguns destes quesitos.  Por exemplo, o deficit de certidões de nascimento se reduziu nos últimos anos, assim como matrimônios comunitários tornaram casais legais perante a lei.  Um forte motivo tem sido o incentivo gerado pelas possibilidades de recepção do Bolsa Família e aposentadorias rurais.  Melhorias na fiscalização ambiental têm permitido o crescimento de uma economia formal de produtos florestais (madeireiros ou não) e algumas obras têm possibilitado a melhoria e legalização de aeroportos e portos.  A frente mais crucial desta batalha, entretanto, está sendo travada agora, com a regularização fundiária, na forma da Medida Provisória 458.  A despeito de muitos esforços com regularização e distribuição de títulos de propriedade, ainda temos um enorme volume de terras com ocupação irregular; é exatamente este o alvo da MP.

Os benefícios de regularização fundiária são inúmeros: 1) acúmulo de riqueza: só se investe com segurança jurídica de que sua propriedade está protegida; 2) responsabilidade: não há como se responsabilizar um mero ocupante da terra por crimes ambientais ou mesmo tributários, ocupante que muitas vezes não tem nenhum bem nem riqueza, 3) crédito: não há como se contrair crédito sem a propriedade da terra, eliminando-se assim uma das mais importantes alavancas do crescimento.  Não é possível chegar na sociedade que sonhamos sem estes três avanços.

A regularização fundiária proposta na MP 458 visa legalizar a ocupação de grande parte da Amazônia.  A oposição a esta proposta, principalmente de entidades ambientais, vê a concessão de terra a ocupantes ilegais como a legitimação de um crime passado.  Esta é uma visão simplista e de curto prazo; a pergunta verdadeira é "Qual o trajeto mais curto do presente a uma Amazônia conservada e próspera?".  A resposta definitivamente passa pela redução da informalidade em todas as suas formas, inclusive a territorial; a alternativa é criminalizar ainda mais todas as atividades amazônicas, nos aproximando do cenário de santuário despido de ocupação.  Não o queremos.

A formalização de uma economia é um processo lento.  Todo o cuidado deve ser tomado para evitar injustiças, sabendo que mesmo assim algumas ocorrerão.  No caso da regularização fundiária, é necessário um processo de transição que permita aos ocupantes atuais se legalizarem e se tornarem cidadãos, proprietários e responsáveis perante a lei.  A MP458 é uma lei imperfeita (como todas) que ao menos foi desenhada com as complexidades da Amazônia em mente; difere das tradicionais leis que igualam São Paulo de Olivença à homônima do sudeste.  Ela é um passo rumo à construção da economia amazônica que é nosso destino, que permitirá novas fontes de geração de renda, maiores e mais sustentáveis que as atuais.

O que não se pode permitir é que leis tornem povos inteiros criminosos, simplesmente para aplacar consciências culpadas de outrem.  

14 May 2009

Documentário online sobre a vida na Amazônia

Mais bem composto documentário a respeito da vida na Amazônia.  Vale a pena.  Após assistir, venha conhecer.

09 May 2009

O Amazonas e a crise mundial

Já se vão sete meses depois do fatídico 15 de setembro, quando o mundo financeiro parou e ajoelhou-se.  Previsões originais oscilaram de zero a prenúncios do fim do mundo.  É possível avaliar alguns dados e tirar conclusões a respeito do real impacto da crise no Amazonas, principalmente sobre trabalhadores, empresas e governos.  

 

Trabalhadores - tínhamos ao final de março 456 mil amazonenses com carteira assinada, 13 mil a mais que o mesmo mês de 2007, 8 mil a menos que o mesmo mês de 2008.  Esta queda se concentra no segmento industrial, com perda de 7 mil postos de trabalho.  Comércio e serviços, após quedas em janeiro e fevereiro, já demonstraram recuperação de contratações em março, atingindo patamares de emprego semelhantes ao mesmo período de 2008.  A construção civil, após um primeiro bimestre fraco, atingiu a estabilidade em março, com balanço de perda de 1 mil empregos no total. Em relação a março de 2008, cresceu um pouco o número de amazonenses inscritos no SPC (12%), mas o volume salárial do estado se manteve estável, dado que a arrecadação previdenciária neste período cresceu 3%.  Apesar da crise, nossos consumidores continuam em forte ritmo de consumo, como indica o ICMS do comércio (5% de crescimento) e o emplacamento de carros novos -- não esperemos alívio no trânsito devido à crise.

 

Empresas - avaliemos empresas sob quatro aspectos: investimentos, faturamento, importação e lucratividade.  Apesar de um bom número de novas empresas sendo abertas - 593 em março vs 511 em março de 2008 - o volume de investimentos aprovados para incentivos no CODAM caiu pela metade em relação ao início de 2008.  O volume de crédito, necessário ao investimento, mostra alguns sinais de retomada do crescimento, após um 4o trimestre de 2008 de contração e um início de ano de estabilidade.  O faturamento do PIM retornou a patamares de 2007, apesar de que o faturamento de todas as empresas no Amazonas ter se mantido estável com 2008, devido principalmente ao bom desempenho de comércio e serviços (indicados pela arrecadação estadual no segmento).  Mesmo as indústrias, em abril e maio começam a indicar uma singela melhoria no volume de pedidos recebidos, ainda não ao nível de 2008 mas de significativa melhoria sobre o 1o trimestre.  O volume de importação de nossa indústria, que serve como indicador dos planos futuros de produção, mostrou uma leve recuperação (USD493 milhões, vs USD401 milhões de fevereiro, nível mais baixo em 3 anos).  Onde temos hoje os indicadores mais complicados são na lucratividade empresarial; sabe-se que sem rentabilidade a atividade empresarial não é sustentável.  Em março tivemos uma queda na lucratividade de empresas amazonenses, denotada pela queda de arrecadação de IR Pessoa Jurídica, de R$117 milhões em março de 2008 para R$83 milhões em março de 2009.  Tal situação, se persistir no médio prazo, tende a fragilizar nossa economia e interromper quaisquer recuperação.

 

Governos - A arrecadação governamental, tanto a nível federal quanto estadual, interrompeu sua implacável ascenção, com consequências diferenciadas nos três níveis.  Marcando a entrada da crise, temos um grande esforço de diversos níveis: estadual, com termos de acordo para dar incentivos adicionais a indústrias para não-demissão e um volume de investimentos alto para manter a atividade econômica; federal tributário, com reduções de tributos, desde motocicletas a linha branca; federal financeiro, com o Banco Central de protagonista com liberações extraordinárias de recursos, reduções de juros e garantias a instituições financeiras menores juntamente a gastos adicionais com moradia e ampliação de crédito através dos bancos oficiais.  Entretanto, a situação orçamentária, que já tendia à complicação, foi exacerbada por tais movimentos.  A arrecadação federal no Amazonas caiu de R$613 (março 2008) para R$591 milhões em 2009 (3%), enquanto que o ICMS estadual caiu de R$302 para R$279 milhões (7%).  Ao nível estadual, acumulou-se recursos em 2008 que permitem hoje a política, se não expansionista, ao menos preservacionista de atividade econômica; ao nível federal foi necessário reduzir a meta de superávit primário, além do alívio de juros mais baixos; o problema se torna hoje os municípios, com menos flexibilidade e preparação para enfrentar um cenário de arrecadação decrescente.  

 

É precoce neste momento profetizar a recuperação econômica iminente, apesar de sonhar ser permitido a todos.  Também não nos encontramos defronte depressão.  Mais prudente é, enquanto mantemos nossas provisões para um inverno mais longo, iniciar o plantio de um futuro melhor.  Tem menos trabalho devido à crise?  Com o seu tempo livre, estude ou sente para estudar com seus filhos e netos, participe de sua comunidade, renove seus valores lendo a Bíblia, lembre-se do ser humano que você um dia sonhou ser.  Como já dizia Gandhi, seja você a mudança que você quer ver no mundo.  

06 May 2009

Um punhado de boas notícias

Em meio a uma onda global de incipiente otimismo frente a uma dramática crise, a economia amazonense adiciona seu micro-quinhão ao mundo.  

Buscando soluções do século XXI aos eternos problemas de isolamento e pobreza da Amazônia, duas notícias relativas à inclusão digital trazem alento.  A primeira, que até abril de 2010, teremos todas as sedes de município no Brasil (e consequentemente no Amazonas) cobertas com telefonia celular 3G.  Dado o fato hoje já muito difundido e aceito de que o telefone celular é de vital importância à inclusão social, adicionado à situação atual de que apenas 31 municípios no Amazonas têm esta cobertura, podemos vislumbrar o impulso econômico que os mais pobres e isolados municípios do Amazonas devem sentir.

http://www2.camara.gov.br/internet/homeagencia/materias.html?pk=134158

Adicionalmente, a Vivo agora prepara o lançamento da conexão entre Manaus e Belém (através de Santarém) do sinal de telefonia celular, o que adiciona uma saída de dados às duas já existentes e de alto custo (ligação Manaus-Porto Velho da Embratel e satélites).  Esta conexão deve ser lançada em dois meses e será complementada pela Oi, que também prepara o lançamento de fibra ótica da Venezuela até Manaus no início de 2010. 

http://portalexame.abril.com.br/ae/economia/vivo-prepara-linha-terrestre-manaus-belem-380057.shtml

Por último, notícia antiga já para os amazonenses mas que ganha o mundo através do Bloomberg é a enorme reserva de silvinita.  O Bloomberg anuncia que o Brasil agora tem a terceira maior reserva de potássio (atrás apenas de Canadá e Rússia), baseado na reserva de Nova Olinda do Norte no Amazonas.  Esta reserva, se e quando explorada, torna o Brasil auto-suficiente em potássio e possivelmente exportador.  

http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601086&sid=axWs4cd5GiqE&refer=news

 

Nada como um punhado de boas notícias.

05 May 2009

Amazon rainforest news articles from across the world

News on the Amazon rainforest is abundant across channels and countries.  However, there is hardly a place that compiles it all in a non-political fashion.  The site below is an attempt to do so.


27 April 2009

Conservação da Amazônia com incentivos positivos

Há um princípio básico que norteia a discussão de incentivos à preservação: é necessário que haja incentivos positivos para a conservação da Amazônia (remuneração) e não apenas os usuais incentivos negativos (aprisionamento e multas). Para concretizar esses incentivos positivos, precisamos nos preocupar com duas questões: a origem dos recursos e o seu destino. Exploremos algumas alternativas no que diz respeito à origem de recursos:

Mecanismos voluntários de redução de redução de emissões de gases de efeito estufa – as duas frentes sendo trabalhadas hoje para captação de recursos, no Brasil, exploram esta alternativa. Temos o Governo Federal captando, via Fundo Amazônia, doações voluntárias, principalmente de outros governos nacionais, para preservação da Amazônia, sem clara vinculação à área e à maneira pela qual serão empregados os recursos.

Temos também indivíduos e Estados buscando captar recursos nos âmbitos nacional e internacional vinculados à conservação de carbono em áreas específicas. Uma das propostas é a venda de créditos de carbono resultantes da redução de emissões do desmatamento e degradação (REDD); neste caso, enquadra-se o Amazonas, que recebe recursos da cadeia de hotéis Marriott por meio de um mecanismos de neutralização de carbono baseado na implantação de um projeto de REDD na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Juma.

Uma alternativa bastante discutida, mas ainda não posta em prática, é o reflorestamento de áreas degradadas da Amazônia (cerca de 17% da região). Um local onde estes créditos poderiam ser negociados em mercado é a Chicago Climate Exchange (CCX), que se destaca como principal centro de negociação de carbono voluntário no mundo. Uma proposta é que a CCX se torne o mercado formal para os EUA quando este tiver compromissos de redução de emissões. Inserção de créditos de carbono florestal (REDD) em mercados formais. A primeira e mais discutida alternativa é a inserção do mecanismo REDD no Protocolo de Kyoto. As discussões para a próxima versão do Protocolo de Kyoto devem ocorrer em Copenhagen em Dezembro de 2009 e vão determinar a forma que o protocolo vai tomar a partir de 2012, quando os compromissos do atual protocolo de 1997 terminam.

Entretanto, o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério do Meio Ambiente brasileiros não se mostram muito simpáticos a esta proposta. Uma alternativa é tentar incluir créditos de REDD em mercados nacionais ou subnacionais de negociação de carbono. O memorando de entendimento assinado entre o Amazonas e os estados americanos da Califórnia, Wisconsin e Illinois propõe discussões para este tipo de inclusão.

Outras conexões incluem os rios voadores, que partem da Amazônia em direção ao centro e sul da América do Sul, abastecendo não só a agricultura no resto do Brasil e Argentina mas também as hidrelétricas que fornecem a maioria da energia brasileira.

Uma última alternativa, enquanto o mundo não dá valor financeiro a serviços ambientais, é utilizar recursos do Tesouro para criar estes incentivos positivos. Nesta direção, o Amazonas contribuiu com R$ 20 milhões (com R$20 milhões adicionais repassados pelo Bradesco) para instituir a Fundação Amazonas Sustentável (FAS), que remunera áreas protegidas no estado pela conservação, conforme descrito mais adiante. O destino dos recursos, se existentes, deve ser discutido amplamente na sociedade, especialmente dentre aqueles cujas ações origina-os.

Consideremos, para efeito de cálculos simples, que cada hectare de floresta tem em média 500 toneladas de CO2-equivalente armazenado; consideremos no mercado voluntário um preço de R$ 10 por tonelada e, no mercado formal (Kyoto), um preço de R$ 40. Eis algumas alternativas: Proprietário privado da terra: aqueles que de direito detêm a terra devem receber os recursos. Se um proprietário tem o direito de desmatar 20% de sua terra e existem incentivos econômicos para fazê-lo, deve haver a alternativa dele ser remunerado pela escolha de não fazê-lo. Neste contexto, a regularização fundiária é essencial. De acordo com a metodologia REDD (se formos buscar financiamento internacional), é preciso estabelecer um cenário business-as-usual (BAU) para definir as áreas de provável desmatamento; apenas estas áreas receberiam os créditos ou a remuneração.

Se o Brasil escolher criar seu próprio sistema autônomo, poderia utilizar também as metodologias científicas que identificam o BAU para determinar onde remunerar mais ou menos. Para efeito de cálculo, um proprietário com 100 hectares no arco de desmatamento, que, podendo desmatar 20, não o fizesse, teria direito a 20 x 500t = 10.000 toneladas de carbono. Ao preço do mercado voluntário, R$100 mil. Consideramos o modelo ideal para utilização de recursos um fundo fiduciário (endowment fund) no qual os juros apenas são a remuneração, encorajando assim o proprietário a manter ad infinitum a área conservada.

Se considerarmos juros reais anuais de 6%, o proprietário teria um retorno de aproximadamente R$ 500 por mês, ou R$ 5 por hectare por mês. Este valor é suficiente para evitar o desmatamento, especialmente dado que o fluxo de caixa é altamente positivo com a conservação, versus a alternativa (agricultura em geral envolve grande investimento inicial). Estes rendimentos devem ser não-tributáveis. Fugindo da metodologia REDD tradicional, uma alternativa é que os recursos vão ao gerador do benefício, sem considerar o quanto ele está em risco.

Assim, um proprietário de terra em São Gabriel da Cachoeira (com baixa pressão de desmatamento) seria remunerado por preservar X toneladas de carbono da mesma forma como alguém em Lábrea (sob alta pressão). Dado que os benefício atmosféricos, de biodiversidade e de carbono podem ser semelhantes, é uma opção alternativa de distribuição justa, apesar de menos eficiente no combate ao desmatamento.

11 April 2009

Quem quer ser um piscicultor milionário (em 2029)?

Há seis segmentos econômicos que consideramos prioritários ao futuro amazonense: 1) indústria, 2) turismo, 3) energia, 4) serviços, 5) recursos naturais e agro-silvicultura e 6) serviços ambientais.  Tomo aqui a oportunidade de focar dentro da agricultura, em temas como silvicultura e piscicultura.  Há dois objetivos principais: a) convencer a todos que é preciso sim ter atividades rurais no Amazonas, obviamente sempre pautadas por sustentabilidade ambiental, e b) encorajar alguns potenciais empreendedores (você). 

Excluindo-se Manaus, Coari e Presidente Figueiredo, todos os demais municípios do Amazonas têm como vocação principal e muitas vezes única a atividade rural, seja ela pesca, extrativismo, pecuária, manejo florestal, silvicultura, agricultura ou piscicultura.  Mais da metade dos amazonenses lá vivem.  É desnecessário e injusto pedir que vivam em meio a um santuário florestal; é mito criado em gabinete de Brasília achar que é possível banir agricultura no Amazonas.  É apropriado e desejável que se busque boas práticas de utilização do solo com alta produtividade (e consequente renda) em conjuntura com a consevação de nosso patrimônio ambiental.  Para início de conversa, já temos 2% de nosso território desmatado, o que equivale a mais de 3 milhões de hectares, que por si só seriam suficientes para grandiosa produção rural.  

Começo pela piscicultura.  As melhores práticas, com alevinos de qualidade, ração apropriada, tanques adequados e monitoramento veterinário, permitem uma produtividade de entre 8 e 10 toneladas por hectare por ano, seja de matrinxã ou de tambaqui (as duas espécies mais estudadas e melhor conhecidas).  A um preço conservador de R$5 por quilo de peixe, a renda anual atingiria R$45 mil por hectare por ano.  Um módulo produtivo de 10 hectares proporcionaria renda de R$450 mil.  Metade desta renda em geral é gasta com ração e um quinto é atribuível a outras despesas (energia, água, mão-de-obra, etc.), deixando um lucro de cerca de R$130 mil (antes da dentada do leão).  

Comparemos este cenário com a tradição amazônida de plantar mandioca.  Um hectare, com tecnologia tradicional, produz cerca de 10 toneladas por hectare por ano.  Estas geram aproximadamente 2,5 toneladas de farinha, ao preço médio (no produtor) de R$1 por quilo, gerando renda de R$2,5 mil por ano.  É claro que grande parte desta produção serve de subsistência familiar, sobrando menos da metade.  Dado alto volume de trabalho, quando este não é mecanizado, cada família pode cuidar de pouco mais de um hectare.  Está assim garantida a subsistência e institucionalizada a pobreza eterna.  Com módulos produtivos maiores e melhor tecnologia e mecanização, atinge-se até 30 toneladas por hectare; com um pouco de tecnologia, produz-se fécula de mandioca, de grande valor agregado e demanda de quase 100 mil toneladas apenas em Manaus; quebra-se assim o ciclo de pobreza sem fim ribeirinho.  

Na mesma categoria do "um hectare de mandioca" está a pecuária extensiva; em um hectare a produtividade máxima anual é de 200 quilos (um boi) e o dano ambiental é máximo.  É imperativo eliminar de nosso estado esta pecuária extensiva de baixa tecnologia, que assim como a mandioca de um hectare renova o ciclo de pobreza no qual nosso caboclo está imerso.  Entretanto a pecuária extensiva assim como a mandioca são de simples e barata implantação. 

Aos investidores mais planejados, temos a silvicultura de espécies como teca, mogno, borracha e pau-rosa.  Estas, apesar da necessidade de um capital de giro elevado, têm o potencial de verdadeiro enriquecimento a longo prazo.  Por exemplo, aos preços atuais, um m3 de mogno atinge cerca de R$5 mil.

Outras alternativas incluem a citricultura, o dendê, a criação de abelhas, a pecuária e caprinocultura intensivas, dentre outros.  Tomamos uma decisão estratégica de sermos o estado mais bem preservado do Brasil (potencialmente do mundo).  Esta decisão não está em conflito com uma boa utilização das áreas já desmatadas e de baixa produtividade.  E mesmo do ponto de vista ambiental, antes decidirmos ativamente as formas que queremos utilizar nosso território que deixar que atividades de baixa produtividade como a pecuária extensiva o ocupe.

Parto com um simples proposta - seja um milionário em 20 anos.  Com 10 hectares de piscicultura nos arredores de Manaus, a renda pós-IR pode chegar a R$100 mil/ano.  Economize 20% deste total e, com rendimento de 10% ao ano, em 20 anos você será um milionário.  Cultive essa idéia.

30 March 2009

Redução de impostos para enfrentar a crise no Amazonas

O Governo Federal hoje reduziu a COFINS sobre motos (de 3% para 0%) por 3 meses para reduzir os impactos da crise sobre o Polo Industrial de Manaus.  O Governo Estadual adicionou uma redução de ICMS sobre a venda inter-estadual de motos para assinar termos de acordo com as empresas com o objetivo de manter o volume de empregos em Manaus.

Além disso, o Governo Federal ampliou a gama de segmentos que podem receber incentivos da SUDAM, incluindo segmentos como descartáveis e o setor ótico.  Estes são pleitos antigos que vinham reduzindo a atratividade de novos investimentos.  Com esta medida, empresas como Essilor, BIC e Gillette terão imposto de renda reduzido para fazer novos investimentos.

29 March 2009

BR-319, Serviços Ambientais e Quemos Somos

2009 deve ser lembrado como um ano de transição.  O império dos bancos de investimento norte-americanos chega ao fim, em conjunto com o reinado dos sheiks e a economia do consumo sem limites.  Em meio à crise, um pequeno detalhe global pode passar desapercebido: o fato de que cada vez mais as evidências apontam na direção de que o homem tem causado mudanças climáticas sérias e muitas vezes irreversíveis.  Então enquanto 2009 nos açoita com complicações econômicas e um novo vocabulário composto por anglicismos como sub-prime, também apresenta o que pode ser a maior oportunidade desde que os militares tiveram a idéia de criar uma Zona Franca.

Nove governadores amazônicos se reunem em Cuiabá no dia 1 de Abril, em um evento de nome Katoomba (gosto discutível), para definir uma posição conjunto a respeito de serviços ambientais (em outras palavras, de como remunerar a Amazônia pela preservação).  A posição do Governo Federal tem sido tanto tímida quanto centralizadora -- não se busca maximizar o retorno pelo imenso investimento em preservação que o Brasil fez e faz na Amazônia ao longo de mais de 300 anos de ocupação (ocidental), mas sim um leve compromisso descompromissado e a canalização do retorno pelo funil da burocracia federal.  É necessária e urgente a mudança de perspectiva, sob o risco de perdermos o bonde da história que aponta na direção de um acordo histórico em Dezembro deste ano em Copenhagen, onde se definirá as metas para a continuação do Protocolo de Quioto e se florestas tropicais devem ou não ser remuneradas e como. 

No coração deste debate está o tópico de responsabilidade e capacidade do Brasil.  Como exemplo, a BR-319.  O Brasil está sim determinado a construí-la; entretanto, há também a determinação de não cometer os erros do passado que fizeram com que estradas fossem vetores de desmatamento.  As duas determinações serão cumpridas, pois hoje dispomos sim da capacidade de monitorar nossa Amazônia e da responsabilidade política para tomar atitudes contra o desmatamento.  Ao mesmo tempo que é um absurdo uma cidade do porte de Manaus, quase 2 milhões de habitantes, se ilhar propositalmente do país, é também um absurdo que no século XXI ainda permitamos a degradação improdutiva e empobrecidade da floresta.  Constituímos esta semana 6 unidades de conservação ao longo do trajeto da estrada, todas com orçamento para tanto elevar o bem estar daqueles lá vivendo quanto monitorar e coibir qualquer desmatamento ilegal; em outras unidades estabelecidas anteriormente com recursos de forma semelhante conseguimos atingir a meta de desmatamento zero, mesmo em áreas sob pressão.  Tomamos as medidas que quaisquer entidade responsável pelo incrível patrimônio que gerimos deveria; temos sim a capacidade e a responsabilidade.

O Amazonas tem tentado liderar o país na valorização da floresta em pé, com preços mínimos para produtos sustentáveis, educação e treinamento via satélite em todos os rincões do interior e o programa Bolsa Floresta, como exemplos de formas para enriquecer nossa população preservando a floresta.  Reduzimos assim de mais de 1,5 mil km2 para menos de 0,5 mil km2 o desmatamento em cinco anos. 

Dado que o alcance de nosso orçamento é limitado, nos voltamos ao mundo em busca de reconhecimento, não esmolas.  

23 March 2009

Os Rios Voadores da Amazônia

Além de grande seqüestradora de carbono e estoque da biodiversidade global, o terceiro grande serviço ambiental da Amazônia é como reguladora do ciclo hidrológico na atmosfera.  Cada vez mais evidências científicas mostram a provisão de tais serviços.

Alguns artigos recentes mostram:

1) o quanto as florestas, através de VOCs (Volatile Organic Compounds), interagem com a chuva e nuvens

http://www.nature.com/nature/journal/v452/n7188/full/nature06870.html

2) o quanto o fogo em florestas tropicais inibe a formação de nuvens e subsequentemente chuvas

http://news.mongabay.com/2005/0414-rhett_butler.html

 

Para tirar suas próprias conclusões, vide o seguinte vídeo no Youtube que mostra o fluxo de vapor e nuvens na atmosfera.  O branco é vapor, o laranja é tempestade. 

http://www.youtube.com/watch?v=PTH-mTjqP1g

Como se pode ver, a Amazônia pulsa ritmicamente com chuvas.  O Vapor entra na Amazônia pelo Atlântico a caminho dos Andes.  No caminho este vapor se torna chuva várias vezes; em todas elas, a chuva retorna à atmosfera pela transpiração da floresta.  Uma grande árvore na floresta transpira mais de 300 litros por dia e é o acúmulo de todas as árvores na região faz com que as chuvas sejam continuamente recicladas à atmosfera. 

A chuva que chega aos Andes é redirecionada, parte ao norte passando pela América Central, Flórida e indo bater na Europa, parte ao sul, abastecendo de chuva as hidrelétricas brasileiras e o agro-negócio brasileiro e argentino.

A pergunta ainda sem resposta é o quanto de desmatamento interromperia este ciclo, fazendo com que as chuvas na Amazônia retornassem ao Atlântico sem chegar aos Andes.  Especulamos apenas, mas preferimos não saber a resposta. 

22 March 2009

Amazonas Digital funcionando em Manacapuru

Este post é feito através do Amazonas Digital.  A cidade de Manacapuru está hoje coberta por redes wi-max e wi-fi abertas a todos sem custo em quase todo o seu perímetro urbano.  Neste momento temos 171 usuários simultaneos conectados em Manacapuru.  Em breve devemos expandir para mais 14 municípios.

14 March 2009

Obama em Manaus - Especulação?

As relações internacionais do Amazonas têm apontado fortemente para o norte.  Recentes ocorrências incluem as seguintes visitas a Manaus: 
  • Líder Maior Militar dos EUA, Almirante Mike Mullen, 
  • Dez vice-ministros canadenses, incluíndo pastas como Saúde, Meio Ambiente, Relações Externas, Agricultura e Defesa.
  • Negociadores de temas climáticos da Califórnia.
  • Diversas visitas do Embaixador dos EUA, inclusive ao festival de Parintins.
  • Vice-presidente do Banco Inter-Americano de Desenvolvimento e o principal representante dos EUA no banco.
  • Várias visitas de líderes do Banco Mundial, num processo de estreitamento de relações do Amazonas com o banco, maioria dos quais tem sido norte-americanos.
Além disso, o estreitamento de relacionamento inclui a ida do Governador do Amazonas aos EUA, com especial destaque à assinatura do Amazonas com o Estado da Califórnia de acordo de cooperação em busca de mitigar o aquecimento global e preservar florestas tropicais.  

Em meio a este contexto, surge na mídia norte-americana a especulação de que o Presidente Obama viria a Manaus em sua primeira visita à América do Sul.  Faria a visita sob recomendação de seu principal conselheiro de segurança, James Jones.  Vide link no site do Governo dos EUA:

Por enquato é apenas especulação, mas seria definitivamente um coroamento a uma política ambiental que reduziu o desmatamento no Amazonas de mais de 1,5 mil km2 em 2003 para menos de 500 km2 em 2008.

O Sudão, a Amazônia e Você

Esta semana o Tribunal Penal Internacional emitiu ordem de prisão ao presidente do Sudão, Al Beshir.  O motivo é simples e claro: ele foi um dos principais responsáveis por 400 mil mortos e quase 3 milhões de refugiados (praticamente um Amazonas) em um conflito ocorrido no sul do Sudão, em Darfur.  Note-se que não se discute se houve ou não genocídio -- está claro que sim.  Também não se discute o envolvimento do dito presidente -- isto também é claro.  Entretanto, há sim uma forte discussão, da qual o Brasil faz parte, se a ordem de prisão deveria ou não ser emitida.  

Há uma linha clara no mundo: a vasta maioria de países democratas que respeitam direitos humanos se posiciona a favor da prisão; do outro lado, com raras exceções, temos ditaduras principalmente africanas, muitas delas com medo de, sendo estabelecido este precedente, serem as próximas a terem seus líderes aprisionados.  E aqui entra a posição brasileira -- o Brasil se opõe a prender o líder sudanês.  E por que?  Porque o Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) tem como meta entrar como membro permanente para o Conselho de Segurança da ONU (hoje composto apenas por Inglaterra, EUA, França, China e Rússia) e quer o apoio destes mesmo ditadores para chegar lá.  É um caso clássico de tentar fazer o fim justificar os meios.  Mas acredito que há mais por detrás desta decisão; há uma outra tradição no Brasil, infeliz e imoral, de não botar autoridades detrás de grades.  Vide mensalões e castelos.  É triste ver este costume se infiltrar no Itamaraty, órgão que abarca a elite de nosso serviço público, e ser refletido também em nossa política externa.  

O argumento de que protegemos mais os sudaneses sem incomodar seu líder também é falho.  Após a ordem de prisão, o presidente do Sudão ordenou a expulsão de ONGs humanitárias do seu país, pondo em risco a segurança alimentar de mais de um milhão de pessoas.  Críticos não devem culpar a ONU por tal situação, mas sim a clara irresponsabilidade de um líder que claramente viola toda e quaisquer direito humano para se manter no poder.  Apaziguar tal líder é apenas empurrar com a barriga um problema, pois não há em tais circunstâncias oportunidade de negociação -- assim como não houve na Alemanha nazista, Rwanda ou Bósnia.

Ouso dizer que esta não é a moralidade do brasileiro.  A imagem do brasileiro no exterior é a melhor possível; somos bem recebidos em todos os rincões do mundo.  Devemos sim utilizar esta imagem positiva para influenciar positivamente o mundo.  O Brasil ganha importância no mundo, tanto politicamente quanto economicamente; e com este poder adicional, crescem nossas responsabilidades.  E a responsabilidade número um é evitar a reincidência do genocídio no mundo.  Caso contrário, se nos apresentarmos ao mundo como líderes de ética duvidosa, então que o mundo ao menos seja responsável de não nos conceder esta liderança.  Mas insisto que a despeito de Renans e Delúbios que assolam nosso país, somos um povo que quer justiça e respeito aos direito humanos.  Nosso povo vê a defesa de vítimas e a punição de atrocidades como imperativos morais.  Nossa política externa precisa refletir quem somos.  Não temos como resolver os problemas do mundo, mas ao menos devemos nos posicionar do lado correto da história.

E você por fim se pergunta por que você deve se importar com o Sudão.  Primeiro, lembre-se de onde você mora -- o Amazonas já foi sim palco de massacres de proporções semelhantes. Apesar da maior população indígena do Brasil, a escravidão e assassinato de indígenas ocorrido em nosso território.  Estimativas de antropólogos e arqueólogos põem em cerca de 20 a 30 milhões as populações nativas amazônicas -- hoje em nosso estado não são mais de 100 mil.  Se não bastasse, uma leitura da tetralogia de Márcio Souza a respeito da cabanagem deixa claro que 40% da população masculina da Amazônia foi morta nos idos de 1840.

O Itamaraty não reflete os valores morais de nosso país (talvez apenas os do Governo Federal).  Então protestemos!  Como eles ainda não chegaram na idade do e-mail, precisamos ligar ou mandar carta, vide endereços no link http://www.mre.gov.br/lista_ramais_mre.pdf

Nós amazônidas somos internacionalistas; reduzimos o desmatamento a nosso custo quando os maiores beneficiários são o resto do mundo.  Seria triste que nosso histórico de buscar o melhor para o mundo seja obliterado pela sede de meia dúzia de burocratas em Brasília que sonham com um trono para si.  Mal sabem que no caminho que seguem, se e quando chegarmos lá, este trono terá virado vaso sanitário.

11 March 2009

Príncipe Charles visita o Amazonas

Esta semana a principal notícia amazonense do tema ambiento-internacional é a visita do Príncipe Charles, 1o sucessor à Coroa Britânica.  

O Príncipe pretende juntar os 9 Governadores da Amazônia (6 já confirmados) em Manaus, em conjunto com o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério do Meio Ambiente, em busca de soluções conjuntas para o desmatamento e a pobreza na Amazônia.

Apesar de um neófito no tema Amazônia, o Príncipe tem forte apelo midiático e é mais uma contribuição para a inclusão de mecanismos econômicos na revisão do Protocolo de Kyoto -- aos quais ele já se mostra favorável -- que ocorrerá em Copenhagen em Dezembro de 2009.

O Príncipe fica três noites em Manaus, onde ele pretende visitar também representantes indígenas e o interior da região.

08 March 2009

Amazon.com Review: Floods of Fortune

Floods of Fortune
Floods of Fortune
by Michael Goulding
Edition: Paperback



 
4.0 out of 5 stars STRANGE MIX OF AMAZON RELATED THEMES, GOOD OUTCOMEMarch 1, 2009
This book is written by some of the most knowledgeable and experienced Amazon scientists and explorers; having said that, it is unclear who the target audience is, since the book mixes part history of the region, part biology, especially as it relates to the floodplain, and part policy recommendations (with a strong environmental focus). 

Though the book is very interesting and has especially good photography on the underwater floodplain, it is difficult to recommend it to a specific audience, since, for example, there are better books for tourists; there are also better books for history buffs; same for biologists. I guess it is for you if you find yourself at the intersection of these and need imagery to get a sense of what you read.

04 March 2009

Amazon.com Review: Designing Inclusion


Designing Inclusion: Tools to Raise Low-end Pay and Employment in Private Enterprise
by Edmund S. Phelps



 
5.0 out of 5 stars THE ECONOMICS OF SOCIAL INCLUSIONMarch 1, 2009
Edmund Phelps is the very best eocnomist to tackle employment as a problem to be solved. In this very short book, Phelps puts in policy making language the findings that have made him famous and earn a Noble Prize. 

The problem is clear: how to improve the lot of low wage earners. Low wages, though they may seem economically efficient, carry along heavy social externalities, such as malnutrition, poor education, poor health, etc. Phelps explores the economic alternatives to improve the lives of low wage earners. He carries the reader through his thinking, presenting ample evidence and reasoning so that the reader arrives at his well thought out conclusion. 

Just as an advance of the book (in order not to leave one in suspense), his main conclusion is that a subsidy for companies to hire workers at a certain wage (a minimum social wage) is the best way to stimulate profit seeking companies to adjust wages to that level. A small subsidy is generally sufficient to achieve a good improvement in wages.

28 February 2009

Parceria Copa-KLM leva Manaus à Europa

Manaus agora conta com uma alternativa mais rápida de voo com a Europa.  Por USD 900 (preço muitas vezes semelhante ao voo Manaus - São Paulo sob o duopólio TAM/GOL), amazonenses agora podem ir e voltar da Europa.  

O voo ocorre duas vezes por semana, em codeshare da KLM com a Copa Airlines, com conexão imediata na cidade do Panamá.  Com um total de menos de 14 horas de voo e conexão, é a mais curta e mais barata opção para amazonenses e europeus se conectarem.  

Vide mais notícias a respeito: