19 October 2008

A Amazônia e o Terceiro Milênio

Artigo de Samuel Benchimol de Janeiro de 1997


I. ANTEVISÃO 

O futuro não acontece por si mesmo. O seu fábrico é produto de ação planejada, aleatória e intuitiva dos indivíduos e da sociedade política, econômica e juridicamente organizada. Contém elementos e forças internas e sofre influências conjunturais e estruturais do país e do exterior. 

Deste modo, a grande diversidade de variáveis e vetores que atuam e interferem na construção do futuro impõe o exercício de simulações, modelos e cenários. Este exercício pressupõe tentativas de penetração e exploração de novas avenidas e horizontes, tentando visualizar o que poderá ocorrer se as variáveis usadas estiverem corretas e não sofrerem desvios e mudanças significativas. 

O futuro, porém, não está contido apenas no passado e no presente. Ele depende, também, de ação e de vontade conduzidas pelas lideranças esclarecidas e dinâmicas, a serviço dos interesses comuns. Sobretudo não se pode desprezar o papel da ciência, da tecnologia e da biotecnologia tropical para a solução dos problemas ambientais e do crescimento sustentável que combine o uso dos recursos naturais com a conservação dos ecossistemas, atendendo as necessidades e a solidariedade diacrônica da população atual com as gerações futuras. Novas invenções e descobertas podem alterar o rumo e o desenvolvimento social e econômico do futuro. 

Não se deve menosprezar o conceito de que a expectativa do fato pode criar o próprio fato. Uma tomada de consciência positiva, realista e de esperança voltada para a melhoria de vida e para o desenvolvimento sócio-econômico regional, constitui o primeiro passo nessa direção. De outro lado, não se pode esquecer o fato de que nas sociedades carentes o quotidiano assume tal proporção que o engenho e a arte se desligam do amanhã e se concentram apenas no clamor e nas soluções de emergência do dia-a-dia. 

Por isso, é importante incluir nesse quadro prospectivo as influências, pressões e constrangimentos ecológicos e ambientais que, partindo de dentro ou fora do país, podem frear ou inviabilizar o desenvolvimento, transformando a Amazônia num santuário ecológico para desfrute da vida selvagem e do turismo exótico. 

Nos cenários e projeções que antecedem o terceiro milênio, na Amazônia, é preciso ter em mente que o objetivo básico é de sinalizar uma esperança e assinalar, por antecipação, o que podemos fazer para bem decidir, face aos desafios e potencialidade da região amazônica, e o que podemos oferecer, como contribuição, para solucionar as atuais crises e impasses que o país e o mundo atravessam. 

Ao lado do enorme potencial amazônico de recursos naturais, florestais, minerais, energéticos e biotecnológicos é preciso relembrar que esses recursos per si não garantem a certeza de um desenvolvimento sustentável. É preciso criar condições de infra-estrutura científica, tecnológica e, sobretudo, de recursos humanos qualificados para que esse nível de bem estar futuro venha a acontecer. O cenário do futuro não contempla nível de emprego e renda para analfabetos formais e funcionais, iletrados, inumerados ou não informatizados. O bom saber e o bem fazer serão instrumentos indispensáveis para a materialização desse futuro. 

Face às carências materiais das sociedades pobres, muitos podem pensar que, como o quotidiano assume tal proporção e grandeza, todo o esforço, engenho e arte voltados para as projeções e cenários do futuro constituem um preciosismo acadêmico ou um bizantinismo pseudo-científico. Daí a urgência e a prioridade para que todos se concentrem no clamor das soluções e reivindicações de emergência, de prazo curto, do dia-a-dia, que impõe improvisações, atalhos e paranás. Esse posicionamento pode nos conduzir, porém, a um beco-sem-saída e à perda da perspectiva e da esperança, como bem demonstra a crise do mundo globalizado em que vivemos. 

Apesar disso, é bom alertar, de vez em quando, que não basta empurrar a porta, sair e começar a caminhar. É preciso, também, abrir a janela para olhar, pensar, ver, refletir e antever. E não esquecer jamais que, sem romper nosso passado cultural, a nossa identidade amazônica e brasileira, devemos estar de braços e mentes abertos para receber o futuro. 
 
 

II. DESAFIOS 

A próxima centúria, na Amazônia, fará surgir muitos problemas e desafios que terão que ser previstos e antecipados. Entre eles vislumbram-se: 

1. Crescentes pressões das populações do Nordeste, do Centro-Sul e do Centro-Oeste sobre os vales meridionais da calha central, com repercussões no campo fundiário, florestal e ambiental, sobretudo no sul do Pará, Tocantins, norte de Mato Grosso, Rondônia e Acre, que constituem a nova fronteira agropecuária, madeireira e mineral da região, com grandes repercussões nacionais e mundiais em face dos desmatamentos e queimadas já ocorridos, da ordem de 400.000 km2 de florestas nativas, que representam cerca de 10% da floresta pluvial amazônica. 

Essas tensões sociais, econômicas e ecológicas são provenientes do aumento populacional, que passou de 11 milhões de habitantes, em 1980, para 16 milhões em 1990, e deverá atingir 20 milhões de pessoas, na Amazônia Legal, no ano 2000. Essa população passará a exercer forte pressão sobre os recursos florestais, madeireiros, face à extinção da floresta atlântica e das araucárias no sul do país e sobre as atividades agrícolas, minerais e garimpeiras. 

Neste particular, já se percebem as conseqüências desse forte rush florestal, cujas repercussões são pressentidas pelos desequilíbrios que fatalmente causarão no ecossistema e no modo de vida e sobrevivência das populações nativas. Por isso, atenção especial deverá ser dada ao desenvolvimento sustentável para combinar a utilização dos recursos naturais com a conservação ambiental. 

2. Forte pressão sobre os recursos pesqueiros na calha central e nos lagos de várzea, cuja demanda aumentará consideravelmente como fonte de proteína animal de baixo custo. O aproveitamento desses recursos e sua multiplicação através da piscicultura organizada é uma exigência inadiável, pois a exaustão ou a pesca ambiciosa poderá provocar fome no interior e eliminar a possibilidade de sobrevivência da sociedade cabocla. A recente descoberta da reprodução induzida em cativeiro, através das novas técnicas de hipofisão, poderá contribuir para solucionar o problema e tornar a Amazônia em centro mundial de produção de peixes e crustáceos, elevando a atual produção de 200.000 t/ano para 400.000 t/ano no dealbar do próximo século. A biodiversidade e a riqueza ictiológica da Amazônia representada por mais de 2.000 variedades e espécies de peixes podem constituir uma solução para o problema da fome e da insuficiência qualitativa alimentar. 

3. Deslocamento do eixo de produção mineral para a Amazônia Oriental e Ocidental, com a conclusão e plena operacionalização dos projetos de mineração de alumínio de Trombetas, caulim de Jari, ferro e manganês de Carajás, cassiterita de Pitinga, nióbio de São Gabriel da Cachoeira, cassiterita de Bom Futuro, potássio em Fazendinha, fosfato em Maicuru, gás e petróleo em Urucú; e os pólos metalúrgicos de Alumar, Albrás e Alunorte. 

4. As hidrelétricas de Tucuruí no Tocantins, Balbina no Uatumã, Samuel no rio Jamary, e as projetadas usinas de Cachoeira Porteira no Trombetas e no rio Xingú e em outros rios, a despeito dos impactos ecológicos, se bem controlados e ajustados à proteção ambiental, constituem fatores positivos para atender a futura demanda de energéticos a baixo custo, complementado pelas novas usinas em gestação de pequenas usinas hidrelétricas e a utilização de gás natural das reservas de Urucú e Juruá. 

A abundância de energia elétrica combinada com a mineração colocará a Amazônia numa vantajosa posição econômica, além de suas vantagens locacionais. Se todos esses projetos energéticos e minerais chegarem a bom termo, a Amazônia deverá ter o seu produto bruto aumentado em mais de US$10 bilhões anuais no ano 2000. A sua exportação para o exterior que, em 1995, atingiu US$3,5 bilhões deverá ultrapassar a US$5 bilhões na próxima década. 

5. Outro desafio está presente na economia ribeirinha da calha central que, graças à potencialidade e fertilidade das águas e de suas várzeas, como grande produtora de gêneros alimentícios, com base na mandioca, milho, arroz e feijão, poderá, superando as dificuldades atuais da monocultura da juta em decadência, face ao substituto sintético do polipropileno e do transporte granelizado e por containers. 

6. A ocupação dos cerrados no planalto central pela agricultura e pecuária com certeza produzirá um grande efeito de aproximação e multiplicação sobre a economia amazônica da calha central. A medida que essa frente agrícola mediterrânea for sendo incorporada ao país, toda a Amazônia irá sentindo os seus efeitos, quer em função do transbordamento das populações cerradeiras e pantaneiras do centro e centro-oeste em busca das nossas terras virgens, quer em função da criação de novos mercados de produção e consumo, intensificação dos transportes e dinamização dos eixos rodoviários da Belém-Brasília, Cuiabá-Santarém, Campo Grande-Porto Velho e Transamazônica. A produção agrícola de grãos dessa área aproxima-se de cinco milhões de toneladas de grãos e uma parte dela poderá ser escoada pelo rio Amazonas, via rios Madeira, Tapajós e Araguaia-Tocantins. Uma projeção dos cultivos de grãos em Mato Grosso, Rondônia, sul do Pará e Amazonas permite prever uma produção uma produção de dez milhões de toneladas no ano 2010. Outrossim, o rebanho bovino e bubalino que, em 1995, na Amazônia Legal, tinha um efetivo de 35 milhões de cabeças de gado, deverá ultrapassar a 50 milhões na próxima década, sem maior impacto ambiental, graças ao aumento da produtividade, melhoria dos pastos e qualidade genética dos rebanhos, contribuindo para o aumento da produção de leite e carne para melhorar a dieta alimentar do amazônida. 

7. De grande importância para a integração da Amazônia certamente serão os cinco pólos de Belém, Santarém, Manaus, Porto Velho e Rio Branco, naturais escoadouros flúvio-rodoviários da produção regional. 

    7.1- Belém, com a construção do novo porto de Barcarena, dará suporte ao pólo mineiro-metalúrgico da Albrás e Alunorte, com a abundância de hidreletricidade de Tucuruí e com a construção da eclusa do rio Tocantins, tornará viável a grande via fluvial do complexo Araguaia-Tocantins, possibilitando outra via de acesso e transporte para a produção do cerrado e do minério de Carajás e Paragominas, como alternativa da ferrovia de Itaqui, em São Luís, no Maranhão. Nessa altura, Belém deverá reforçar as estimativas de 2,5 milhões de habitantes para o final do século, vivenciando, então, sérios problemas de criação de empregos, habitação, saneamento e infra-estrutura urbana. 

    7.2 - Santarém, com o futuro asfaltamento da rodovia Santarém-Cuiabá e a extensão do linhão energético de Tucuruí para o sudeste paraense, tende a se promover como metrópole do Baixo Amazonas, quando atingirá 500.000 habitantes no ano 2000 e a cidade tornar-se-á pólo dinâmico da economia varzeana, em termos de exportação e distribuição de produtos do Baixo Amazonas, gozando ainda do fator de proximidade para a importação fluvial do Centro-Sul/Manaus, em substituição a Belém.

    7.3 - Manaus tem hoje os seus pólos industriais da Zona Franca de Manaus em plena expansão, mesmo com a nova política de abertura das importações e globalização econômica que induziram a modernização e melhoria da competitividade de suas empresas e produtos. A sua produção industrial que atingiu US$9 bilhões em 1990, superou a US$12 bilhões em faturamento no exercício de 1995. Houve consideráveis ganhos de eficiência industrial e redução de custos, muito embora houvesse a diminuição de sua força de trabalho, de 77.000 operários em 1990 para 63.000 (inclusive 16.000 terceirizados) em 1995.  

    A redução dos custos industriais e os incentivos foram repassados aos consumidores nacionais, tendo proporcionado uma economia de divisas da ordem de US$8 bilhões em 1995, pois importou insumos estrangeiros no valor de US$2,7 bilhões para uma venda final de US$12,0 bilhões. Também esta produção industrial foi capaz de gerar receitas públicas no valor de US$2,2 bilhões em 1995, sendo US$987 milhões de ICMS estadual e US$1,3 bilhão de tributos federais, previdência social e FGTS. 

    É preciso, no entanto, com urgência, expandir, inovar, descobrir e implementar novas alternativas, opções e cadeias produtivas que complementem o modelo e integre o desenvolvimento em benefícios das populações interioranas. Entre outras alternativas de desenvolvimento sustentado devemos citar a implantação dos novos pólos de especiarias, floro-xilo-químicos, óleos essenciais e vegetais, heveicultura e héveo-fabril, fármacos, produção varzeana, especialmente mandioca e macaxeira, frutas regionais, palmito de pupunha, piscicultura, pasta química, celulose, madeira e móveis, pecuária bovina e bubalina, avicultura, refino de petróleo, produção de gás natural e pólo petroquímico dos campos de Urucú e Juruá, mineração em larga escala e turismo geral e ecológico. É de fundamental importância para o seu futuro o asfaltamento da rodovia BR-174, que liga Manaus/Boa Vista a Caracas; a reconstrução da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho; o melhoramento da hidrovia do Madeira e a construção do novo porto de Manaus. 

    7.4 - Porto Velho e Rio Branco estão se tornando dois grandes centros da produção agrícola, madeireira e mineral, porém sofrem, também, com a precariedade da manutenção da rodovia BR-364 e as deficiências da navegação dos rios Madeira e Purús. Para se tornarem pólos viáveis de desenvolvimento sustentável, precisariam consolidar a sua vocação agrícola e florestal, compatibilizar o uso de recursos com a proteção ambiental, aproveitar as suas vias fluviais para ter uma saída para o rio Amazonas e Oceano Atlântico, e através da rodovia BR-317, que liga Boca do Acre-Rio Branco-Xapuri-Assis Brasil-Puerto Maldonado-Iló-Matarani materializar o acesso ao Pacífico. 

8. O desenvolvimento da calha central do rio Amazonas-Solimões está na dependência da melhoria dos transportes e portos fluviais, tanto na calha central quanto nos rios tributários, bem como da solução da continuada crise energética e na criação de uma base econômica produtiva e próspera. Macapá, Cametá, Gurupá, Almeirim, Munguba, Monte Alegre, Alenquer, Santarém, Óbidos, Oriximiná, Parintins, Itacoatiara, Manacapurú, Codajás, Coari, Tefé, Fonte Boa, Santo Antônio do Içá, São Paulo de Olivença, Benjamin Constant e Tabatinga, no decorrer dos próximos anos serão transformados me centros de exportação direta, com ligação oceânica para Europa e América do Norte. Essa frente histórica e mais antiga da ocupação amazônica necessita ganhar autonomia e vida própria, libertando-se da situação de extrema dependência periférica dos centros dominadores de Manaus e Belém, que absorvem a quase totalidade dos investimentos e da infra-estrutura regional e, por isso, se tornaram vítimas de um incontrolável processo de implosão urbana. 

Por outro lado, os transportes rodoviários e inter-fluviais deverão ser intensificados, no sentido óbvio de encurtar distâncias, ficando ligadas as cidades e vilas mais importantes entre os vales do Javari-Juruá (Benjamin Constant-Carauari-Eirunepé), Juruá-Purús (Eirunepé-Boca do Acre e Carauari-Lábrea), Purús-Madeira (Lábrea-Humaitá, Canutama-Tapauá-Manicoré) e Madeira-Tapajós (Manicoré-Jacareacanga, Borba, Nova Olinda do Norte a Maués e Itaituba). 

9. Nos tributários da calha norte, o desenvolvimento vai depender da expansão do processo de ocupação humana, pois ela constitui hoje o maior inecúmeno regional. Porém é uma área extremamente sensível a problemas políticos-internacionais por ser um território lindeiro a  áreas sujeitas à turbulência das guerrilhas ao narcotráfico e instabilidades políticas dos países fronteiros e também a problemas internos gerados pela necessidade de conciliar a demarcação das reservas indígenas com o uso e exploração de seus abundantes recursos minerais. O dinamismo de sua economia, também, está ligado à construção e pavimentação das rodovias ligando Manaus à Boa Vista-Venezuela, e a construção da futura estrada de Óbidos a Surinam e de Macapá à Caiena, na Guiana Francesa. 

10. Do ponto de vista político é possível antecipar a necessária reorganização do espaço político regional, mediante a criação de novos Estados ou Territórios Federais. É bem possível que além dos atuais 9 Estados amazônicos (Pará, Amapá, Maranhão, Tocantins, Mato Grosso, Rondônia, Acre, Amazonas e Roraima) venham a ser criados, pelo natural processo de descentralização administrativa e representatividade política no Congresso Nacional, os Territórios Federais ou Estados do Alto Amazonas, abrangendo o alto Solimões, o Içá e Japurá; o do Rio Negro, integrado pelos vales do alto rio Negro, Uaupés, Içana, a partir de Barcelos até a fronteira da Colômbia; o de Trombetas, abrangendo os rios Trombetas e Mapuera; e o do Baixo Amazonas, constituído pela área do vale do rio Tapajós. Essa reorganização territorial que venho defendendo há mais de trinta anos está se tornando, cada vez mais, urgente e inadiável, na medida em que se constata o esvaziamento e êxodo rural do interior dos Estados amazônicos e a excessiva concentração populacional nos grandes centros urbanos de Manaus e Belém, que estão se tornando cidades ingovernáveis, à beira da explosão social da miséria e da marginalização social. A criação dessas novas unidades federadas viria preencher um inecúmeno político pela presença atuante de um mais alto nível administrativo do poder público e da representação política no Congresso Nacional, fazer surgir novas lideranças e gerar novos investimentos sociais e econômicos para interiorizar o desenvolvimento. 
 
 

III. CENÁRIOS 

Historicamente a Amazônia vem evoluindo pela incorporação e desdobramento de quatro frentes de ocupação e povoamento. A via atlântica de colonização portuguesa que penetrou no vale amazônico pelo delta e subiu a calha central do rio Amazonas e seus tributários, produziu a fase histórica do ciclo das drogas do sertão e do povoamento nordestino-cearense que impulsionou o ciclo da borracha. 

A frente do planalto central, produto do desdobramento da fronteira humana do Centro-Sul e do Sudoeste e que levou mais de cem anos, após a independência, para ganhar presença marcante depois da abertura das frentes rodoviárias de penetração da Belém-Brasília, Cuiabá-Santarém e Cuiabá-Porto Velho-Rio Branco. Esta via é a principal responsável pelas novas frentes agropecuárias e, também, pelos transtornos e impactos ambientais dos desmatamentos para colonização e exploração econômica. 

A frente andina e guianense, mais distante e longínqua, porém sempre presente e possível, dado ao fato de que a Amazônia constitui um condomínio político de nove países, com os quais compartilha a soberania da área. Esta frente está, hoje, em processo de crescimento através do Tratado de Cooperação Amazônica de 1978 e será afetada pelos destinos dos países do Pacto Andino, do Caribe, do Mercosul e do Nafta, nesta época caracterizada pela formação de blocos de países de mercados comuns e globalização econômica. 

Finalmente, a quarta frente de origem inicialmente indígena, vítima inicial do processo imperial da conquista e que vem incorporando, ao longo dos séculos, contingentes de migrantes nacionais e estrangeiros. 

Considerando que essa frente interna de povoamento e ocupação está, hoje, representada por 16 a 17 milhões de habitantes, a Amazônia tornou-se, já, uma parcela importante da nação brasileira, pois o seu destino parece ser, cada vez mais, abrigar os excedentes da população brasileira do Centro-Sul, os refugiados ecológicos de outras áreas brasileiras já atingidas pela degradação ambiental e como frente pioneira agrícola, mineral e industrial, receptora de investimentos nacionais e forâneos. Esta frente deve, outrossim, promover, simultaneamente, a melhoria de qualidade de vida, geração de emprego e aumendo da renda de sua população tradicional, que deve ser um dos objetivos prioritários de qualquer política regional. 

Essas quatro frentes estão todas elas presentes e atuantes, de forma desigual e assimétrica, na Amazônia de hoje, mas todas elas têm um papel a representar no processo de integração regional e na construção do nosso futuro.

Esse processo de integração e expansão da fronteira humana, econômica e social na Amazônia encontra-se, hoje, sob questionamento interno e externo. 

Internamente discute-se a viabilidade de se continuar investindo em infra-estrutura e em empreendimentos que demandam altos custos e tratamentos diferenciados e incentivos, face à lógica implacável da distância continental e dos altos custos de transferência. Por isso, todas as instituições amazônicas e os principais projetos de desenvolvimento estão sendo questionados por uma ponderável parcela da sociedade nacional, sobretudo àquela localizada nas regiões do sudeste e do sul. As novas instituições e os novos modelos de desenvolvimento estão sob o fogo cruzado de interesses de grupos enraizados em outras regiões, que disputam conosco uma maior parcela do produto e da renda nacional. Instituições como a Sudam, Suframa, Basa, Universidades, instituições de pesquisas estão sobrevivendo a duras penas, face à recessão nacional e às contingências derivadas da discussão de viabilidade e dos incentivos do projeto amazônico na conjuntura atual. 

Externamente a preocupação ecológica e ambiental, que se apossou da mente dos líderes dos povos industrializados e desenvolvidos, fez da Amazônia um símbolo de toda a preocupação mundial sobre o destino do nosso planeta. Mais do que isso. Em muitos países, lideranças políticas e proféticas premonições para-científicas criaram a imagem e o estereótipo de que pesa sobre a Amazônia a responsabilidade de manter íntegro os seus ecossistemas silvestres, para que o resto da humanidade possa usufruir e manter os seus atuais padrões e tecnologias poluidoras e degradantes dos seus sistema de produção. 

A floresta amazônica, assim, deveria ser mantida e preservada como um santuário, para poder exercer a sua função de sumidouro do dióxido de carbono, produzido pelos países do hemisfério norte, manter a temperatura e o clima global em equilíbrio e sustentar, com a sua imensa biodiversidade, as necessidades genéticas da população futura. 

Este novo e falso conceito e percepção unilateral e radical do problema já tem feito sentir os seus efeitos e impactos sobre a região sob diferentes formas, políticas e constrangimentos externos. Eles atuam nos organismos financeiros internacionais para negar financiamento para construção de estradas e barragens, desencorajar iniciativas no campo da hidreletricidade, mineração, agricultura e pecuária, sob o pretexto de que agridem o ecossistema e irão promover o aquecimento global, aumentar o nível de dióxido de carbono, causar chuvas ácidas, contribuir para romper a camada de ozônio e outras formas degradantes e agressivas do equilíbrio dos ecossistemas mundiais. 

As virtualidades e os dons amazônicos são exaltados neste tipo de discurso ideológico, mas de outro lado não se reconhece que a contrapartida e o ônus devem recair sobre aqueles países beneficiados, que devem assumir as suas responsabilidades e obrigações de contribuintes de um necessário imposto internacional ambiental, que deve ser criado e exigido pelos países amazônicos pelo suprimento de tais benefícios e serviços. 

Assim, pois, a Amazônia enfrenta, nesta década, o pior dos mundos possíveis. Do lado interno, a recessão e a instabilidade econômica e política constrangem a expansão de nossa fronteira social e humana pela carência de recursos financeiros e vontade política de atuar numa região distante e carente de força representativa no Congresso Nacional. Do lado externo, as formulações de falsas profecias e premonições que, sob pretexto ambiental, tolhem ou respondem timidamente às solicitações de recursos para enfrentar os grandes desafios que a Amazônia enfrentará no próximo milênio. Isto é, como desenvolver ciência, educação e tecnologias tropicais e ambientais não invasivas e não poluidoras, através da introdução de novos métodos de exploração racional e inteligente dos recursos naturais em harmonia com as necessidades de preservação ambiental, em benefício das gerações atuais e futuras. 

Esta ambigüidade de posições e a discordância frontal entre o discurso e a realidade factual ficou bem patente na Conferência do Meio Ambiente do Rio de Janeiro - ECO-92, quando um determinado número de países líderes desenvolvidos se negaram a assinar a Convenção da Biodiversidade, que assegurava aos países detentores dos referidos recursos genéticos a transferência de tecnologia e o direito de patente e royalties pelo desenvolvimento de subprodutos, princípios ativos e fármacos deles derivados. 

Considerando essas duas linhas de fatores atuantes na atual conjuntura é possível traçar, pelo menos, três cenários que possivelmente irão influenciar na formação e atuação da Amazônia do terceiro milênio: 

O primeiro cenário representa o desdobramento da situação crítica atual, caracterizada pelas crises internas e externas. Este cenário, assim, irá produzir o agravamento das condições atuais da região mediante o aprofundamento das contradições e imperfeições dos modelos atuais de desenvolvimento dos grandes projetos industriais, do modelo da Zona Franca de Manaus, dos pólos minerais, energéticos e das frentes agropecuárias de expansão na periferia espacial da região. 

A escassez dos recursos internos provocará a perda da prioridade regional nos planos nacionais de desenvolvimento e provocará estagnação ou regressão nas frentes pioneiras agrícolas. Haverá fortes restrições e constrangimentos ecológicos para o aproveitamento dos recursos madeireiros, construção de novas usinas hidrelétricas e aproveitamento de bens minerais. O desestímulo dos bens, produtos e matérias primas regionais continuarão a sofrer quedas de preços e relações perversas no intercâmbio interno e externo. 

O quadro será recessivo e de aprofundamento da pobreza, queda do nível de emprego e renda. Haverá perda de lideranças científicas, profissionais, empresariais e sindicais, enfraquecendo a estrutura da sociedade regional. Esta linha regressiva refletir-se-á, de forma crônica, na manutenção de níveis de desemprego e de pobreza, tanto no campo quanto na cidade, criando situações de conflitos sociais, maior disparidade de renda e crescente marginalidade. Possivelmente haverá regressão da fronteira humana e desinvestimento crescente que desestimularão qualquer iniciativa de recuperação a curto e médio prazo. 

O segundo cenário retrata um quadro de implementação de uma política fortemente restritiva do desenvolvimento econômico amazônico, imposta por fatores de ordem externa, com o objetivo de tornar a Amazônia um santuário da vida silvestre, um banco genético com base na sua biodiversidade para aproveitamento futuro. Seriam incentivadas atividades primitivas de exploração econômica como a atividade florestal extrativa. Esse ciclo, que já se considerava ultrapassado pela inviabilidade econômica de suas técnicas primitivas, passaria a ser eleito como fórmula mágica salvadora para sobrevivência de seringueiros, indígenas e outros povos da floresta. 

Para compensar essas perdas de renda e emprego seriam dispensadas políticas compensatórias internacionais e por organizações governamentais e não governamentais, visando criar e manter tal modelo extrativo e anacrônico, procurando alternativas de sua viabilização mediante introdução de novas tecnologias de manejo florestal, adensamento e enriquecimento das espécies nobres. É de se pensar, também, que a implementação dessa política extremamente ambientalista poderia conduzir a Amazônia para novas formas de desenvolvimento sustentável, com ênfase na biotecnologia, piscicultura e outras atividades inovadoras, que produziria e constituiria a nova base do sistema produtivo sustentável. 

Resta especular até que ponto a sociedade amazônica, despida de suas lideranças científicas, técnicas e empresariais, seria capaz de experimentar tal modelo e tornar essas inovadoras experiências em fonte permanente de prosperidade e bem estar. Corremos, todavia, o risco de ver crescentes imposições e restrições à soberania brasileira na área, pois os investimentos e o poder decisório, provavelmente, seriam deslocados para o exterior. 

O terceiro cenário poderia combinar e explorar as possibilidades positivas de alguns aspectos dos dois cenários anteriores, com a introdução de modificações estruturais nos modelos atuais de desenvolvimento praticado. Este novo quadro teria validade e possibilidade de realização, caso a economia nacional brasileira continue a crescer e volte a investir na Amazônia como prioridade nacional. 

A retomada dos investimentos públicos e privados criariam novas perspectivas de emprego, renda e bem estar, e o setor público voltaria a se empenhar na construção dos projetos e obras de infra-estrutura econômica, social, educacional, científica e tecnológica. Também, de outro lado, este cenário se comporia com o esforço de cooperação e colaboração internacional, mediante uma nova ordem econômica e ecológica internacional. 

Nesta nova ordem, o processo de dominação ou de relações do antigo conflito Norte-Sul seria substituído por amplos programas multilaterais. Esses programas viriam ajudar a região a proceder uma melhor divisão internacional de trabalho, de acordo com as suas vantagens absolutas e relativas de suas vocações e aptidões, visando inserir a economia amazônica, tanto no contexto brasileiro quanto na sua órbita maior, no campo da comunidade internacional. 

Neste caso de globalização ecológica e econômica, os ônus e benefícios seriam repartidos entre todos os países que viessem a aderir à nova ordem internacional. Essa ordem ganharia  foro de confiabilidade e viabilidade, caso os investimentos que hoje são absorvidos pelo setor bélico, cessada a guerra fria e o confronto leste-oeste, fossem dirigidos para a criação de uma economia que contemplasse os valores regionais, nacionais e mundiais, a serviço do bem comum de todos. 

Ao final, para concluir, desejo terminar como comecei. O futuro não acontece por si mesmo. O seu fábrico é produto da ação planejada, da inovação e do desejo político da sociedade para criar um horizonte de vida, trabalho e bem estar que contemple a todos sob o pálio da justiça e da fraternidade. A Amazônia deve estar de braços e olhos abertos para receber esse futuro.

UMA OCUPAÇÃO INTELIGENTE DA AMAZÔNIA

Artigo de Samuel Benchimol, de Fevereiro de 1993

O processo de povoamento e desenvolvimento regional da Amazônia comporta uma série de reflexões e exige diferentes tipos de abordagens. Um tema atual atrai a investigação científica e a preocupação política nacional e externa: como usar e fruir os recursos bionaturais, renováveis ou não, sem que ocorra a sua degradação e extinção. Para tanto seria necessário uma ocupação humana muito mais que racional: ela terá que ser inteligente e sustentável em diferentes níveis. A inteligência é a capacidade do ser humano de se adaptar a uma situação nova, que exige reflexão, experiência e “finesse”, enquanto que a racionalidade é mais um exercício frio e geométrico do racionalismo cartesiano, conforme nos ensinou Pascal. Portanto, a ocupação inteligente transcende a atividade racional. Não a exclui, porém não é sua escrava. 

Essa ocupação humana inteligente na Amazônia só terá sucesso se levar em consideração quatro condicionantes: econômica, ecológica, política e social. Em outras palavras, ela terá que ser:

        economicamente viável

        ecologicamente adequada

        politicamente equilibrada

        socialmente justa 

A esses quatro parâmetros e paradígmas poderíamos acrescentar mais um: tecnologicamente eficiente, moderna e menos invasiva possível, já que a presença humana implica, necessariamente, em alguma alteração nos ecossistemas originais. 

Não podemos, no entanto, repetir os erros do passado dos atuais países desenvolvidos, quando o fator econômico ou a lei da selva presidia a exploração selvagem e predatória sem maiores considerações para com os outros fatores que devem estar presentes na ação humana. Usar apenas a lei do custo-benefício dos economistas pode nos levar à crueldade e à destruição. Não usá-la, corremos o risco de cairmos na utopia e na biocracia do romantismo ambiental. 

Assim, se radicalizarmos o problema ambiental e o colocarmos na primeira linha de ação, estaremos nos condenando ao imobilismo e à inércia, pois a cláusula pétrea da preservação ecológica, a todo o custo, impedirá que os ecossistemas naturais sofram qualquer mudança. Mudança que mesmo sem desvirtuar-se os pressupostos ambientais são necessários se desejarmos tornar a natureza mais produtiva. 

Por isso é que se descobriu e inventou a agronomia e as ciências agrícolas, a fim de tornar mais eficiente e produtiva a natureza selvagem, convertendo-a, por via da ação humana, em um fator de aumento de produtividade da terra, do melhor manejo das florestas, do uso adequado dos rios, das águas e do ar que respiramos. Tudo isso conduzirá a uma melhor qualidade de vida, pelo uso mais adequado e eficiente dos recursos naturais. 

De outro lado, não basta apenas combinar os fatores econômicos e ambientais para atingirmos um nível ótimo e holístico. É preciso ir mais além dessa qualidade de fatores para combiná-los com fatores políticos e sociais. O desenvolvimento, neste particular, passa necessariamente por elementos de ordem política e estratégica. Daí precisarmos encontrar um ponto de equilíbrio entre a necessidade de incorporar-se a Amazônia ao espaço econômico e político, brasileiro, ao mesmo tempo em que buscamos uma integração pan-amazônica e uma inserção nos problemas globais da humanidade. 

A Amazônia não é uma ilha. Como um continente brasileiro e partilhado por nove soberanias sul-americanos temos que considerar que uma ocupação inteligente da região terá que se harmonizar com os interesses e aspirações dos nossos vizinhos e dos nossos parceiros do além-continente, para criar uma humanidade mais justa e mais própria. 

A recíproca também é verdadeira, isto é, não podemos admitir que a Amazônia se converta num santuário silvestre, enquanto o resto do mundo continua a poluir a atmosfera, produzir efeito-estufa, chuva-ácida, aumentar o buraco do ozônio e continuar destruindo as suas melhores terras agrícolas pela erosão e envenenando os oceanos com o lixo dos agro-tóxicos e efluentes químicos nocivos, desperdiçando os recursos naturais de suas florestas e produzindo energia elétrica e veículos automotores baseados em petróleo, carvão de pedra e fissão nuclear, extremamente danosos para a sobrevivência do nosso planeta. É preciso, pois, haver uma reciprocidade de tratamento e um conserto universal, visando criar uma economia mais justa dentro de um meio ambiente que ressalte a qualidade da vida e da justiça. 

De outro lado, é fundamental criar uma ordem social internacional mais justa, de forma que o fosso que separa as nações ricas do norte das nações pobres do sul seja diminuído, por uma mais justa relação de troca e eqüidade. Essa relação que tem sido perversa para os países pobres do terceiro e quarto mundo que habitamos, em sua maioria, o hemisfério sul precisa ser revertido, de modo que os produtores de matérias primas, bens minerais, produtos agro-pecuários e bens ambientais provenientes da agricultura, da pesca e das florestas tenham um justo preço.  

Esse justo preço inclui um custo de conservação ambiental, que deve ser repassado ao mercado e ao consumidor, pois se este se orientar apenas pelo parâmetro de mão-de-obra barata e pela aceitação dos dumpings sociais e ambientais de baixo custo, o desenvolvimento sustentável e inteligente terá sido, apenas, mais um exercício retórico e vazio. Este ponto é fundamental, pois esses custos ambientais e mais a eqüidade nessas relações só podem ser alcançados dentro de um amplo fórum e consenso internacional. Neste particular, um grande avanço deve ser feito, pois muito pouco resultado se tem obtido, além de vãs promessas e discursos políticos de mero valor teórico, eis que a ajuda internacional para resolver os enorme problemas ambientais não estão disponíveis nem orçamentados. 

O discurso oficial ambientalista deve ser substituído por uma práxis política que contemple todas as variáveis para a criação de uma nova ordem internacional. Isto hoje, mais do antes, é possível, pois com a queda do muro de Berlim e a cessação da guerra fria do Leste-Oeste, podemos desviar os milionários recursos usados para a beligerância, para criar um novo mundo ambiental, econômico e socialmente mais justo. 

Esse mundo teria por objetivo proteger a natureza, o homem e a sociedade, e com a ajuda da ciência e da tecnologia criar meios e modos para produzir sem poluir, desenvolver novas técnicas de uso, manejo, regeneração e enriquecimento florestal, uso adequado do solo, das águas, criar um ar limpo, livre da poluição atmosférica e das mudanças perversas dos efeitos climáticos e dos efeitos destruidores de uma tecnologia energética invasiva, produtora de poluentes e destruidora dos recursos naturais. 

Essa nova ordem deve, também, considerar a solidariedade diacrônica entre as gerações. Isto é preciso combinar as necessidades das populações atuais com os interesses das gerações futuras, criando um elo de interdependência entre o passado, o presente e o futuro: um novo conceito de parceria intergeneracional. 

Outrossim, não podemos ter a ousadia de, por pressa ou ambição, cometer, hoje, todos os erros, tornando a vida inviável para o futuro. Devemos deixar que os nossos sucessores possam ter as suas próprias opções e cometer até os seus próprios erros. Não podemos ter, assim, o monopólio de todas as soluções. 

Problemas que não podem ser resolvidos hoje, podem ser solucionados amanhã, na medida em que a ciência e a tecnologia aumentarem o poder do conhecimento e uso mais adequado dos recursos naturais, genéticos, humanos e sociais. Neste particular, já não podemos desprezar o aporte do conhecimento novo para a solução de velhas questões. Por isso tende a aumentar a importância dos recursos humanos e educacionais e científicos para a formulação daquilo que se passou a chamar desenvolvimento sustentado, isto é, meios e modos de produzir de modo eficiente e menos agressivo, respeitando os valores naturais e humanos de modo permanente, de formar a combinar os elementos naturais com os fatores humanos, econômicos e sociais e as necessidades de integrar o horizonte do curto prazo de sobrevivência com as necessidades do tempo longo, que assegure a perpetuidade das gerações e a continuidade de melhora nos padrões de vida de toda a humanidade. 

A Amazônia dentro desse contexto tem uma grande contribuição a dar. Ela representa a vigésima parte da superfície terrestre, um quinto das disponibilidades de água doce, um terço das reservas mundiais de florestas latifoliadas, um décimo da biota universal, um quarto do volume de carbono armazenado na sua biomassa vegetal, metade do potencial hidrelétrico e de gás natural do país e uma das maiores províncias de ferro, manganês, bauxita, cassiterita, caulim e outros bens minerais. 

Esse enorme potencial biológico e de recursos naturais fazem da Amazônia talvez o maior banco genético da biodiversidade que irá determinar o destino da humanidade futura, com a descoberta de novos fármacos e clones para aumentar a produção agro florestal e reforçar a resistência às pragas. Essa biodiversidade exige em contrapartida o aporte científico da biotecnologia e da ciência genética, que devem ser transferidos para a região sob pena de virmos a ser apenas fornecedores, a preços vis, de folhas, cascas, nós e raízes. 

Esse potencial, hoje, tem sido explorado de forma irregular e assimétrica, produzindo em muitas áreas problemas de alteração da cobertura vegetal para dar lugar a atividade agrícola e pecuária, e usar de forma não adequada os recursos florestais. É preciso pois desenvolver, com a ajuda da ciência e tecnologia, novos métodos e usos alternativos para que a enorme grandeza continental amazônica não se constitua apenas em uma mera estatística geográfica ornamental e contemplativa, independente da sorte e do destino dos seus sofridos habitantes. 

Esse potencial, observado por dentro de uma visão ampla da Amazônia, deve ser usado e conservado, de modo inteligente, para que cesse a atividade predadora e devastadora de alguns casos isolados e em substituição se crie novos centros e pólos de desenvolvimento humano sustentado. Para tanto existe uma grande gama de recursos que podem e devem ser explorados de modo sustentável. O uso da floresta mediante enriquecimento, densificação e manejo adequado, a plantação de culturas permanentes intercaladas com faixas de preservação florestal, a exploração pesqueira observando os períodos de piracema, desova e defeso, a produção de alimentos nas várzeas, a criação de animais como o búfalo e de peixes em criatórios e lagos com reprodução induzida pela nova técnica de hipofização, o uso de plantas macrófitas e aquáticas como a canarana, o mureru, a azola como complemento de ração alimentar, a reprodução em larga escala de raízes e tubérculos, como a macaxeira e a mandioca, a plantação de árvores frutíferas, a exploração de minerais observadas as condições ambientais, são exemplos de que várias alternativas existem para promover uma ocupação inteligente da Amazônia. O mundo deve estar preparado para pagar o novo preço dessa produção “orgânica” e “biológica” que incorpora os custos ambientais de renovação e sustentabilidade. 

Numa rápida referência é preciso salientar que, hoje, a Amazônia já exporta cerca de quatro bilhões de dólares de minerais e produtos madeireiros, agrícolas e florestais, roduz cerca de seis milhões de toneladas de grãos e tem um rebanho de trinta e cinco milhões de cabeças de gado bovino e bubalino. Esta produção, sem dúvida, causou modificação nos ecossistemas naturais do sul da Amazônia, na chamada periferia do escudo amazônico, na zona de transição para o cerrado do planalto central, mas é preciso salientar que se houve alguns desperdícios e excessos, grande parte dessa política de desenvolvimento improvisado já foi contida, pois a nova política ambiental do governo brasileiro já reduziu o ritmo de alteração da cobertura florestal para menos de 20.000 km2/ano. Grande parte dessa alteração foi feita para substituição de lavouras permanentes e para a pecuária que hoje passa por um processo de racionalização objetivando diminuir o seu impacto ambiental, mediante técnicas intensivas, melhor uso de forrageiras e introdução de novas espécies de plantas e animais como o búfalo, mais propício para as condições regionais. 

É preciso pois considerar que, quando se fala em alteração da cobertura florestal, não se trata necessariamente de destruição e devastação, pois em muitas áreas os novos empreendimentos estão suprindo de forma mais eficiente e produtiva. Na medida em que as ciências agrícolas e biológicas avançam em rumo ao desenvolvimento sustentável, a Amazônia tem uma contribuição muito importante a dar para outros países e povos. 

É preciso, no entanto, que o mundo entenda que investir e investigar na Amazônia constituem processos fundamentais e necessários para que se aperfeiçoem os métodos de produção atual. O mundo desenvolvido, neste particular, deve dar o exemplo criando conhecimento novo, técnicas não agressivas e não invasivas, descobrindo novos usos e aplicações para os nossos imensos recursos naturais. 

Esta é a principal forma de cooperação internacional que esperamos de nossos parceiros e aliados, pois os recursos humanos são os principais responsáveis pelo desenvolvimento futuro de nossa herança comum. 

De nada adianta continuar fazendo acusações recíprocas, nem tentar colocar ninguém no banco dos réus. No banco dos réus devem estar apenas assentados a fome, a doença, a pobreza, a ignorância, a intolerância e o desperdício. 

A Eco 92 foi apenas um passo inicial de uma longa caminhada a ser perseguida e continuada. As mudanças políticas globais que estão ocorrendo, a formação de grandes mercados, a inserção das economias regionais e nacionais dentro do contexto internacional, a substituição dos orçamentos bélicos para programas de paz, saúde, educação, ciência, constituem sólidas esperanças que esse discurso do progresso será um elemento valioso para a formação de uma política sustentável, equânime e duradoura, e não um mero exercício acadêmico e retórico. 

Devemos, nós da Amazônia, estarmos alertas e prontos para acolher as mudanças sem perder a nosso identidade nacional e regional. Somos uma região de múltiplos dons, vocações e virtualidades. Temos uma grande vontade de combinar os efeitos sinérgicos e multiplicadores da geo-diversidade com a bio-diversidade, a etno-diversidade e pluralidades ambientais e culturais. Falta apenas criar investimentos e suportes científicos, tecnológicos e empresariais para usar esse enorme potencial de terras, vidas e culturas e construir um desenvolvimento harmônico e sustentável, conciliando as exigências ao progresso humano com as necessidades de proteção e conservação do meio ambiente. Meio ambiente que, em última análise, nada mais é do que a combinação de fatores naturais, culturais, econômicos, políticos e sociais. 

A Amazônia pela sua grandeza e diversidade tem um papel importante a desempenhar nessa nova ordem de mudança mundial. Que essa mudança venha ao nosso encontro e nos integre como parceiros fraternos, pois a nossa contribuição e os nossos recursos e talentos muito poderão contribuir para o renascimento dessa nova fase da história do homem e do futuro da terra.

Arowana - The Legendary Water Monkey of the Amazon



One of the most treasured fish of the Amazon is the Arowana. The Arowana is a long flat silver fish with an enormous mouth, big eyes and trailing tapered fins. Inside the Arowana’s mouth, you can find a large bony precipice which gives the Arowana its trademark: a bony tongue. The Arowana’s head is bony as well and very well defined. The Arowana’s big eyes give the fish unsurpassable accuracy in hunting. Scientists think the Arowana may have the best sight of all fish in the world.

 

This fish certainly has had a lot of time to evolve its senses. Arowana fossils in the Amazon area have been found from over 170 million years ago. The Amazon Arowana’s predecessor was found in Africa over 220 million years ago. Over time, the Arowana has remained almost the same, making the Arowana a “living fossil.” Arowana can also draw oxygen into their swim bladder, which is lined with capillaries similar to those found in lung tissue.

 

There are three subspecies of Arowana in the Amazon River, all originating from the Osteoglossum. There are other species of Arowana in Asia and Australia. The Asian and Australian Arowana are a little shorter and stockier than the Amazon Arowana.

 

Arowana fish reach around four feet long and can weigh as much as 30 pounds. They are relatively flat, long and have silver bodies. Their tapered fins vary from individual to individual. Black Arowanas have black trim on their tapered fins. Silver Arowanas can have very little color or a lot of color, which can range from dark grey to a light tinge of pink, especially when they’re juveniles.

 

All four feet of the Arowana is pure muscle, allowing the Arowana to dart at speeds over 25 mph under the water to catch its prey.  The Arowana can often be seen leaping gracefully from the Amazon River, reaching towards a stray branch for a small bird or insect. It’s not uncommon for an Arowana to see the shadow of a boat or human along the edge of the Amazon and leap in anticipation of food. While they cannot eat humans, it’s certainly a sight to see the Arowana leap!

 

Arowana have a rather complicated life cycle. Ironically, this king of the Amazon starts out as a very fragile fish. Until they are a few weeks old, the infant Arowana have egg sacs attached to their ventral side which supplies food and nutrition. At this time, young tiny Arowana stay together in groups of 10 or less, finding shelter in the roots of the Amazon tree system. Young Arowanas eventually lose the egg sac at around 5-6 weeks, and at that point, begin to feast on bugs and any small tetras they can find.

 

Once they make it past the first few months of survival, the Arowana is a very hardy fish that grows rapidly. By the time it’s a year old, a well-fed Arowana can be over 1 foot long. This rapid growth gives the Arowana its survivability in the harsh Amazon River where most predators are well over 2 feet long!

 

In the wild, Arowanas tend to stay in loosely-knit groups that have been established through territorial battles. Both male and female Arowanas defend their territory by nipping, body-slapping and charging displays at other Arowanas. When they are old enough to breed (suspected to be around 1.5 to 2 years old), Arowana male and females pair up and build a circular nest in the mud of the Amazon. The female will lay eggs and the male inseminates them in the nest. When the viable eggs are fertilized, the male will gulp them into his mouth and keep them there. Each male carries around 10-20 eggs. When the eggs hatch, the male will let the young fry swim out several times before he finally lets them go completely.

 

Commercial Arowana breeding requires very specialized care, and massive outdoor mud ponds. Most Arowanas from Asian stock are micro-chipped for trade and import and some can go for as much as $6000! South American Arowanas aren’t as highly prized but are just as beautiful and have just as much personality as the Asian species.

 

Full adult Arowanas can leap as high as 6 feet from the water, using their missile-shaped bodies of pure muscle to lift them gracefully into the air. In aquariums, it’s always a challenge to keep Arowanas in the water. Many times they’ll leap to their handler’s proffered food and some have even been trained to leap for their food. The Arowana isn’t for the inexperienced aquarist. A large tank (over 200 gallons) is required, and there are few tank-mates suitable for the Arowana. The rewards of keeping the Arowana are wonderful if you have the time, room and patience!

 

Photos copyright: Aqua-fish.net and Wikipedia.org 

Breve Biografia de Samuel Isaac Benchimol, Amazônida pioneiro, empresário, professor, líder e pesquisador

Samuel Isaac Benchimol nascido em dia 13 de julho de 1923, em Manaus, foi um escritor (com cerca de 110 trabalhos publicados, nomeado à Academia Amazo-nense de Letras), professor (Emérito da Universidade do Amazonas, onde lecio-nou por mais de 50 anos), pesquisador (catedrático da cadeira de Introdução à Amazônia na Universidade do Amazonas), líder comunitário (presidente do Comitê Israelita do Amazonas) e empresário (fundador do grupo Bemol/Fogás).

         Em 1942 fez vestibular e ingressou na Faculdade de Direito do Amazonas, onde se formou em Bacharel. Trabalhou inicialmente como despachante de bagagens e passageiros na Panair do Brasil, onde obteve o contato que o estimulou a escre-ver o trabalho "O Cearense na Amazônia". Baseado no sucesso deste trabalho recebeu bolsa para fazer Mestrado em Sociologia na Miami University, nos EUA, em 1946/1947, de onde retornou para seguir sua carreira na Amazônia.

         No conjunto de sua vasta produção intelectual que inclui 109 publicações dentre artigos e livros, merecem destaque: Amazônia: Um Pouco-Antes e Além-Depois, O Pacto Amazônico e a Amazônia Brasileira, Amazônia: Formação Social e Cultu-ral, Eretz Amazônia: Os Judeus na Amazônia e Zênite Ecológico e Nadir Econô-mico-Social. Também se destacou pela compilação e análise de estatísticas só-cio-econômicas locais, especialmente no que diz respeito à arrecadação de im-postos e comercio exterior na região amazônica. Em toda a sua obra, sempre de-fendeu a necessidade de que o desenvolvimento sustentável da Amazônia deve respeitar quatro parâmetros e paradigmas fundamentais: ser economicamente viável, ecologicamente adequado, politicamente equilibrado e socialmente justo.

         Como empreendedor, Samuel Benchimol foi, juntamente com seus irmãos Israel e Saul, fundador do grupo Bemol/Fogás em 1942. As empresas do grupo estão em diversas atividades, incluindo distribuição de gás de cozinha, lojas de departamen-to, internet shopping center e exportação de produtos naturais da Amazônia como balsamo de copaíba e óleo de pau-rosa.

         Como professor, Samuel lecionou por quase 50 anos na Universidade Federal do Amazonas em cursos de economia e direito. Seu interesse no estudo dos mais diversos aspectos da Amazônia culminaram na sua escolha para criar uma maté-ria de Introdução à Amazônia.

        Samuel sempre foi também um grande líder comunitário, servindo como Presiden-te do Comitê Israelita do Amazonas no período de 1975 a 1985. Sua dedicação à comunidade culminou com a publicação de sua obra "Eretz Amazônia", um estudo da presença dos judeus na Amazônia.

        Dada a sua dedicação ao estudo e à educação, Samuel foi nomeado à Academia Amazonense de Letras. O prédio principal da Universidade Estadual do Amazonas e a Escola Estadual Samuel Benchimol, no bairro Nova Cidade, são dedicados ao seu nome. Após seu falecimento, foi criado o Prêmio Amazônia Prof. Samuel Benchimol, patrocinado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e pela FIEAM.

        Samuel Benchimol deixou sua esposa, Mery Benchimol, dois filhos, Nora e Jaime, e quatro netos.

Brief Bio of Samuel Isaac Benchimol, Amazon pioneer, writer, businessman, professor and leader

Samuel Isaac Benchimol was born on July 13, 1923 in Manaus, Amazonas, Brazil. He was a writer (with 110 published works, member of the Academia Amazonense de Letras), professor (Emeritus at the Universidade do Amazonas, where he taught for over 50 years), community leader (president of the Amazonas Jewish Community for over ten years) and businessman (founder of the Bemol/Fogás group of companies).

        In 1942 he entered Law School in Amazonas, from which he graduated with a bachelors degree. He initially worked as a dispatcher of luggage and passengers for Panair do Brasil, where he was exposed to the northeastern migrants to the Amazon, which led him to his work “O Cearense na Amazônia”, an acclaimed work of sociology in the region. Based on this success he earned a scholarship to do a masters degree in sociology at Miami University, Ohio, which he did in 1946-1947. He then returned to the Amazon to initiate his career.

        In his vast body of intellectual work there are 109 publications between books and articles, among which a few deserve highlight: “Amazônia: Um Pouco-Antes e Além-Depois”, “O Pacto Amazônico e a Amazônia Brasileira”, “Amazônia: Formação Social e Cultural”, “Eretz Amazônia: Os Judeus na Amazônia” and “Zênite Ecológico e Nadir Econômico-Social”. He was also known for compiling and analyzing regional statistics, especially in reference to tax collection and international trade of the Brazilian Amazon. Throughout his work, he always defended the need for sustainable development in the Amazon to adhere to four fundamental paradigms: it must be economically viable, ecologically adequate, politically balanced, and socially just.

        As a businessman, Samuel Benchimol was, together with his brothers Israel and Saul, the founder of the Bemol/Fogás group of companies in 1942. The companies today operate in diverse activites, including propane gas distribution (Fogás), department store retailing (Bemol), internet shopping mall (eCenter) and export of Amazon natural products (Benchimol, Irmão).

        As a professor, Samuel taught for almost 50 years at Universidade do Amazonas in subjects related to economics and law. His interest and expertise in the most diverse subjects related to the Amazon culminated in his being chosen by the federal university to create a specific subject, Introduction to the Amazon.

        Samuel was also a community leader, serving as president of the Amazonas Jewish Community from 1975 to 1985. His dedication to his community culminated with the publication of his work “Eretz Amazônia”, a study of the Jewish presence in the Brazilian Amazon from the early 19th century to the present.

        Because of his dedication to academics and education, Samuel was chosen for the Academia Amazonense de Letras. The main building of the Amazonas State University carries his name, as well as the Samuel Benchimol State School. After his passing away in 2002, the Brazilian Ministry of Development, Industry and Commerce initiated the annual Samuel Benchimol Prize in his honor for innovative initiatives for the sustainable development of the Amazon rainforest.

        Samuel Benchimol left a wife, Mery Benchimol, two children, Nora and Jaime, and four grandchildren, Denis, Ilana, Jose and Rebeca.

Turistas e Pirarucu

Em recente visita a tanque de Pirarucu.

From Pirarucu




From Pirarucu

18 October 2008

Regional Products from the Amazon rainforest - 2006 Market Report by Ilko Minev

Brazilian economic and political scenario at a glance.

       In 2006, Brazil's economy grew at a moderate 3% within a stable macroeconomic environment. Inflation was a mild 3% for the year as a result of responsable fiscal and monetary policies. The exchange rate fluctuated slightly around BRL $2,20 for one U.S. dollar. Brazil's commercial surplus was about US$40 billion despite exporter's complains of an "overvalued" currency. And interest rates were reduced, but currently still stand at a rather high level of 13%/year.

       President Luis Inácio Lula da Silva was reelected for a second term for which he has promised to accelerate growth to about 5% a year by encouraging domestic and foreign investment and by raising the income of the poor. Mr Lula has managed to obtain a volatile congressional majority by forming a center-left coalition of several parties.Because the long awaited reforms in the tax system, labor laws, social security and political system have not been included in the political agenda, we believe that Brazil will not improve its global competitiveness and we are, therefore, skeptical about our growth prospects for 2007. A repeat performance of 2006 seems more likely in our view.

        In the State of Amazonas, were we are located, the economy moved at a much faster 8% rate in 2006, due to the growth of ouput in industries such as celular phone, eletronic equipment and motorcycle which comprise the core production of the Free Trade Zone of Manaus.

      In 2006, for the second year in a row, Brazil managed to reduce deforestation in the fringes of the Amazon region by 30%, by fighting ilegal lumbering and enforcing environmental laws more strictly. This positive trend is expected to continue in 2007.

      Regarding the three main forest products we export, we offer the following comments:

Rosewood Oil

       Production of Rosewood Oil in 2006 remained in the range of 19 tons for the year. Despite the rising costs and the further devaluation of the Dollar against the Real (One USD is now worth 2.14 BRL) the export price rose only a little and for Organic Oil it is now US$86.50/kilo FOB Manaus. The demand for Organic Rosewood Oil continues strong specialy in Europe.The year 2006 was marked by changes at IBAMA, new procedures were introduced, which in theory should result in better and more eficient controls over production and distribution. This remains to be seen in 2007 ! 
        Recently we improved our packing and now we only use stainless steel drums. Given the very corrosive nature of rosewood oil this is further guarantee that our customers will receive a high quality product. 
       Our expectations for the new year are that total pruduction should slightly surpass 20 tons and that the demand will continue to be strong. Chances are that the price for Organic Rosewood Oil will rise moderately to US$88 or 89/kilo FOB. The exchange rate is still the most decisive factor and we can only hope that the current trend of further valuation of the Real will come to an end.

Copaiba Balsam

        The domestic market for Copaiba Balsam continued to expand and the price did not stop rising during the entire year. It is now slightly over US$9.00/kilo FOB Manaus and we can not buy enough to satisfy the demand. Last year it took some time for the international market to adopt to this new level of price, but it seems that now we have overcome the problem. At the end of 2006 demand from Europe and USA was rather strong, despite the higher price. The Organic Copaiba Balsam is still struggling, but the existing market is steady and probably will grow more this year. We have good expectations with regard to Copaiba and our bigger concern is availability. We expect the export price to stay on hold for some time during 2007.

Tonka Beans

        As a result of the prolonged dry season in 2005 the new 2006 crop was very, very small. There will be no Tonka Beans in our market until the new 2007 crop is harvested in september, october. The last export price was over US$9.50/kilo FOB, but anyway there is no availability at all since end of november. We expect that the 2007 crop will be much better and that the market will return to normality. 

For more information and current quotes, please contact Ilko Minev at ilko@bemol.com.br

Prudência e vigilância neste momento de "crise"

A nova era financeira deflagrada pela crise internacional é uma hora de muitas incertezas.  Enquanto ela se desenrola, nos propomos um exercício de reflexão como ferramenta para uma melhor compreensão a cerca deste delicado momento e suas possíveis implicações.     

É importante estabelecer uma ligação entre o complexo cenário internacional, a situação da economia brasileira, até então estável, e o contexto estadual, bastante positivo até agora.

No eixo internacional vive-se uma gangorra financeira que começa a indicar sinais de desaceleração na economia real. Temos o preço de commodities mais baixo, perdas significativas no mercado imobiliário americano e aumento de endividamento estatal, em busca de salvar bancos em dificuldade no mundo desenvolvido.  Pacotes de governos podem reduzir o pânico, mas as perspectivas de crescimento já foram erodidas no processo.

O Brasil, conforme repetido constantemente pelo Ministério da Fazenda, nunca esteve tão bem preparado para enfrentar uma crise.  É verdade no que diz respeito ao quesito de liquidez e macroeconomia, com reservas de R$200 bilhões.  Ainda não temos a economia, no sentido microeconômico, flexível e rápida; ainda há um excesso de burocracia que entrava investimentos, e praticamente deixamos para trás as reformas tributária, previdenciária e trabalhista.  Mesmo assim, vínhamos caminhando a regulares (não ótimos) e certeiros 4 a 5% de crescimento anual. 

O Amazonas, neste cenário, se destaca pelo crescimento bastante acima da média, em todas as frentes: comércio, indústria e serviços.  Boas notícias recentes, como um novo porto (Porto de Lajes da Log-In), um novo vôo para os EUA (Delta para Atlanta) e implantações e diversificações de indústrias no PIM que continuamente batem recordes de faturamento e empregos, são apenas alguns indicadores do bom momento estadual.

A Seplan realizou, no dia 13 de outubro, uma consulta num universo de vinte empresas dos diversos segmentos e tamanhos, incluindo indústria e comércio, com a intenção de detectar os possíveis efeitos da crise sobre nossa economia local.  Eis alguns resultados:

·  Das indústrias, a maioria já tem insumos em estoque, viajando ou já agendados por cerca de 3 a 4 meses de produção; farão uma reavaliação no início de 2009, mas produção para 2008 está mantida.

·  Empresas pequenas e médias com administração local já enfrentam juros mais altos de financiamento. 

·  Na maioria dos casos, novas contratações e expansões (em especial de indústrias) foram adiadas para 2009.

·  Algumas indústrias esperam ganhar competitividade e aumentar produção local versus produtos importados com um dólar mais valorizado.

·  Algumas indústrias estão vendo a queda de preços de commodities como uma redução nos custos de matérias primas, o que pode ainda ajudar na competitividade do Amazonas.

·  Um número de indústrias está planejando férias antecipadas ou estendidas em caso de um cenário de resfriamento do consumo.

É indiscutível que a crise mundial tem efeitos sobre nossa economia, especialmente sobre os juros e sobre a incerteza de atores econômicos locais quanto ao futuro.  Ainda não há, entretanto, indícios de demissões em massa ou inadimplência crítica.  Com juros mais altos, bens duráveis comprados a crédito tendem a ter demanda reduzida.  O Banco Central brasileiro tem se posicionado fortemente para aumentar a liquidez dos bancos nacionais, melhorando assim expectativas brasileiras para 2009.  Ainda assim, há pouca visibilidade do cenário futuro; prudência, liquidez e vigilância são a ordem do dia.

 

15 October 2008

Uma Visão de Sustentabilidade para o Amazonas

Temos na primeira década do século XXI no Amazonas um desafio de buscar o desenvolvimento sustentável.  A meta é clara, ambiciosa e possível.  Apesar do amplo consenso a este respeito e de belíssimos discursos proferidos no tema, ainda resta para a atual geração de líderes políticos, acadêmicos, empresariais e sociais definir o traçado que seguiremos como sociedade em busca da meta. 

Este artigo se divide em três partes:

  • Três visões de desenvolvimento sustentável
  • Seis segmentos econômicos com potencial de cumprir os requisitos
  • Cinco políticas públicas para catalisar o crescimento destes segmentos

 

 

Três Visões do Desenvolvimento Sustentável

A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas (mais conhecida como Brundtland Comission), definiu que “desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações.” 

O histórico de desenvolvimento mundial pouco demonstra preocupação com o tema dos recursos naturais; nos casos em que atitudes foram tomadas em nome do meio ambiente, sempre estiveram relacionadas a melhorias de vida locais, como o caso da limpeza do Rio Tâmisa em Londres. 

A definição clássica de desenvolvimento sustentável utilizado hoje na Amazônia é de Samuel Benchimol: o desenvolvimento sustentável deve ser:

  • Economicamente viável – deve elevar o nível de renda regional.
  • Socialmente justo – deve contemplar principalmente a erradicação da pobreza e atingir mínimos níveis de bem-estar social, especialmente no que diz respeito a educação e saúde.
  • Ambientalmente adequado – deve mesclar conservação e preservação em aspectos de biodiversidade, estoques de carbono e hidrologia atmosférica.
  • Politicamente equilibrado – deve incluir a região como um todo, com equilíbrio interno entre os entes federativos locais e externos com demais estados do Brasil e demais países amazônicos.

O mundo no século XXI traz oportunidades e dificuldades, forçando países como o Brasil e estados como o Amazonas a buscar modelos novos.  Não se pode seguir o caminho do ferro, carvão e borracha do início do século XX, seja pela escassez de recursos, seja pelas conseqüências ambientais deste modelo.  As dificuldades e bloqueios são complementados por atalhos; tecnologias sem fio, energias renováveis e informações abundantes apontam em uma nova direção.  Mahatma Gandhi, logo após a independência da Índia, foi perguntado se seguiria os passos da Grã-Bretanha em busca da prosperidade; ele respondeu que “a Grã-Bretanha precisou de metade dos recursos do planeta para atingir sua prosperidade; quantos planetas seriam necessários para que um país como a Índia alcançasse o mesmo patamar?”

Conclui-se que o desenvolvimento sustentável da Amazônia deve respeitar ao princípios destas três figuras: deve contemplar futuras gerações (Brundtland), deve ter aspectos sociais, econômicos, ambientais e políticos (Benchimol) e deve buscar novas soluções que futuro presente nos permite (Gandhi).

 

 

Seis Segmentos Econômicos

Estes segmentos econômicos foram selecionados baseado nos requisitos básicos de desenvolvimento sustentável expostos.  Dentro de cada um destes segmentos há também subdivisões que serão descritas e enfatizadas também de acordo com os mesmos requisitos.  Em poucas palavras, queremos ser o estado da conservação, onde se integra uma economia forte com a floresta de pé.

 

1. Indústria e o Pólo Industrial de Manaus (PIM)

Vivemos em uma era na qual o valor agregado de atividades industriais tem uma tendência de redução, enquanto que tanto recursos naturais quanto a economia do conhecimento têm um tendência a se valorizar.  O PIM responde por aproximadamente metade do PIB estadual e inclui tanto indústrias de ponta com geração de conhecimento quanto montadoras simples com mão-de-obra barata. 

Manaus se torna ponto de cruzamento da globalização, com recentes investimentos chineses e indianos adicionados aos tradicionais investidores japoneses, americanos, alemães, franceses e holandeses, exportando para toda a América Latina. 

É importante reconhecer no PIM a mais ampla política de preservação ambiental já implanta no país, a despeito de esta nunca ter sido a intenção.  Recente estudo feito por pesquisadores das Universidades Federais do Amazonas e Pará, Instituto Piatam e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), financiado pela Nokia do Brasil, com investimento de R$ 600 mil, e apoio da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), indicou que Até 1997, o PIM contribuiu, com a redução de cerca de 85% do desmatamento no Estado do Amazonas.

O motivo principal desta redução de desmatamento foi a elevação do nível de renda no estado, proporcionando tanto a migração para a cidade de Manaus quanto um enriquecimento do estado e governo a tal ponto de prover com serviços que apesar ainda insuficientes, são melhores que os dos estados vizinhos, onde taxas de desmatamento são historicamente mais altas. 

Uma breve comparação da economia do Amazonas com a do Pará deixa evidente esta diferença.  Os segmentos principais no Pará são pecuária, mineração, agricultura e madeira, todos intensivo na utilização do solo.  No Amazonas, a indústria é muito concentrada geograficamente e de baixo impacto ambiental (não há no estado indústrias grandes emissoras, como siderúrgicas ou fundições).

Três segmentos (duas rodas, eletro-eletrônicos e informática) respondem por mais de ¾ da produção e são considerados consolidados com economias de escala.  Nestes, a prioridade é a manutenção da atualização tecnológica e o adensamento da cadeia localmente.  Ambos têm sido dificultados pela valorização do real nos últimos anos e pelos tremendos ganhos de produtividade da Ásia.  Os principais sucessos têm sido alcançados nos segmento de duas rodas, com uma série de novos componentistas migrando para Manaus nos últimos anos.

A nova prioridade regional é a integração do PIM com uma economia amazônica.  Por exemplo, um possível nascente segmento de cosméticos utiliza matérias primas regionais (óleos, essências, etc.) em conjunto com os incentivos fiscais.  O recente início da construção de uma fábrica de pneus de motocicleta indica uma reanimação na produção de borracha localmente.  A produção de guaraná no estado também tem crescido em busca de atender a demanda do pólo de concentrados de bebida.  Há também possibilidades de beneficiamento de mineração e madeira que convergem os interesses de interiorização do desenvolvimento com os incentivos fiscais do PIM.

Assim, a indústria amazonense atinge principalmente os requisitos econômicos e ambientais do desenvolvimento sustentável.

 

2. Energia

O segmento foi palco do talvez mais audacioso investimento privado de sucesso da história da Amazônia.  Deixando de lado a louca prepotência de um Ford e Ludwig de outra era, a refinaria de Manaus, montada em 1956 com tecnologia importada e com vastos investimentos por um empresário que nem primeiro grau completo tinha (Isaac Sabbá), é sem dúvida um marco que até hoje define a geografia da distribuição de combustíveis nas regiões Norte/Nordeste do Brasil. 

O estado do Amazonas tem, em relação ao resto do Brasil e Amazônia, pouco potencial hidrelétrico devido ao baixo declive oeste a leste.  Entretanto, o Amazonas guarda potencial tanto com combustíveis fósseis quanto com energias renováveis.  A situação atual de utilização em grande parte de óleo combustível em sistemas isolados, que deveria ter um caráter transitório, por longos anos dominou o cenário energético e chega próximo ao fim, ao menos em seu mais significativo ponto de consumo, Manaus.  Para complementar a integração regional com o resto do Brasil, o Linhão de Tucuruí promete interligar Manaus e partes do Amazonas ao grid nacional.

O primeiro item a curto prazo é a implantação do Gasoduto Coari-Manaus, que possibilita o fortalecimento da economia em vários municípios, além de assegurar melhor fornecimento de energia a Manaus.  O Gasoduto possibilita tanto a implantação de empresas grandes consumidoras de energia, como cimento, fundição e cerâmica, quanto a possibilidade de uma pólo gás-cloro-químico, em combinação com o potássio da mina de silvinita em Nova Olinda do Norte.

Em médio prazo, o avanço atual de tecnologias renováveis apresenta para a Amazônia a possibilidade de ser referência mundial em produção de energia.  Os avanços especialmente em termos de energia de biomassa (biodiesel, etanol celulósico, biogás, etc.) favorecem a região que porta condições para rápido crescimento de biomassa: água abundante, calor e sol e baixo valor de terrenos.  Enquanto o mundo se mobiliza em busca de uma geração de energia que suplante a hegemonia da dupla carvão/petróleo, a Amazônia aguarda de braços abertos.

Outras alternativas, especialmente para sistemas isolados da região incluem energia de correnteza de rios e energia solar, que em casos específicos pode representar a melhor alternativa econômica.

 

3. Serviços

Comércio e serviços respondem por mais de 70% da economia e empregos em economias modernas desenvolvidas.  No Amazonas, pouco mais de 40%.  Apenas a título de definição, segue uma lista dos principais segmentos considerados serviços: comércio varejista e atacadista, transportes de carga e passageiros, telecomunicações, distribuição de energia elétrica e água, saúde, educação, serviços financeiros (empréstimos, investimentos, seguros, etc.), cartorários, alimentação, informação, atendimento ao público, propaganda, cuidados pessoais (academia, cabeleireiro, manicure, etc.), armazenagem de bens, manutenção (eletricista, encanador, jardinagem, etc.), dentre outros.

Como se vê, estes segmentos comprazem a grande maioria dos empregos.  O grande desafio de serviços é encontrar formas de prestação de serviços fora das principais capitais amazônicas.  O desenvolvimento sustentável da região tem um aspecto intensamente geográfico dadas as enormes distâncias.  Como prestar serviços de qualidade em saúde, educação, financeiros, de informação nos municípios do interior?  Se queremos uma sociedade esclarecida e educada no interior, precisamos criar lá as condições e amenidades às quais sociedades modernas se acostumaram.  TV a cabo, cobertura de celular, boas escolas e hospitais, internet, boas conexões aéreas, transportes seguros, são apenas algumas das exigências.  Como fazê-lo?

Há já uma série de iniciativas positivas, dentre as quais destaco iniciativas de educação a distância (com atualmente 430 pontos de IPTV em áreas rurais do Amazonas), tele-medicina (em filiais da UEA no interior), descentralização de atividades governamentais através de convênios com municípios (Junta Comercial, dentre outros) ou da mobilidade naval (construção de 30 portos nos municípios do interior), utilização de satélites para comunicação via internet (Projeto Amazonas Digital, que visa dar cobertura sem fio de internet livre às sedes de 61 municípios até 2010), dentre outros.  

Ainda não é suficiente.  Nossa mensagem de sustentabilidade não ecoa tão bem em famílias que não têm energia elétrica nem oito horas por dia, não conseguindo conservar alimentos, ou que são recebedores de transferências de governo mas que precisam viajar dias ou mesmo semanas para encontrar uma agência bancária donde sacar, ou que não têm acesso a mercados para saber o preço atual do quilo de farinha ou peixe.

Dada a excelência em geral atribuída à prestação de serviços privada vis a vis a alternativa pública, é importante ao governo buscar viabilizar e estimular soluções através de desoneração tributária e quando necessário, estabelecimento de infra-estrutura básica para maior produtividade.  

 

4. Turismo

A Amazônia é cada vez mais palco de interesse e polêmica mundial.  Pode-se capitalizar esta fama para gerar volumes de turismo que dêem verdadeiramente grandes contribuições à economia estadual.  Temos como exemplo países como Espanha e Emirados Árabes, onde turismo é a principal atividade econômica, para nos assegurar do verdadeiro potencial desta atividade.

Temos hoje três fortes pólos: Manaus e arredores (ecoturismo), Barcelos (pesca esportiva) e Parintins (boi-bumbá).  Outros pólos menores também são importantes, como Tefé (devido a Reserva de Mamirauá) e Tabatinga (devido ao turismo vindo da Colômbia). 

Como prioridades do turismo, temos a interligação aérea do Amazonas, que tem avançado fortemente com o estabelecimento de vôos de Manaus para 6 destinos estrangeiros (Bogotá, Caracas, Guayaquil, Panamá, Miami e Atlanta), tornando-se assim a terceira cidade brasileira em número de conexões internacionais.

O Amazonas tem contado também com significativos investimentos na rede hoteleira e em barcos de turismo. O número de turistas estrangeiros, no ano de 2007, foi de mais de 85.000 e o de domésticos mais de 162.000, números duas vezes maiores que os de 2002.

Como prioridade, Manaus tem focado em se tornar sede da Copa do Mundo de 2014, evento que busca na sustentabilidade seu principal tema.  Tendo Manaus como foco, além das duas grandes atrações de que dispomos (Teatro Amazonas e Encontro das Águas), busca-se desenvolver duas novas atrações – um forte Centro de Convenções e o Museu da Amazônia. 

O Museu da Amazônia seria um local onde o conhecimento, treinamento e entretenimento ligado à Amazônia convergem, com aquário para expor a imensa biodiversidade aquática da região, zoológico, borboletário, orquidário, jardim botânico, trilhas, visitas à copa das árvores, dentre outros.  Lá, os limites do conhecimento científico da região serão expostos e estudados, com contribuições tanto para a ciência, a educação e o turismo. 

 

5. Serviços ambientais

A possibilidade de valorização dos serviços ambientais providos pela floresta é a maior oportunidade econômica da Amazônia de hoje. No passado tivemos a borracha, no futuro provavelmente teremos a tecnologia para aproveitar nosso laboratório natural de formas inimagináveis hoje; no presente, para a região como um todo, temos os serviços ambientais.  Amazônidas ribeirinhos prestam serviços ambientais de manutenção do clima e ciclo da água, prevenção de aquecimento global, estocagem de biodiversidade, dentre outros. Só com uma pertinente diferença: sem remuneração.

Dando um passo nesta direção, o Amazonas em conjunto com a Fundação Amazonas Sustentável celebrou uma parceria com a cadeia de hotéis Marriott para preservar uma área de 5 mil km², buscando a melhoria das condições de vida para a população local (aproximadamente mil habitantes) e tendo como contrapartida a conservação da área e subseqüente provisão de serviços ambientais.Esta reserva, localizada ao Rio Juma, localiza-se no arco do desmatamento, de modo que, num cenário “normal”, seria desmatada nos próximos anos.

Este projeto está baseado numa doação inicial por parte da cadeia de hotéis e, subseqüentemente, contribuições de hóspedes que optarem por pagar um pequeno adicional às suas diárias para contribuir com a reserva. O projeto destina-se a implementar melhorias no monitoramento e o programa Bolsa Floresta, conduzido pela Fundação Amazonas Sustentável. 

O projeto está buscando ser remunerado com VERs (reduções voluntárias de emissões de carbono) seguindo a metodologia CCB (o padrão principal para projetos de carbono florestal), devido à redução do desmatamento esperado. A metodologia CCB parece emergir como principal na avaliação de projetos REDD (Redução de Emissões baseadas em Desmatamento e Degradação), de extrema relevância para a região amazônica.  Em setembro tivemos a auditoria da firma internacional TUV SUD, que agraciou o projeto com o nível Ouro de projeto, o mais alto possível. 

Dentre os diversos fatores positivos neste exemplo, destoa como de maior importância o advento do incentivo econômico em favor da floresta de pé. Começa assim a mudança da equação econômica “floresta de pé vs. floresta deitada”. Somente este re-equilíbrio vai permitir a criação na Amazônia de uma economia sustentável da qual nos orgulharemos.

Com parceiros como o Marriott e o Bradesco, o Estado do Amazonas poderá alcançar um cenário no qual o desmatamento, já num nível baixo (por volta de 750 km² ou 0,05% do estado por ano), reduzir-se-á para zero. É evidente a necessidade da ampliação destes esforços, restando apenas a dúvida de como fazê-lo.

Embora exista a esperança e expectativa de que mais cidadãos e empresas responsáveis irão voluntariamente ampliar suas contribuições a projetos semelhantes (caso você seja um deles, visite o site www.fas-amazonas.org), seriam necessários quase mil projetos semelhantes para cobrir a Amazônia toda. A solução cabal para proteger todos os 4,3 milhões de km² de Amazônia brasileira pode advir de um novo regime internacional de valorização e pagamento por serviços ambientais. Este regime é hoje discutido para assumir a lacuna do Protocolo de Quioto que termina em 2012; o Amazonas propõe que recebamos créditos de carbono (pela armazenagem de carbono) ou créditos por quaisquer outros processos ambientais (em grande parte cobertos na metodologia CCB) em troca de conservação.Tendo em vista que os benefícios serão desfrutados por todos, nada mais justo que os custos também sejam partilhados por todos.

 

6. Recursos Naturais

O tema recursos naturais é bastante amplo.  Dividimos o tema em quatro: recursos florestais, mineração, água e agricultura.

Recursos florestais incluem oportunidades com manejo de flora (madeira,óleos, essências, flores, fármacos, frutas, borracha, etc.) e manejo de fauna (pirarucu, caça, peixes ornamentais, insetos, jacarés, etc.).  Há uma série de avanços conquistados nestes segmentos nos últimos anos, incluindo o manejo do pirarucu em Fonte Boa, dentre outros municípios, o manejo do jacaré em Mamirauá, a extração sustentável de peixes ornamentais em Barcelos, dentre outros.

O manejo do pirarucu em lagos do Amazonas ganhou um grande impulso com a implementação do programa Zona Franca Verde. Em 2005, em Fonte Boa, uma iniciativa da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável - SDS e da Prefeitura Municipal possibilitou o manejo de 241 lagos. Essa iniciativa envolveu cerca de 480 famílias, distribuídas em 78 comunidades. Esse programa está voltado a implantação de práticas comerciais diferenciadas, baseadas em princípios de sustentabilidade ambiental, ética e justiça social.

A primeira entrega de pirarucu envolveu 50 toneladas de peixe fresco, cujo preço pago ao produtor foi 50% superior ao praticado pelo mercado local.  Esta prática se estende hoje a mais de 2 mil famílias.  Os trabalhos de contagem de jacarés no setor Jarauá, contabilizou 318 lagos com cerca de 100 mil jacarés e duas comunidades com cerca de 200 famílias potenciais beneficiárias.  Com um potencial de utilização de 5% (5 mil jacaré abatidos) ao ano e um preço da pele apenas do jacaré em cerca de R$200, temos uma geração de riqueza potencial de R$1 milhão ao ano apenas desta pequena comunidade.  Outro item de alto potencial comercial é a exportação de peixes ornamentais; há ainda algumas espécies de comercialização proibida, notadamente aruanã e arraias, cujo valor unitário chega a USD 50 e em geral são exportadas por nossos vizinhos peruanos e colombianos.

Mineração apresenta grande potencial ainda não descoberto.  A principal mina em atividade hoje no estado, Pitinga de estanho, acaba de ser vendida a um grupo peruano que deve fazer volumosos investimentos nos próximos anos.  A principal frente autal de mineração é a silvinita, que possibilita a criação de um pólo cloro-químico em Manaus onde se produziriam inclusive fertilizantes para o resto do país.  Outras oportunidades incluem tantalita, ouro, nióbio, cobre, bauxita, dentre outros.  A cobertura de conhecimento mineral do estado ainda é muito baixa, o que indica um futuro bastante promissor dada a extensão territorial do Amazonas.

Água é um recurso central do futuro amazônico, para não dizer do mundo.  Na Amazônia ainda não encontramos os meios adequados de monetizar nossos recursos hídricos.  A mais clara expressão destes recursos se encontra nos chamados “flying rivers” (rios voadores).  A água que chove na Amazônia e é reemitida à atmosfera pela transpiração da floresta flui na direção Atlântico – Andes, sendo chovida e reemitida várias vezes.  Uma árvore pode transpirar até 300 litros de água por dia neste processo.  Estas nuvens vão para o sul após bater na barreira dos Andes, chovendo em todo o centro-oeste e sul brasileiro, chegando até a Argentina.  Em outras palavras, a pujança do agro-negócio nacional é dependente das chuvas da Amazônia, assim como a grande capacidade de geração de energia hidrelétrica do país.  Isto tudo depende é claro, dos cidadãos da Amazônia manterem a floresta de pé, com menor utilização econômica; este custo de oportunidade passa sem remuneração.

A agricultura no Amazonas é um tema complexo.  Não devemos buscar culturas como soja e cana, que requerem grandes áreas sem muitas alternativas de preservação.  Apesar do grande potencial econômico destas culturas, elas não estão de acordo com o que queremos para o futuro do Amazonas.

Outras alternativas, como o dendê, pode ser plantado em áreas já degradadas, dado especialmente a propensão climática para esta culturas, o potencial empregatício e de geração de valor industrial local e o alto preço do óleo de palma no mercado internacional.  Um projeto desponta como grande oportunidade em Tefé, em áreas de floresta degradadas por um antigo projeto de dendê nos anos 80.  Áreas degradadas também podem servir de plantação de guaraná ou outras espécies. 

Agricultura de várzea também se impõe como forte alternativa econômica, especialmente para milho, juta e mandioca, plantações de curto ciclo que aproveitam o ciclo das águas.  A várzea é a área de rios ricos em minerais (Amazonas, Madeira, Purus, Juruá, etc.) que fica alagada parte do ano, quando os solos são re-enriquecidos pelas águas ricas.  Esta culturas tem um extenso histórico na região, remontando aos tempos de Francisco de Orellana, que viu tais cultivos por parte das populações locais durante sua primeira viagem em 1532.  Estima-se que temos 25 milhões hectares de várzea, o que possibilita grande produtividade agrária com baixo impacto ecológico (já que esta não são hoje áreas florestadas) e facilidades logísticas (por se localizar já nas margens dos rios mais trafegados da região). 

Temos ainda a piscicultura, como grande alternativa à redução de estoques pesqueiros da região.  A produtividade atual atinge até 10 toneladas por ano por hectare, com produção regional de 80 mil toneladas crescendo a um ritmo médio de 20% ao ano.   Além disso, a piscicultura também pode ser praticada em pequena escala em riachos existentes, com baixo impacto ambiental e bons benefícios sociais.  O principal sistema de cultivo peixes é tanques escavados e barragens, apesar de também haver investimentos em tanques-rede, principalmente a título de segurança alimentar.  Se considerarmos os três milhões de hectares de áreas degradadas do Amazonas (2% do Estado) e utilizarmos 10% destas em piscicultura, poderíamos atingir 3 milhões de toneladas, suficientes para suprir o consumo médio anual de peixe (20 quilos) do Brasil inteiro.  O principal entrave atual é a ração, ainda muito cara devido à necessidade de importação de insumos como soja, apesar da presença já de cinco fábricas do produto no estado.  Há ainda possibilidades de beneficiamento de produtos dos peixes, como é o exemplo de sucesso ainda limitado que é o couro de peixe.

Outras atividades podem também ser integradas em nossa visão de futuro.  Uma pecuária mais intensiva, que não requeira grandes desmatamentos é uma possibilidade.  Apicultura também é uma alternativa, assim como a mandioca, que tem um importante caráter de segurança alimentar na região, especialmente me pequena escala em locais isolados e para suprimento da cidade de Manaus, ainda grande importadora de farinha de outros estados.

 

 

Cinco Políticas Públicas

Governos sejam eles municipais, estaduais ou federais, têm capacidade limitada de implantar o programa sonhado aqui.  Há investimentos que em última instância devem ser privados, para não cometermos erros de outrora.  Há, entretanto, ações e políticas públicas que podem influenciar e catalisar este processo.  As cinco frentes abaixo não representam todas as ações, apenas algumas essenciais ao desenvolvimento sustentável.

 

  1. Formalização da economia

O interior da Amazônia é um caldeirão de insegurança jurídica, conforme o Ministro Mangabeira Unger.  É verdade, quase todas as atividades são ilegais – a pesca em geral é feita sem licenças, as casas não têm habite-se ou mesmo existem legalmente, muitas vezes as próprias pessoas não têm certidão de nascimento.  O Governo do Estado, através do barco PAI (Pronto-Atendimento ao Interior), conseguiu regularizar a situação de muitos cidadãos previamente inexistentes.  Executou-se casamentos de centenas de casais simultaneamente, se abriram contas bancárias, cadastraram-se no programa Bolsa Família, dentre outros importantes serviços que todos consideram tão básicos que não se lembram que ainda há brasileiros sem acesso. 

O segundo passo, após a regularização de existência, é a regularização fundiária.  Propriedades sem dono são as principais vítimas de desmatamento e crimes ambientais.  Com a regularização poderemos iniciar um processo de enriquecimento no interior, onde cidadão terão direitos sobre as propriedades que lhe pertencem por posse.  Com isto se facilita a cobrança de impostos, tão necessários para a provisão de serviços públicos.  Facilita-se também empréstimos bancários, fazendo com que a expansão do crédito possa ir além dos grandes centros urbanos.  Também assim poderemos imputar aos verdadeiros responsáveis quaisquer crimes ambientais que venham a acontecer a partir daí.  Mas mais importante, fortelece-se o conceito de propriedade privada, com sua devida proteção, fazendo com que as instituições que possibilitam o capitalismo moderno chequem no interior do Amazonas.

Com este enriquecimento, temos a chance de diminuir a atratividade de atividade predadoras, valorizando atividades sustentáveis e legais.

 

  1. Ciência e Tecnologia

Como exposto anteriormente, é necessária a busca por novas soluções para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.  Apenas com C&T aplicada aos problemas amazônicos poderemos encontrar estas novas soluções.  Desde geração de energia em sistemas isolados à produtividade do manejo florestal, desde tratamentos para malária a formas de educar a distância com mais eficácia, passando por todos os seis segmentos econômicos expostos acima, é necessário buscar novas tecnologias que aumentem a produtividade regional.

O Governo Estadual, por intermédio da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (SECT), investiu cerca de R$750 milhões em ensino superior e pesquisa avançada, um múltiplo sobre investimentos anteriores mas ainda pouco frente às oportunidades que a floresta amazônica oferece.

A FAPEAM (órgão de pesquisa da SECT) financiou R$125 milhões nos últimos 4 anos em projetos de pesquisa e formação de mestres e doutores, o que ampliou de menos de 300 para mais de 800 em cinco anos o número de doutores no Amazonas. 

O aumento da produtividade de atividades sustentáveis é essencial na mudança da equação, fazendo com que a rentabilidade destas seja maior que de atividade predadoras.  Estes investimentos são apenas um passo em busca desta sociedade e economia que visamos.

 

  1. Infra-estrutura

A Amazônia tem grandes desafios na implantação de infra-estrutura que sirva a geografia local.  Itens básicos como portos, aeroportos, transporte público, ruas, aterros sanitários, esgoto, rede de água, energia, cobertura de celular, disponibilidade de internet, dentre outros, são pontos essenciais na produtividade regional.

Transportes, comunicações e energia vão permitir menores investimentos privados, o que viabiliza mais segmentos, especialmente a provisão de serviços de qualidade mundial que é tão necessária ã manutenção de uma sociedade moderna no interior.  Investimentos governamentais têm focado fortemente nestas melhorias, especialmente no que diz respeito a transporte intra-municipal (ponte, viadutos, etc.), energia (gasoduto e linhão de Tucuruí) e portos.

O programa Luz Para Todos atendeu, até aqui, mais de 14 mil famílias no Amazonas.  O consumo de energia no Estado, em 2007, foi de 4.135.461 MW/h, crescendo a um ritmo de 5% ao ano.  Tivemos ainda a construção ou reforma de 06 novos portos no interior do Estado e, no momento, a construção de mais 11 portos ocorre com apoio do Ministério dos Transportes.

Apesar dos grandes avanços de telecomunicações, hoje apenas 32 dos 62 municípios do Amazonas têm cobertura de telefones celulares; a recente licitação de 3G obriga as empresas a darem cobertura a todo o estado até 2010.  Os custos de internet ainda são elevadíssimos, cerca de 10x maiores que o sul do país, com Manaus conectada apenas por uma fibra ótica da Embratel, sem anel.  Investimentos têm sido feitos na cidade de Manaus para oferecer maior cobertura de fibra, e o Governo busca com o programa Amazonas Digital oferecer internet sem fio livre em todos os 61 municípios do Estado, considerando-se que hoje acesso à internet se estabelece como serviço básico, assim como energia e água.

Saneamento complementa o cenário evitando a perda generalizada de produtividade que problemas de saúde podem causar.  O PAC do saneamento tem também permitido parcerias dos diversos entes da federação para melhorar a distribuição de água, estabelecimento de redes de esgoto e aterros sanitários principalmente nos municípios mais pobres.

 

  1. Escala

Temos pressa para atingir a escala necessária para que algumas atividades possam se tornar sustentáveis apenas na iniciativa privada.  Por exemplo, não temos uma forte indústria de extração e beneficiamento de borracha em grande parte devido à baixa escala de produção na região.  O Governo resolveu estimular esta produção oferecendo um subsídio à produção e garantindo um preço mínimo.  O mesmo ocorreu com copaíba e andiroba.  Assim, os procedimentos que suportam a agricultura familiar em todo o mundo agora também podem ser aplicados ao extrativismo econômico na Amazônia.

 

Produtos

Produção em toneladas 2005

Famílias beneficiadas

Valor total da produção (R$)

Renda bruta média por família (R$)

Castanha

1100 t (manejada)

5103 t (não manejada)

5169

14.266.900,00

2.760,00

Óleos Vegetais

31,12 t (andiroba)

7 t  (Murumuru)

2 t (Copaíba)

635

693.420,00

1.092,00

Borracha

487 Ton.

1.330

1.120.100,00

842,18

Fonte: ADS.

 

Outros segmentos que ainda sofrem pela falta de escala são o manejo florestal e a piscicultura.  Além da garantia de preço mínimo, itens essenciais no ganho de escala necessário para cimentar atividades sustentáveis incluem o aumento da disponibilidade de crédito, de meios de transporte de baixo custo e de assistência técnica próximo aos locais de produção.  

 

  1. Recursos Humanos

Muito se fala de educação, portanto me limito a dizer que nada é mais importante do que termos recursos humanos de alta produtividade para assegurar que nossa economia progrida. 

Temos hoje 16 mil estudantes de graduação no interior do Amazonas na UEA, equivalente a quase 1% da população, mais do que temos acumulando ao longo dos anos, portanto teremos mais recursos humanos formados em pouco tempo.  Temos hoje 28 instituições de ensino superior em Manaus, além de algumas já estarem buscando o interior.  Instala-se cinco escolas técnicas federais no interior do Amazonas que buscarão formar recursos humanos voltados às vocações regionais como manejo florestal, piscicultura e biologia.  Educação básica tem evoluído, principalmente em locais distantes onde se implantaram 430 antenas de IPTV para transmitir aulas de qualidade aos mais longínquos cantos do Amazonas.  O CETAM, órgão de treinamento profissionalizante do estado, já treinou mais de 130 mil amazonenses, principalmente no interior, em congruência à áreas prioritárias definidas pelo Governo.

Apesar destes investimentos, as necessidades de mão-de-obra qualificada continuam sendo séria restrição ao avanço de nossa economia; temos poucos engenheiros para o Distrito Industrial e poucos biólogos para estudar a floresta.  E não basta tê-los formados, precisamos que sejam ótimos profissionais, pois no mundo atual genéricos já não servem.

 

 

Conclusão

Buscamos um novo futuro para a Amazônia.  Definido o que é desenvolvimento sustentável (aquele que atende às necessidades atuais e de futuras gerações, que equilibra restrições políticas, ambientais, econômicas e sociais, e que encontra atalhos tecnológicos para possibilitar acesso a todos), encontramos os seis segmentos econômicos que têm chance de atender a todos os requisitos (serviços, recursos naturais, indústrias, turismo, serviços ambientais e energia) e cinco políticas públicas que apóiam estes objetivos (formalização da economia, melhoria de recursos humanos, estabelecimento de infra-estrutura, ganhos de escala e ênfase em melhorias tecnológicas). 

O objetivo pode ser traduzido de várias formas.  A que creio dá mais claridade e compreensão é a seguinte: precisamos fazer com que atividades sustentáveis na Amazônia sejam mais atraentes ao homem amazônico do que atividades predatórias.  A infelicidade da primeira década do século XXI é que este ainda não é o caso; preparemo-nos para que a segunda década acolha o reequilíbrio desta equação.  O Amazonas tem este intuito e esta esperança.